Fé e Cura – experiência etnográfica junto ao projeto de extensão Lições da Terra na comunidade quilombola de Barro Preto
Resumo
O uso de plantas medicinais vem sendo resgatado não só pela medicina ocidental moderna, mas também por comunidades tradicionais, que encontram no processo de preparação, desde a prática de colheita ao preparo dos chás e garrafadas, uma forma de reafirmação de identidades e de práticas rituais e místicas. Percebemos com isso, que o uso das plantas se insere num universo ainda maior de significados, que estão além do saber-fazer tradicional, passado pela experiência e oralidade, significados espirituais, que envolvem complexas estruturas do inconsciente coletivo, traduzindo-se em rezas, simpatias e benzeções e, para além, revelam-se como práticas ligadas aos territórios tradicionais em sua totalidade. A compreensão destes modos de expressividade coletiva, que envolvem oralidade e corporalidade, nos faz repensar as práticas metodológicas e as técnicas de pesquisas tradicionalmente aplicadas na etnografia. Trazemos para este estudo uma reflexão sobre a experiência de campo junto ao Projeto de Extensão Lições da Terra, do curso de Ciências Sociais da PUC Minas, na Comunidade Quilombola de Barro Preto, em Santa Maria de Itabira, Minas Gerais, onde foi possível experimentar recursos da antropologia visual, numa construção exploratória do campo com som e imagem, de forma dialógica e compartilhada entre as pessoas pesquisadoras e as pessoas moradoras da Comunidade.
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