A viagem como experiência traumática na ficção Paisagem de Porcelana de Cláudia NIna

Palavras-chave: Literatura brasileira, Claudia Nina, Memória, Viagem, Trauma,

Resumo

O artigo analisa a representação da experiência de deslocamento no romance Paisagem de Porcelana da escritora carioca Claudia Nina. A leitura da obra focaliza os expedientes narrativos empregados pela autora no objetivo de figurar a viagem da protagonista-narradora a Holanda sob uma moldura traumática e dramática. Assim, o enredo se constrói sob uma perspectiva memorialista, conforme Cury( 2016), comumente utilizada em narrativas de viagem. A hipótese de leitura assume que a narradora, ao passo que rememora os acontecimentos traumáticos ocorridos em sua experiência de viagem a Amsterdã, produz um discurso de ficção reparando as arestas deixadas pela experiência traumática. Em consequência disso,, a possibilidade de superar a experiência traumática de viagem se viabiliza, no romance, por intermédio da criação de uma escrita ficcional sobre ela,o que se  revela como estratégia narrativa crucial para a construção do enredo.

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Biografia do Autor

Bruno Cardoso, Universidade de Brasília
Graduado em Língua Portuguesa e Literatura Vernáculas e Mestre em Língua Portuguesa pela Universidade Federal de Santa Catarina. Doutorando em Literatura e Práticas Sociais pela Universidade de Brasília.

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Publicado
23-10-2017
Como Citar
Cardoso, B. (2017). A viagem como experiência traumática na ficção Paisagem de Porcelana de Cláudia NIna. Scripta, 21(42), 134-155. https://doi.org/10.5752/P.2358-3428.2017v21n42p134
Seção
VOLUME 21 / NUMERO 42 - 2017 - Exílios e diásporas na literatura