12 • Conjuntura Internacional • Belo Horizonte, ISSN 1809-6182, v.17 n.2, p.11 - 19, ago. 2020
Introdução
Em 2001, o economista Jim O’Neill afir-
mou em um relatório para um dos maiores
bancos de investimentos, Goldman Sachs, que
países como Brasil, Rússia, Índia e China apre-
sentavam um elevado crescimento econômico e
que poderiam superar os países ricos até 2050.
Assim sendo, em 2009 esse grupo de países
se consolidou em uma aliança política, e dois
anos depois, em 2011, contou com a entrada
da África do Sul, sendo representada pela letra
S do inglês South Africa formando o BRICS
(FERNANDES; CARDOSO, 2015).
Todos os anos, os cinco países se reúnem,
através de cúpulas, para debaterem e definirem
acordos e medidas consideradas relevantes, a
partir disso, ao longo dos anos, o grupo vem
ganhando força e se destacando no cenário in-
ternacional.
Contudo, apesar da relação dos BRICS se
iniciar em 2009, o vínculo entre Brasil e China
começou ao final do século XIX, com intuito
de promover a imigração chinesa ao Brasil, e
foi a partir das relações diplomáticas, em 1974,
que as trocas bilaterais evoluíram de forma ace-
lerada, chegando a um crescimento de 65% de
um ano para outro.
Segundo o e Observatory of Economic
Complexity (OEC), em 2014, o Brasil se des-
taca por ocupar a 21
a
posição no ranking dos
maiores exportadores mundiais, sendo conside-
rado um dos maiores produtores agrícolas. Os
principais produtos exportados foram a soja,
o minério de ferro, o petróleo bruto, o açúcar
bruto e as carnes de aves, já a cesta dos produtos
importados consiste nos petrolíferos refinados,
petróleo bruto, peças de veículos e carros. Os
principais destinos de exportação do Brasil são
a China, os Estados Unidos, a Argentina, a Ho-
landa e a Alemanha. Já as origens de importação
são a China, os Estados Unidos, a Alemanha, a
Argentina e a Coreia do Sul (OEC, 2014).
Já a China, a fim de recuperar a economia,
vem recebendo maior destaque nos indicadores
de desenvolvimento e volume de exportação,
principalmente nos bens de consumo e tecno-
logia. É considerada como a maior economia
de exportação do mundo. Dentre os produtos
exportados estão as unidades de disco digital,
os equipamentos de transmissão, os circuitos
integrados e as peças de máquinas de escritó-
rio, com destaque para os países de destino, os
Estados Unidos (EUA), Japão, Alemanha e a
Coreia do Sul. Já em relação aos produtos im-
portados, temos o petróleo bruto, os circuitos
integrados, ouro, minério de ferro e carros,
com origens principais da Coreia do Sul, EUA,
Japão e Alemanha (FERNANDES; CARDO-
SO, 2015).
Ao especificar as relações comerciais bila-
terais entre Brasil e os produtos comercializa-
dos para a China, têm-se a soja em grãos, mi-
nério de ferro e a celulose.
No caso específico da celulose, ao longo
dos anos, o Brasil potencializou uma indústria
de papel e celulose diversificada com uma gran-
de capacidade de crescimento futuro, tanto para
abastecimento do mercado interno quanto do
mercado externo. “O país ocupa o quarto lugar
no ranking dos países produtores de celulose de
todos os tipos e como primeiro produtor mun-
dial de celulose de eucalipto” (IBÁ, 2018 s/p).
E, a China também vem se destacando mun-
dialmente neste setor por conseguir, basicamen-
te, transformar a celulose importada, principal-
mente proveniente do Brasil, em papel para
exportação, além de oferecer um preço menor
e mais atraente para outros países, alcançando a
posição de maior produtor global de papel.