A capacidade de estar só: um contraponto winnicottiano ao ideal contemporâneo de autonomia absoluta
Resumo
Segundo Robert Castel, o projeto moderno de liberdade e autonomia exigiu a construção de suportes sociais que compensaram a vulnerabilidade do indivíduo, deixado inicialmente à mercê de si mesmo na aurora da modernidade. Esta análise sugere a tese paradoxal de que a liberdade individual não contradiz, pelo contrário, supõe a consistência dos laços sociais que permitam o livre exercício da autonomia. Winnicott, por sua vez, contribui para a compreensão desse paradoxo, do ponto de vista subjetivo, mostrando como, ao longo do processo maturacional, nas suas diferentes fases, a autonomia do indivíduo, representada pela capacidade de estar só, depende da presença de um ambiente suficientemente forte para suportar que ele se discrimine sem risco de ruptura e solidão. Este trabalho representa, portanto, uma tentativa de articulação das contribuições da sociologia e da psicanálise no entendimento da crise que atravessa a sociedade contemporânea, conseqüente da dissolução dos suportes sociais.
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