
41 • Conjuntura Internacional • Belo Horizonte, ISSN 1809-6182, v.18 n.1, p.39 - 44, mai. 2021
mica. Enquanto a organização se ocupou com
as discussões que tratavam das medidas emer-
genciais para o combate ao novo coronavírus e
das medidas necessárias para o aquecimento da
economia no mundo pós-pandêmico, o W20 se
esforçou para evidenciar o aprofundamento das
desigualdades de gênero em meio à pandemia,
para estabelecer objetivos que pudessem ameni-
zar essas disparidades, e para recomendar medi-
das-chave em torno das estratégias de recupera-
ção econômica e de crescimento a longo prazo.
Como fruto da cúpula emergencial, em
março de 2020, o W20, em conjunto com o
B20 e o L20, ecoaram o compromisso estabele-
cido pelos líderes do G20 de:
fazer o que for preciso e usar todas as ferramen-
tas políticas disponíveis para minimizar os da-
nos econômicos e sociais da pandemia, restau-
rar o crescimento global, manter a estabilidade
do mercado e fortalecer a resiliência [e] pedir à
Organização Internacional do Trabalho (OIT)
e à Organização para Cooperação e Desenvol-
vimento Econômico (OCDE) para monitorar
o impacto da pandemia sobre o emprego (B20;
L20; W20, 2020, p. 1, tradução nossa4).
Reconhecendo que a pandemia impactaria
toda a economia mundial, os grupos enfatizaram
a dimensão das relações de trabalho, que seria
afetada de três formas fundamentais: no número
de vagas de trabalho disponíveis; na qualidade
do trabalho; e no efeito sofrido por grupos espe-
cícos, que estariam mais vulneráveis ao cenário
adverso de desemprego e insegurança – em espe-
cial as mulheres5 (B20; L20; W20, 2020).
4 To do whatever it takes and to use all available policy tools
to minimize the economic and social damage from the pan-
demic, restore global growth, maintain market stability, and
strengthen resilience”, and to “ask the International Labor
Organization (ILO) and the Organization for Economic
Cooperation and Development (OECD) to monitor the
pandemic’s impact on employment.
5 Segundo dados da Secretaria de Estatísticas Trabalhistas
dos Estados Unidos (2020), por exemplo, em dezembro de
2020 o país perdeu mais de 140.000 empregos, sendo que
todos eles eram ocupados por mulheres. Ainda, as mulheres
Além disso, essa vulnerabilidade ca evi-
dente na composição da “linha de frente contra a
COVID”, uma vez que as mulheres representam
70% dos trabalhadores do setor de saúde e de
assistência social a nível global. Dessa forma, os
grupos de trabalho ressaltaram a necessidade de
incorporar medidas para a proteção econômica
das mulheres, garantido o acesso a auxílios e be-
nefícios; assim como para a segurança das mulhe-
res na linha de frente, como estratégia, inclusive,
de garantir acesso a serviços de saúde de quali-
dade para a população (B20; L20; W20, 2020).
Já na declaração ocial do W20 durante
a cúpula de Riade, o grupo armou que as es-
tratégias do G20 de recuperação econômica de-
veriam pavimentar o caminho para uma cons-
trução igualitária, na qual as mulheres seriam
reconhecidas como atoras centrais, e que fazem
parte da solução da crise enfrentada mundial-
mente. À vista disso, o W20 recomendou oito
medidas-chave para apoiar as estratégias de recu-
peração econômica: 1) assegurar a igualdade de
representação nas instâncias de tomada de deci-
são pública e privada; 2) adotar orçamentos com
perspectiva de gênero embasados em avaliações
de impacto; 3) aumentar signicativamente o
investimento em infraestrutura social para gerar
empregos e resiliência; 4) implementar mecanis-
mos de proteção social e de renda para o empre-
go informal; 5) desenvolver e nanciar planos
de ação para estimular a participação das mu-
lheres no empreendedorismo e nos ecossistemas
de inovação; 6) aumentar o acesso de mulheres
e meninas à tecnologia digital; 7) aumentar o
acesso das mulheres a serviços nanceiros; 8)
nanciar a pesquisa de dados desagregados por
sexo no curso da pandemia (W20, 2020).
perderam 5,4 milhões de empregos ao longo de 2020 no
país; enquanto os homens perderam aproximadamente 4,4
milhões de empregos.