Intersetorialidade e interdisciplinaridade na abordagem do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade - TDAH
Resumo
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade - TDAH deve ser considerado como um tema importante na saúde pública, demandando um maior foco de políticas assistenciais e ações em saúde mental. É caracterizado por uma tríade sintomatológica de desatenção, hiperatividade e impulsividade com repercussões nas esferas social, familiar, escolar e laboral, mas facilmente reconhecida ao longo da infância e até o início da adolescência. As dificuldades do indivíduo devido a TDAH podem persistir e oscilar durante a vida adulta e até na terceira idade. As crianças, adolescentes e adultos com este transtorno apresentam maior probabilidade de dificuldade escolar, conflitos nos relacionamentos, problemas no trabalho, associação com outros transtornos mentais, uso de drogas lícitas ou ilícitas, envolvimento em outros comportamentos de risco e acidentes. O TDAH pode afetar o planejamento e a tomada de decisões em diferentes atividades profissionais, que envolvam atenção e organização, desde o cumprimento de tarefas no cotidiano até a condução segura de veículos automotores e máquinas em geral no trabalho. Segundo a literatura científica, o TDAH é uma síndrome heterogênea de origem multifatorial, integrando fatores genéticos, neurobiológicos e ambientais. Seu diagnóstico é essencialmente clínico, a partir da avaliação psicopatológica e observação da manifestação dos sintomas listados atualmente nos sistemas de classificação em saúde: o DSM-5 - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtorno Mental e CID-10 - Classificação Internacional de Doenças. Os estudos de prevalência do TDAH têm apresentado resultados muito variáveis em função do grupo etário estudado e das metodologias utilizadas, mas é considerado o transtorno do neurodesenvolvimento mais comum e já foram descritas variações por raça e condições socioeconômicas na prevalência. Considerando a complexidade que envolve o TDAH, na abordagem terapêutica é de fundamental importância o envolvimento da família, dos profissionais da educação e da equipe de saúde.