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A Faith Diplomacy de Xi Jinping: as
implicações político-religiosas do acordo
provisório sobre a nomeação dos bispos
católicos na China
Xi Jinpings Faith Diplomacy: e Political-Religious Implications of the Interim Agree-
ment on the Appointment of Catholic Bishops in China
La diplomacia de fe de Xi Jinping: las implicaciones político-religiosas del acuerdo provi-
sional sobre el nombramiento de los obispos católicos en China
Anna Carletti
1
DOI: 10.5752/P.1809-6182.2019v13n3p24
Recebido em: 16 de junho de 2019
Aceito em: 30 de setembro de 2019
Resumo
O artigo visa identificar os motivos que levaram o atual governo de Pequim a assinar um
acordo provisório com a Santa Sé aceitando sua participação na nomeação dos bispos chi-
neses. A pesquisa pode ser enquadrada no âmbito das análises de Política Externa.
Palavras-chave: China. Santa Sé. Diplomacia da Fé.
Abstract
e article aims to identify the reasons that led the current Beijing government to sign an
interim agreement with the Holy See accepting their participation in the appointment of
the Chinese bishops. e research can be framed within the scope of Foreign Policy analysis.
Keywords: China. Holy See. Diplomacy of the Faith.
Resumen
El artículo tiene como objetivo identificar las razones que llevaron al actual gobierno de
Beijing a firmar un acuerdo provisional con la Santa Sede aceptando su participación
en el nombramiento de los obispos chinos. La investigación puede enmarcarse dentro del
alcance del análisis de la política exterior.
Palabras clave: China. Santa Sede. Diplomacia de la fe.
1 Doutora em História (2207) pela UFRGS e Pós-Doutora em Ciência Política (2011) pela mesma instituição. Professora Associada
do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) e Professora da Pós-Graduação de Relações
Internacionais da UEPB. Residente no Brasil em Santana do Livramento (RS). https://orcid.org/0000-0002-7998-4457
Artigo
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Introdução
Em setembro de 2018, a Republica Popular
da China (RPCh), sob o comando de Xi Jinping e
a Santa Sé liderada pelo Papa Francisco assinaram
um acordo provisório sobre a espinhosa questão
da nomeação dos bispos chineses. Tal acordo foi
considerado por estudiosos da China e Santa Sé
(SISCI, 2018; CHAMBON, 2018), como um
evento histórico dentro das relações entre o gigante
da Ásia e o menor estado do mundo, a Cidade do
Estado do Vaticano, base territorial da Santa Sé,
única instituição religiosa reconhecida como sujei-
to internacional que mantém relações diplomáti-
cas com cerca de 180 países. A desconfiança chine-
sa em relação à prerrogativa do Papa, chefe de um
estado estrangeiro, de nomear figuras públicas
atuantes no território chinês, como são os bispos
católicos, gerou desde o início das relações entre
os dois atores estatais, discussões sobre as modali-
dades dessas nomeações. A partir da proclamação
da República Popular da China, em 1949, sob a
liderança de Mao Zedong e da ruptura das relações
diplomáticas com a Santa Sé em 1951, quando da
fuga para Taiwan do então núncio apostólico da
Santa Sé, Antonio Riberi, tal questão se tornou
uma dificuldade aparentemente insuperável pela
convicção por parte do governo comunista de que
a nomeação dos bispos chineses por parte do Papa
constituísse uma ingerência política indevida e
uma violação da soberania do Estado chinês.
Com efeito, o governo de Pequim não
conseguia entender porque um chefe de um
Estado estrangeiro, a saber, o estado da Cidade
do Vaticano, reivindicava para si o direito de
nomear bispos chineses que operariam dentro
do território chinês. De acordo com a visão das
autoridades de Pequim da época, isso poderia
configurar-se como uma tentativa de interferir
na construção da Nova China.
A partir do pontificado de João XXIII,
que assumiu o comando da Santa Sé em 1958,
registraram-se tentativas de diálogo instauradas
mais por iniciativa da Santa Sé que do próprio
governo chinês visando retomar as relações
diplomáticas com a RPCh. Contudo, as de-
mandas chinesas para que as relações fossem
retomadas baseava-se sempre em dois pontos
considerados condições sine qua non para a
retomada do diálogo: a primeira que dizia res-
peito à cessão de ingerência por parte da Santa
Sé no que dizia respeito à nomeação dos bispos
chineses e a segunda que a Santa Sé rompesse
suas relações diplomáticas com Taiwan.
Em realidade, a repetição quase que retóri-
ca dessas duas demandas consideradas necessári-
as para que se iniciasse um diálogo com a Santa
Sé pareciam um pretexto por parte do governo
chinês para esconder a falta de interesse por parte
das autoridades de Pequim em retomar relações
diplomáticas com um estado cujo interesse na-
cional é predominantemente ligado ao fator reli-
gioso e que não poderia oferecer nada que fosse,
naquele momento, de interesse do governo chinês.
Contudo, quando da eleição do Papa Fran-
cisco contemporânea à chegada de poder de Xi
Jinping à presidência da República Popular da
China, pareceu que algo mudara. O novo pres-
idente começou a prestar mais atenção aos ape-
los lançados pelo Papa Francisco para que tivesse
início uma nova rodada de negociações entre os
dois interlocutores. As missivas da Santa Sé, pela
primeira vez, obtiveram resposta por parte das
autoridades de Pequim diretamente ou indireta-
mente. O acordo provisório assinado em setembro
de 2018 pode ser considerado o resultado visível
desta mudança por parte do governo chinês.
Frente a isso, o artigo visa identificar os mo-
tivos que levaram o governo de Pequim a assinar
um acordo provisório com a Santa Sé aceitando
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sua participação na nomeação dos bispos chine-
ses. A pesquisa pode ser enquadrada no âmbito
das análises de Política Externa, onde elementos
como cultura e religião, em particular a chamada
Faith Diplomacy emerge como um fator condi-
cionante na construção das relações de força no
cenário internacional (LEIGHT, 2011).
De acordo com Zhang (2011), os ob-
jetivos da Diplomacia da Fé chinesa incluem
promover uma compreensão internacional e
aceitação das políticas religiosas da China, de-
fendendo as atuações chinesas para com a re-
ligião, melhorando a imagem da China no ex-
terior, contribuindo desta forma à construção
de um mundo harmonioso.
O uso da Faith Diplomacy por parte de Xi
Jinping, desde o início de seu primeiro man-
dato político, leva à pergunta principal de nos-
sa pesquisa: o que mudou na política externa
chinesa para que Xi Jinping aceitasse assinar
um acordo provisório com a Santa Sé para no-
meação dos bispos chineses?
A hipótese a ser verificada é que a Repúbli-
ca Popular da China na sua atual busca de ex-
troversão internacional esteja fazendo uso não
apenas de tradicionais instrumentos de hard
power, mas que esteja apostando no uso de soft
power (ou poder suave, poder branco) em sua
política externa principalmente para mitigar as
inevitáveis perceções suscitadas em seus vizin-
hos frente à sua expansão geopolítica e militar.
Neste contexto, nos parece que o presidente Xi
Jinping tenha identificado a Santa Sé como um
sujeito internacional dotado de grande influên-
cia no âmbito mundial e que poderia legitimar
e apoiar sua busca por ocupar um lugar de
destaque no atual sistema internacional.
Para testar esta hipótese, na primeira parte do
artigo será analisado o conceito da Faith Diploma-
cy - considerada parte do emprego do soft power - e
seu uso por parte do governo chinês aplicando-o
especificamente ao estudo de caso das relações do
governo chinês com a Santa Sé. Na segunda parte
do artigo, serão evidenciados os principais avanços
que ocorreram nas relações entre a RPCh e a San-
ta Sé a partir de 2013, sublinhando as inéditas ini-
ciativas de aproximação tomadas pelo governo de
Pequim que pela primeira vez decidiu responder
aos apelos da Santa Sé. A terceira e última parte
do artigo será dedicada à análise das implicações
político-religiosas do acordo provisório assinado
em 22 de setembro de 2018 apresentando tam-
pem as conclusões da pesquisa.
O estudo envolverá a análise qualitativa de
fontes primárias e secundárias quais documen-
tos oficiais do governo chinês e e da Santa Sé,
assim como estudos de intelectuais chineses e
ocidentais sobre as relações entre os dois estados.
A Faith Diplomacy de Xi
Jinping
Desde sua chegada ao poder em 2013, o
governo de Xi Jinping diferenciou-se dos gov-
ernos que o precederam, sobretudo pelo forte
sentimento nacionalista que caracterizou seus
primeiros atos políticos, principalmente no que
se refere a sua política externa. Ao lançar o lema
de seu governo “O sonho chinês” que implicaria
no Ressurgimento da China, o líder da quinta
geração política chinesa mostrou claramente
sua intenção de afastar-se da política externa de
baixo perfil inaugurada pelo Deng Xiaoping na
década de 1980 e seguida pelos sucessivos li-
deres políticos até a chegada de Xi Jinping (BA-
TES, 2017). De acordo com Estebam (2017,
p. 3, tradução nossa)
2
, Assim como acontece
2 Al igual que sucede en otras áreas, también en política exte-
rior Xi Jinping ha mostrado mayor capacidad de liderazgo
que sus dos inmediatos predecesores (Jiang Zemin y Hu Jin-
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em outras áreas, também em política externa
Xi Jinping mostrou maior capacidade de lid-
erança que seus imediatos predecessores (Jiang
Zemin e Hu Jintao) proporcionando uma vira-
da diplomática de uma envergadura sem prece-
dentes desde os tempos de Deng”.
Para alcançar o objetivo de levar a China
a reocupar um lugar de destaque dentro do
sistema internacional, Xi Jinping está fazendo
uso tanto de instrumentos tradicionais de pod-
er conhecidos como hard power que de outros
meios de fortalecimento de sua imagem no
âmbito internacional que Joseph Nye batizou
de soft power (ou poder suave, poder branco).
De acordo com Becard (2019), o conceito de
soft power criado pelo Nye em 1990 foi intro-
duzido na China por Wang Huning que defin-
iu este conceito como a cultura que representa
o poder de um país. Com o passar do tempo,
porém, debates acadêmicos na China apon-
taram à necessidade de traduzir o conceito de
soft power de Nye para um conceito de soft pow-
er com características chinesas. Isso resultou em
uma alteração do conceito original que passou
a ser chamado de Chinese Soft Power (GLA-
SER, MURPHY, 2009). Mesmo concordando
com a definição de Nye que sublinhava o pod-
er de atração de um país por meio da cultura,
política externa e outros valores, os acadêmicos
chineses defendiam uma visão mais abrangente
do conceito chinês de soft power, envolvendo
fatores como o desenvolvimento econômico da
China e o Consenso de Pequim como caracte-
rística proeminente do soft power.
Acadêmicos chineses enfatizam que o sucesso
socioeconômico da China e sua experiência
com o desenvolvimento dão oportunidade
para o poder brando. Relações diplomáticas
tao) propiciando un giro diplomático de una envergadura sin
precedentes desde los tiempos de Deng.
sofisticadas e comportamento respeitável na
arena internacional também são endossadas
para melhorar o poder brando de um país.
(OSMAN, 2017, p. 6, tradução nossa).
Conforme Becard, a promoção do soft power
como meio de melhorar a imagem chinesa frente
à comunidade internacional foi incentivada pelo
governo de Pequim desde a década de 1990, so-
bretudo após os acontecimentos da Praça Tian
Anmen, tendo visível aumento em 2008, após o
sucesso das Olimpíadas de Pequim (2019).
No âmbito deste esforço de implementar o
que foi chamada de diplomacia cultural, encon-
tramos também o conceito bastante recente de
Faith Diplomacy (Diplomacia da Fé). Em 2001,
o então presidente Jiang Zemin pela primeira
vez reconheceu que a religião poderia agir como
força estabilizadora na sociedade e, assim, pode
ser considerada uma força positiva para o de-
senvolvimento nacional (LEUNG, 2005). De
acordo com Chu (2011, p. 53, tradução nos-
sa)
4
as religiões são consideradas um recurso
diplomático por parte do governo chinês”.
Conforme Zhang (2011), na China, a
Diplomacia da é um esforço conjunto de
diferentes agências governamentais coordena-
do pelo Escritório Estatal de Assuntos Religi-
osos, O Escritório de Informação do Conselho
Estatal, o Ministério da Cultura, O Departa-
mento do Trabalho da Frente Unida do Partido
Comunista assim como o Conselho Nacional
das Religiões.
No que diz respeito às relações com o a
Santa , desde que os canais de diálogos foram
3 Chinese academics stress that Chinas socioeconomic success
and its experience with development give opportunity for
soft power. Sophisticated diplomatic relations and respect-
able behavior in the international arena are also endorsed to
improve a nations soft power.
4 religions are considered by the Chinese government a dip-
lomatic resource”.
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reabertos, a saber, durante o pontificado de
João Paulo II, nunca foram registrados avanços
significativos como ocorreu a partir de 2013,
ano em que Xi Jinping assumiu a presidência
da RPCh e o Papa Francisco foi eleito novo
pontífice da Igreja Católica.
Os principais avanços nas
relações China-Santa Sé
(2013-2018)
A partir do primeiro mandato dos dois
líderes, o da China, e o da Santa Sé, é possí-
vel identificar passos importantes dados pelo
governo de Pequim em direção a uma possível
normalização das relações com a Santa Sé, fa-
zendo justamente uso deste instrumento de soft
power que é a Faith Diplomacy.
O primeiro passo ocorreu no segundo ano
do pontificado de Francisco quando Pequim
permitiu que o Papa Francisco entrasse no es-
paço aéreo chinês durante seu vôo para a Coreia
do Sul. A permissão se repetiu outras duas vezes
durante as viagens realizadas pelo Papa na Ásia.
Mas a virada e a aceleração na aproximação
entre as duas partes foi identificada pelo profes-
sor da Renmin University de Pequim, Franc-
esco Sisci durante a visita que os dois lideres,
o presidente Xi Jinping e o Papa Francisco fiz-
eram no mesmo período aos Estados Unidos.
De acordo com Sisci, na sua visita aos EUA,
Xi Jinping esperava receber a máxima atenção
dos meios de comunicação norte americanos
assim como ocorrera nas visitas dos seus prede-
cessores. Contudo, ele não havia calculado que
a visita do Papa poderia ofuscar sua presença
no país. Na visão de Sisci (2018, p. 2) “esse fato
fez com que se entendesse de forma concreta o
que alguns, na China, já diziam há algum tem-
po, mas que não era entendido pela liderança,
isto é, o super poder suave do Papado”. Xi Jin-
ping percebeu, de acordo com a análise do Sisci
(2018), que a questão China-Santa Sé até então
considerado como um assunto domestico, era,
ao contrário, uma questão relacionada à política
externa. É interessante o raciocínio que o Sisci
apresenta sobre a mudança da percepção chine-
sa a propósito das relações China-Santa Sé,
Se a Santa Sé é a super potência, o pensamento
se torna: somos nós, chineses que devemos nos
inserir nesse mundo onde o Vaticano conse-
gue ser tão importante. Devemos ter um senso
de urgência. Em segundo lugar, chega tam-
bém um cálculo de risco. Se o Vaticano é tão
poderoso, não se trata mais de gerir esses pou-
cos milhões de católicos chineses. Talvez eles
possam nos ajudar, mas talvez até prejudicar
nossa posição no mundo. (SISCI, 2018, p. 3).
A entrevista concedida pelo Papa Francis-
co ao professor Sisci logo depois da visita aos Es-
tados Unidos pareceu confirmar tal percepção.
Na entrevista, o Papa demonstrou grande ad-
miração para com a China definindo-a como
um país de grande cultura que não deveria ser
temida mas da qual poderíamos aprender, uma
nação que poderia dar grande contribuição ao
resto da humanidade (SISCI, 2016).
A entrevista teve repercussões bastante
positivas na China sendo replicada e comen-
tada por diversos jornais chineses, incluindo os
mais próximos ao governo de Pequim como o
Jornal Global Times que comentou em grande
medida a entrevista (GLOBAL TIMES, 2016).
É importante sublinhar como os jornais próx-
imos ao governo de Pequim e jornais italianos
próximos ao Vaticano contribuíram à aproxi-
mação das duas partes veiculando as intenções
das respectivas partes em relação à questão. Do
lado chinês, jornais próximos ao governo de
Pequim, como o já mencionado Global Times
usado pelo governo de Pequim para fazer con-
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hecer suas orientações no exterior, publicou,
naquele ano 04 artigos
5
sobre a questão, fato
inédito que evidenciou o incremento de inter-
esse da China em relação à questão das relações
com a Santa Sé.
Em agosto de 2016, pela primeira vez na
história das relações entre China e Santa Sé, o
presidente da RPCh respondeu à mensagem
de um Papa e enviou de presente uma cópia
da Estela Cristã da cidade de Xi’an do século
VII. Lembramos que no passado, vários Papas
dirigiram missivas aos presidentes chineses, ma
nenhum obteve resposta (SISCI, 2018).
Outro passo importante foi o discurso
proferido, sempre em 2016, pelo Secretário de
Estado da Santa Sé, Pietro Parolin, sobre a im-
portância do papel desenvolvido na China pelo
Cardeal Celso Costantini na década de 1920.
O discurso pronunciado por um figura politi-
camente importante (ele seria como o Ministro
das Relações Exteriores de um Estado) ressoou
positivamente em Pequim principalmente pelo
fato do Secretário de Estado evidenciar a renun-
cia do Costantini a ser nomeado cardeal na Chi-
na para que fosse nomeado um cardeal chinês,
e além disso por ser quem procurou que a Santa
Sé conseguisse estreitar relações diplomáticas di-
retas com a China sem ter que passar pela inter-
mediação da França. A mensagem que chegou
aos ouvidos de Pequim era que a Santa Sé apo-
iava o processo de sinicização da Igreja Católica
na China e que não estava ligada a nenhuma
potência hegemômica (SISCI, 2018).
Em 29 de outubro de 2016, realizou-se um
congresso organizado pela Universidade do Povo
de Pequim (Renmin University), fundada por
Mao Zedong e voltada principalmente ao estu-
5 Cautious optimis over Sino-Vatican ties (28/12/2016);
Between God and Caeser (25/10/2016); LitFest 2016
(10/03/2016); From Rome to Beijing (25/2/16).
do de história e política. O discurso de Parolin
foi objeto de debate e aprofundamento por parte
dos acadêmicos, e considerado fundamental para
que as autoridades de Pequim aceitassem dis-
cutir um possível acordo em relação à nomeação
dos bispos chineses. Na visão do Sisci, a questão
Santa Sé-China se tornou, aos olhos chineses,
fator condicionante nas mudanças que estavam
ocorrendo no cenário internacional, principal-
mente as que resultaram da eleição de Donald
Trump à presidência dos Estados Unidos. Eles
perceberam como a Santa Sé, a diferença dos
tempos de João Paulo II, não se alinhara com o
poder norte-americano. O Papa Francisco esta-
va seguindo seus objetivos estratégicos indepen-
dentemente da política dos Estados Unidos e,
mesmo assim, sua influencia internacional con-
tinuava crescendo. (SISCI, 2018, p. 8).
No mês de junho de 2017, uma visita do
diretor do Fundo de Investimentos Culturais
da China ao Papa, levou à decisão de realizar
uma mostra conjunta dos Museus Vaticanos
em Pequim e do Museu da Cidade Proibida em
Roma, junto aos Museus Vaticanos. Esta inici-
ativa da mostra cultural conjunta foi noticiada
por parte da China batizando-a de Diploma-
cia da Arte e foi logo comparada à diplomacia
do Ping-pong que levou à normalização das
relações entre China e Estados Unidos na déca-
da de 1970 (DENG XIAOCI, 2017).
Em seguida, teve a visita do Papa ao Mian-
mar. Esta visita foi acompanhada com particu-
lar interesse pelo governo de Pequim porque
Mianmar é um país estrategicamente impor-
tante para o projeto chinês das Novas Rotas da
Seda. As autoridades chinesas pareceram satis-
feitas pelo apoio aberto que o Papa deu à et-
nia minoritária muçulmana dos Rohingya de-
safiando os interesses econômicos do governo
do Mianmar. A China, contrariamente à sua
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política de não interferência nos assuntos inter-
nos de outros países, no caso do Mianmar es-
colheu uma política de intervenção visando re-
duzir ao mínimo os fatores de desestabilização
que colocariam em risco seus investimentos na
região (RAMACHANDRAN, 2017). O Glob-
al Times, pela primeira vez publicou uma arti-
go inteiramente dedicado à visita e um grupo
de sacerdotes chineses participaram da missa
na catedral de Yangoon exibindo a bandeira
nacional da Republica Popular da China e um
cartaz com a escrita “Venha logo Santo Padre”.
Obviamente eles não poderiam fazer este con-
vite se não tivessem tido a permissão oficial
do governo comunista. (POPE URGES RE-
SPECT... 2017)
Tais avanços, consequência da decisão do
governo de Pequim de mudar o rumo de suas
relações com a Santa Sé, teve como resultado
concreto a assinatura de um acordo provisório
sobre a nomeação dos bispos chinês. Vamos ver
na próxima seção do artigo quais as implicações
religiões e políticas deste acordo.
O acordo provisório sobre
a nomeação dos bispos:
implicações políticas e
religiosas nas relações entre
Santa Sé e República Popular
da China.
Ao longo desses anos, numerosas visitas de
representantes da Santa Sé na China e vice-ver-
sa ocorreram para discutir um possível acor-
do sobre a nomeação dos bispos chineses. Tal
questão era considerada inaceitável por parte
do governo de Pequim que a interpretou como
uma ingerência política por parte de um chefe
estrangeiro, o Papa, mesmo que ele se consid-
erasse e fosse considerados pelos demais países
da comunidade internacional mais um chefe
religioso que político. A polêmica questão da
nomeação dos bispos chineses se agravou logo
depois da proclamação da República Popular da
China em 1949. A China nacionalista e a San-
ta Sé haviam estabelecido relações diplomáticas
em 1942, recebendo em suas respectivas sedes
as credenciais de seus embaixadores (CAR-
LETTI, 2008).
Tais relações, porém, foram interrompidas
pelo governo comunista em 1951. Os motivos
que levaram o governo comunista a romper as
relações com a Santa Sé devem ser compreendi-
dos no âmbito da antiga desconfiança chinesa
em relação a esta religião estrangeira que por
longo tempo se associara aos interesses colo-
nizadores do Ocidente.
Na época sucessiva ao fim do Segundo
Conflito Mundial, o alinhamento da Santa Sé
ao lado das potências ocidentais, contra o bloco
comunista, foi um elemento ulterior que con-
venceu Mao Zedong a incluir a Igreja Católica
na lista dos inimigos da nova China. Em 1957,
o governo de Pequim fundou a Associação
Patriótica Católica Chinesa (APCC), para ex-
ercer a função de ligação entre o Partido Co-
munista da China e a Igreja Católica na China.
Em 1958, o governo chinês, provavelmente
como demonstração de força, por meio da
APCC, decidiu consagrar dois bispos católicos
independentemente da Santa Sé. Os dois can-
didatos enviaram às pressas à Santa Sé o pedido
de reconhecimento da sua consagração. A Santa
Sé, porém, rejeitou as consagrações episcopais
julgando-as ilícitas. O governo chinês recebeu
tal rejeição como uma espécie de declaração de
guerra por parte da Santa Sé e devolveu com a
mesma moeda (CARLETTI, 2008).
A partir daquele momento abriu-se uma
fenda, não somente entre a Santa Sé e a Chi-
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na, mas no âmbito da própria Igreja Católica
na China, que se encontrou dividida. Nascem
então, de um lado a Igreja Patriótica ou Oficial
constituída por católicos, membros do clero e
bispos que aceitaram se registrar junto ao órgão
da Associação Patriótica da Igreja Católica e,
de outro, a Igreja Clandestina, constituída por
católicos, membros do clero e bispos que con-
sideravam tal registro como uma traição à co-
munhão com o Papado de Roma. O governo
chinês sempre considerou os membros da Ig-
reja Clandestina como adversários políticos da
RP da China, passíveis de perseguição e prisão,
não tanto pelo fato de ser religiosos quanto
por se negarem a ser controlados pelo gover-
no de Pequim. Esta divisão dificultou muito as
negociações entre a China e Santa Sé até que
Bento XVI, em 2007, com uma carta dirigida
aos católicos chineses convidou todos os mem-
bros da Igreja Chinesa a superar esta divisão e
se tornar uma Igreja unida sem distinções entre
Igreja Oficial e Igreja Clandestina (BENTO
XVI, 2007). Francisco seguiu o mesmo camin-
ho incentivando as negociações e encorajando
sempre a Igreja chinesa a se unir.
A partir destas premissas histórico-po-
líticas, entende-se o porquê o comunicado
oficial da Santa Sé, em 22 de setembro de
20918, anunciando a assinatura de um acordo
provisório sobre a nomeação dos bispos desper-
tou tanto interesse na comunidade internacio-
nal que o definiu como um fato histórico. O
acordo foi assinado pelo Monsenhor Antoine
Camilleri, Subsecretário para as Relações da
Santa Sé com os Estados e pelo Senhor Wang
Chao, Vice- ministro dos Assuntos Exteriores
da República Popular da China, respetiva-
mente chefes das Delegações vaticana e chinesa
(SANTA SEDE, 2018). O comunicado evi-
denciou que a questão da nomeação dos bispos
dizia respeito a uma questão de grande relevo
para a vida da Igreja e que o acordo criaria as
condições para uma mais ampla colaboração
em nível bilateral (SANTA SEDE, 2018).
Apesar de o acordo tratar apenas de
matéria religiosa, mesmo fundamental para a
Igreja Católica, podemos entrever, portanto,
desdobramentos mais amplos que dizem res-
peito também às relações institucionais entre
Santa Sé e China, como a futura retomada das
relações diplomáticas entra os dois estados.
O jornal chinês Global Times publicou
dois dias depois uma matéria sobre o acordo
apontando que seus resultados iam muito além
da questão da nomeação dos bispos chineses.
Com efeito, o acordo demonstrou que as duas
partes conseguiram superar preconceitos que
impediam uma aproximação efetiva.
ao assinar o acordo provisório, os dois lados
superaram uma importante barreira cogni-
tiva. O Vaticano eliminou seu mal-entendi-
do anterior sobre o sistema social e político
chinês e a comunidade católica chinesa. [...]
Vaticano demonstrou muita sinceridade.
Por outro lado, a China também modificou
sua atitude em relação ao Vaticano. A Chi-
na manterá seu princípio religioso de inde-
pendência e auto-gestão, mas ao mesmo
tempo respeitará a prática internacional. É
por isso que as negociações continuaram.
(CHENYAN, 2018)
O acordo sanciona a participação conjunta
das duas partes na escolha dos bispos chineses.
O lado chinês seleciona um candidato e o apre-
senta ao Papa que tem o poder de veto. O texto
do acordo não foi publicado até o momento
porque, por ser provisório, poderá ser reavalia-
do e revisado a qualquer momento. Como par-
te do acordo, o Papa Francisco reconheceu a le-
gitimidade de sete bispos chineses que haviam
sido nomeados apenas pelo governo chinês.
Com este ato, acabaria, de acordo com o Car-
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deal Parolin, “a divisão até então existente en-
tre bispos legítimos e ilegítimos” (PULLELLA,
2018). De agora em diante, todos os bispos da
China estariam em comunhão com o Papa.
Conclusões
No dia 26 de setembro, Papa Francisco
enviou uma mensagem aos católicos chineses
e ao resto da Igreja Católica explicando o teor
do acordo assinado poucos dias antes (FRAN-
CISCO, 2018).
É importante evidenciar 03 pontos fun-
damentais dessa mensagem que podem nos
ajudar a compreender as implicações mais
amplas deste acordo. O primeiro reitera a un-
idade da comunidade católica na China, ou
seja reconhece a legitimidade da Igreja Oficial
e de certa forma deslegitima o papel da Igreja
Clandestina. Isso significaria que gradualmente
a perseguição religiosa dos católicos por parte
do governo de Pequim deveria se reduzir não
tendo mais razão para continuar pois os mem-
bros da comunidade católica chinesa, seguindo
as diretrizes do Papa Francisco poderiam se re-
gistrar junto ao governo sem ter medo de trair,
com este ato, sua lealdade ao Papa.
Segundo, ele convida os católicos chine-
ses a abraçar os projetos nacionalistas da China
e trabalhar para o ressurgimento do país. Este
convite é importante pois nos parece ir ao en-
contro do processo de sinacização das religiões
na China anunciado por Xi Jinping durante o
XIX Congresso do Partido Comunista e oficial-
izado quando da publicação do Regulamento
sobre Assuntos Religiosos publicado pelo go-
verno em 2018.
Terceiro, e não menos importante, Fran-
cisco deixa aos católicos chineses a liberdade de
poder contribuir de forma crítica mas respeitosa
à construção de uma sociedade chinesa que res-
peite a dignidade de cada ser humano. Isso talvez
seja a parte que o governo de Pequim menos
aprecie, mas que descreve um papel que no dis-
curso da Igreja Católica é irrenunciável, o de tra-
balhar para a plena realização do ser humano.
Portanto, o acordo garantiu aparente-
mente benefícios para ambas as partes. Como
o Papa Francisco afirmou é um instrumento
que não poderá resolver todos os problemas ex-
istentes, mas certamente colocou as bases para
uma aproximação mais profícua entre o menor
estado do mundo e o gigante da Ásia.
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