5 • Conjuntura Internacional • Belo Horizonte, ISSN 1809-6182, v.19 n.2, p.5 - 15, jul. 2022
Obama, Trump e Biden no Oriente
Médio: continuidades e interrupções
Obama, Trump and Biden in the Middle East: continuities and interruptions
Obama, Trump y Biden en Medio Oriente: continuidades e interrupciones
José Antonio Lima1
DOI: 10.5752/P.1809-6182.2022v19n1p5-15
Resumo
Por meio de uma revisão histórica e da análise das políticas externas dos governos Obama,
Trump e Biden para o Oriente Médio, este artigo discute a interação entre a proteção aos
interesses nacionais norte-americanos e as repercussões dessas ações na região.
Palavras-chave: Estados Unidos; Oriente Médio; Análise de Política Externa; Joe Biden;
Guerra ao Terror
Abstract
rough a historical review and a comparative analysis of the foreign policies of the
Obama, Trump and Biden administrations towards the Middle East, this article discusses
the interaction between the protection of US national interests and the repercussions of
these actions in the region.
Key-words: U.S; Middle East; Foreign Policy Analysis; Joe Biden; War on Terror
Resumen
A través de una revisión histórica y un análisis comparativa de las políticas exteriores de
las administraciones de Obama, Trump y Biden hacia el Medio Oriente, este artículo
aborda la interacción entre la protección de los intereses nacionales estadounidenses y las
repercusiones de estas acciones en la región.
Palabras-clave: Estados Unidos; Oriente Medio; Análisis de Política Exterior; Joe Biden;
Guerra contra el terror
1 Mestre e doutor pelo Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (IRI-USP), com pesquisas focadas no
Oriente Médio. É autor da newsletter Tarkiz (https://tarkiz.substack.com/), sobre a política regional do Oriente Médio. Contato:
zeantoniolima@gmail.com
Artigo
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INTRODUÇÃO
Na primeira semana de março de 2022,
enquanto mobilizava aliados para isolar a Rús-
sia, que apenas dias antes invadira a Ucrânia,
o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden,
sofreu um revés emblemático. Os líderes de fac-
to dos regimes da Arábia Saudita e dos Emira-
dos Árabes Unidos, Mohammed bin Salman e
Mohammed bin Zayed, se recusaram a conver-
sar por telefone com Biden. As ligações tinham
o intuito de arregimentar as duas monarquias
para a campanha contra Moscou, e conven-
cê-las a ampliar sua produção petrolífera, de
modo a estabilizar os preços e atenuar os im-
pactos das sanções contra a Rússia. O rechaço
foi signicativo por demarcar de maneira cris-
talina a degradação das relações entre a Casa
Branca e alguns de seus principais aliados no
Oriente Médio. O momento delicado em que
ocorreu acentua a seriedade do episódio: ape-
sar de abrigarem tropas norte-americanas e de
contarem com Washington para sua defesa, os
dois líderes escolheram enviar um recado cla-
ro a respeito da condição em que a parceria se
encontra justamente quando Biden mais preci-
sava de apoio.
O objetivo deste artigo é examinar a po-
lítica externa dos EUA no Oriente Médio em
um momento delicado da história norte-ame-
ricana, em que o país continua sendo central
no sistema internacional, mas enfrenta desaos
tanto da China quanto da Rússia. Entender as
possibilidades de atuação estadunidense na re-
gião nos ajuda a reetir sobre tal cenário. Para
isso, faremos uma revisão histórica das relações
EUA-Oriente Médio e, a seguir, uma análise
comparativa entre a atuação de Biden nos pri-
meiros dois anos de seu mandato e as de seus
antecessores.
Biden é o terceiro presidente que ocupa a
Casa Branca desde a invasão do Iraque ordena-
da por George W. Bush (2001-2009) em 2003.
Aquela guerra, deagrada apenas 17 meses de-
pois da invasão do Afeganistão, representou a
penetração do Oriente Médio pelos EUA em
um nível sem paralelo (Smith, 2016) e é objeto
de vasta literatura (Ricks, 2006; Allawi, 2008;
Rosen, 2010). Gradualmente, suas consequên-
cias zeram crescer na opinião pública norte-a-
mericana visões negativas sobre o andamento
do conito e, principalmente, sobre a decisão
de invadir (Pew Research Center, 2008). Como
consequência, o então senador Barack Obama
(2009-2017), que desde o início fora contrá-
rio à invasão, ganhou proeminência. Durante a
campanha, encerrar responsavelmente a guer-
ra no Iraque” (Obama, 2008) foi um de seus
mantras que ressoou positivamente com o elei-
torado, inuenciando sua vitória tanto nas pri-
márias do Partido Democrata quanto no pleito
geral (Jacobson, 2010).
Donald Trump (2017-2021) fez da opo-
sição ao acordo nuclear com o Irã – o grande
marco da política de Obama para a região – um
dos pilares de sua campanha, mas compartilha-
va com o antecessor sua visão sobre a estraté-
gia estadunidense. Trump era um crítico dos
compromissos assumidos por Washington no
Oriente Médio, em especial no Iraque. Enga-
jado na campanha America First, não poupou
esforços no sentido de demonstrar que via as
alianças internacionais como incômodos que
obstruíam a pujança da economia nacional, de
modo que os aliados no Oriente Médio, assim
como no resto do mundo, deveriam compar-
tilhar o fardo de sua própria defesa (Becker,
2016). Ao mesmo tempo, Trump assegurava
ter capacidade de garantir os interesses nacio-
nais de seu país, prometendo destruir o Estado
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Islâmico e promover a paz entre israelenses e
palestinos (Sokolsky, Miller, 2016).
No geral, Obama e Trump zeram cam-
panhas que concordavam a respeito dos inte-
resses nacionais dos EUA no Oriente Médio: a
manutenção dos uxos de petróleo para o mer-
cado mundial a preços razoáveis, a proteção a
Israel e o combate ao terrorismo. Mais impor-
tante, para os dois presidentes esses interesses
poderiam ser garantidos sem que a Casa Branca
se imiscuísse em políticas de mudança de regi-
me ou “promoção de democracia”. As propos-
tas consistiam em recalibrar a política externa,
mantendo a proteção aos interesses nacionais,
mas por meio de ações de menor repercussão
doméstica. Como veremos, esta recalibragem
não se deu sem impactos locais.
MARCO METODOLÓGICO
Diante do objetivo de estudar as nuances
da política externa estadunidense para o Orien-
te Médio, este artigo estará calcado, conceitual-
mente, na Análise de Política Externa (APE).
Subárea das Relações Internacionais que enfa-
tiza o peso das dinâmicas domésticas (Hudson,
2005; Alden; Aran, 2012), a APE coloca o foco
de análise sobre as unidades decisórias de um
governo ou regime, deixando de lado o para-
digma clássico das RIs que tem no Estado sua
unidade de análise (Salomón; Pinheiro, 2013;
Morin; Paquin, 2018). Essa mudança de pa-
radigma não implica em desprezo ao sistema
internacional. Ao contrário, ela permite que
as pesquisas baseadas nesta perspectiva exami-
nem as interações entre as unidades de decisão
e atores domésticos e estrangeiros, observando
fatores que seriam menos compreensíveis, ou
simplesmente ignorados, a partir do prisma es-
tadocêntrico das RIs.
Mais especicamente, este artigo se enga-
jará com a Política Externa Comparada (Com-
parative Foreign Policy). Quando surgiu, este
campo de estudo tinha o objetivo de desen-
volver uma “grande teoria unicada de todo o
comportamento de política externa para todos
os países para todos os tempos” (Hudson, 2005,
p. 9). O esforço conseguiu juntar grandes ba-
ses de dados que elencavam eventos de política
externa, mas uma teoria jamais foi desenvolvi-
da. Ainda assim, o campo se tornou relevante
para a análise da política externa como política
pública, ajudando a entender, por exemplo, o
impacto de diferentes formas de democracia
no desenvolvimento de determinados padrões
de política externa no pós-Guerra Fria (Lantis;
Beasley, 2017). Em termos metodológicos, fa-
remos aqui um estudo de caso, comparando as
políticas externas dos Estados Unidos em dife-
rentes períodos, com o objetivo de determinar
similaridades e diferenças e encontrar padrões
(Kaarbo; Lantis; Beasley, 2013) que ajudem a
explicar a política estadunidense para o Orien-
te Médio.
A busca pelo controle direto do
Golfo
Os interesses securitários básicos dos EUA
no Oriente Médio se consolidaram durante
o a Guerra Fria. Naquele período, Washing-
ton estabeleceu como seus objetivos conter a
expansão da União Soviética, garantir acesso
aos recursos petrolíferos da região e proteger a
existência de Israel (Cleveland; Bunton, 2009;
Hudson, 2016). Tais interesses eram garanti-
dos por meio de uma estratégia bipartite. No
Levante, Israel se consolidou como o aliado
mais importante (Khalidi, 2018). Para o Golfo
Pérsico, foi desenvolvida a política dos “pilares
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gêmeos”, ncada nas monarquias da Arábia
Saudita e do Irã (Sick, 2018).
A Revolução Iraniana de 1979 gerou um
impacto decisivo em tal estratégia. Naque-
le episódio, forças antiamericanas chegaram
ao poder (Abrahamian, 2008), subvertendo a
noção dos pilares gêmeos. O mais importan-
te dos pontos de apoio deixou de sustentar a
política estadunidense para se tornar seu maior
antagonista. Firme opositor da monarquia de
Mohammad Reza Pahlavi por vários anos, o
aiatolá Ruhollah Khomeini não poupava crí-
ticas à atuação internacional do xá, retratado
como um lacaio do Ocidente (Abrahamian,
2008, p. 156), e tornou prioridade a erradica-
ção da inuência ocidental no Irã (Arjomand,
1988, p. 138). Durante a Guerra Irã-Iraque
(1980-1988), os EUA passaram a ver o regime
de Saddam Hussein “como seu novo gendar-
me na região, mantendo o Khomeinismo sob
controle e restaurando a estabilidade do Golfo
(Lesch; Haas, 2018, p. 234), mas a posterior
invasão do Kuwait pelas tropas iraquianas, em
1991, inauguraria uma nova fase da política ex-
terna dos EUA para o Oriente Médio.
O m da Guerra Fria permitia que
Washington mantivesse intensa interferência
na região, mas agora não para conter a URSS
e sim para erguer um novo regime de segu-
rança. A Doutrina Carter (1980), que previa
retaliação militar caso alguma “força externa
tentasse obter o controle do Golfo, foi colocada
em prática após o m da Guerra Fria e contra
uma força nativa. No mandato de George H.
W. Bush (1989-1993), “em vez de depender de
um poder local para servir como executor subs-
tituto [de sua política no Golfo (...)], os EUA
se autodenominaram como os protetores” da
região (Cleveland; Bunton, 2009, p. 559). No
pico da ação militar, estacionaram 550 mil sol-
dados na região (Cordesman; Wilner; Gibbs;
Modell, 2013, p. 46).
Na sequência da guerra contra o Iraque,
no mandato de Bill Clinton (1993-2001), os
EUA lançaram mão de uma nova política para
o Golfo, conhecida como “dupla contenção”.
Encorajada pelas vitórias contra URSS e Ira-
que, a Casa Branca desistiu de contrabalan-
cear Irã e Iraque para conter simultaneamente
os dois regimes. O primeiro foi submetido a
uma severa campanha de sanções, associada a
diversas missões subversivas para derrubá-lo e
esporádicos ataques com mísseis (Sick, 2018),
enquanto o segundo foi alvo de um intenso
boicote econômico. Em paralelo ao domínio
sobre o Golfo, o regime de segurança almeja-
do previa a construção da paz entre israelenses
e palestinos. A Conferência de Madri (1991),
o Tratado de Paz Israel-Jordânia (1994) e os
Acordos de Oslo (1993 e 1995) foram marcos
importantes, ainda que os esforços não tenham
obtido um compromisso denitivo.
No auge deste período estavam as invasões
do Afeganistão e do Iraque após o 11 de Se-
tembro. Assim como a política dos “pilares gê-
meos”, a “dupla contenção” fora interrompida
subitamente pelos atentados, que investiram a
Casa Branca de Bush de um novo ímpeto por
controlar o Oriente Médio. Ali, o combate ao
terrorismo foi incorporado ao corpo de inte-
resses securitários dos EUA para a região, em
substituição ao anticomunismo.
Obama, Trump, Biden e a Guerra ao
Terror
Nesta seção, vamos analisar como os últi-
mos presidentes dos EUA lidaram com os três
interesses estratégicos do país na região – com-
bate ao terrorismo, proteção a Israel e a manu-
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tenção da segurança no Golfo Pérsico. Inicia-
remos com uma comparação entre os governos
Obama e Trump para depois explorar as ações
de Biden em seu primeiro biênio.
Obama herdou de Bush uma “Guerra ao
Terror” (GaT) empreendida em duas frentes.
Na primeira, estavam os teatros operacionais
do Iraque e do Afeganistão. A signicância des-
ses conitos é central para esta análise, pois eles
simbolizavam o enredamento, levado a cabo
pela administração Bush, das políticas para li-
dar tanto com a questão do terrorismo quanto
com a segurança do Golfo. Foi trabalho da ges-
tão Obama decompor essa equação. Para isso,
a aposta do ex-senador foi na outra frente da
GaT, marginal nos tempos de Bush: o comba-
te às redes terroristas transnacionais espalhadas
por diversos países. A desagregação dessas fren-
tes se deu de forma paulatina. Na gestão Oba-
ma, os EUA deixaram o Iraque em 2011, redu-
ziram seu contingente militar no Afeganistão
e, enquanto faziam isso, reforçavam a segunda
vertente da GaT (Ryan, 2011).
Assim como Bush, Obama assumiu a
perspectiva de que este se tratava de um coni-
to global (Ryan, 2011), mas fez da guerra não-
-convencional – baseada na utilização de forças
especiais e drones – o pilar de sua política ‘an-
titerror’. Sob Obama, o Comando de Opera-
ções Especiais ganhou espaço político (Mazet-
ti; Schmitt, 2015), passou a atuar em dezenas
de países e atingiu o ápice de seu prestígio em
maio de 2011, com o assassinato de Osama bin
Laden. A outra perna da empreitada foi a uti-
lização de drones, que apenas no Paquistão, na
Somália e no Iêmen atuaram em 563 oportu-
nidades, dez vezes mais do que na gestão Bush
(Purkiss; Serle, 2017). Após a emergência do
autoproclamado Estado Islâmico, em 2014,
a mesma combinação entre forças especiais e
drones foi empregada em auxílio ao governo
iraquiano.
Trump era um crítico de Obama. O repu-
blicano se comprometeu a aplicar uma “nova
abordagem” na execução da GaT e a acabar
com a “guerra politicamente correta” do demo-
crata, o que envolvia o assassinato de familiares
de terroristas (LoBianco, 2015). Propagador
da teoria conspiratória segundo a qual Oba-
ma era muçulmano, Trump fez da islamofobia
a pedra de toque de sua política jingoísta. Ao
mesmo tempo, aderiu à separação realizada por
Obama entre as políticas antiterror e para de-
fesa do Golfo. Nos quatro anos em que esteve
no poder, Trump também rmou sua política
antiterror nos assassinatos teleguiados e nas
operações especiais. A diferença promovida
por ele foi o desmonte das tímidas restrições
promulgadas por seu antecessor para ampliar o
nível de transparência da utilização de veículos
não-tripulados (Vedaschi; Noberasco, 2021).
No que diz respeito ao combate ao terrorismo
temos, deste modo, uma continuidade entre as
administrações Obama e Trump. O presidente
republicano, apesar de adversário do presidente
democrata, deu continuidade a um dos mais
importantes legados de Obama em política ex-
terna, a ideia de que a era de grandes operações
terrestres na região cou para trás.
Sob Obama e Trump, a GaT é interpre-
tada pela liderança estadunidense como uma
importante questão de segurança nacional, mas
não um risco existencial. Ao contrário do que
ocorria durante a Guerra Fria, quando even-
tuais avanços soviéticos eram respondidos com
reações de grandes proporções, agora a ordem
é conter a ameaça apenas na medida em que
ela afete diretamente os interesses norte-ame-
ricanos. “Os terroristas de hoje podem matar
pessoas inocentes, mas não representam uma
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ameaça existencial para nossa nação, e não de-
vemos cometer o erro de elevar seu status como
se o zessem”, armou Obama em seu último
discurso sobre o tema (Casa Branca, 2016).
No poder, Trump aplicou exatamente
este princípio, mas com sua peculiar brutali-
dade. Em outubro de 2019, com o Estado Is-
lâmico derrotado militarmente, removeu sem
aviso prévio suas tropas especiais da Síria, aban-
donando à própria sorte as forças curdas que
haviam atuado como a ponta-de-lança do es-
forço norte-americano contra os jihadistas. Ao
deixar abruptamente a região fronteiriça entre
Síria e Iraque, a Casa Branca revelou também
não ter a intenção de utilizar aquela missão
militar como cabeça-de-ponte para expandir
sua inuência na região. Assim, sob Obama e
Trump, a percepção de risco imposta pelo ter-
rorismo era alta, mas ao mesmo tempo contro-
lada. A necessidade de atuação estadunidense,
deste modo, também era pontual e limitada.
Biden deu continuidade a esta visão. A
retirada do Afeganistão, em agosto de 2021,
é o grande símbolo de uma política exter-
na que não vê mais a necessidade de manter
vastos territórios indenidamente sob contro-
le no Oriente Médio. Não é uma coincidên-
cia que, enquanto removia as últimas tropas
do Afeganistão, o governo norte-americano
ampliava silenciosamente uma base no Deserto
do Saara utilizada para deagrar ações com
drones (Landler, 2021). Os riscos dessa mu-
dança de paradigma foram expostos também
de modo simultâneo com a retirada. No penúl-
timo dia da ocupação, um bombardeio realiza-
do com um drone matou dez civis, em Kabul,
incluindo sete crianças, em vez da célula do
Estado Islâmico que supostamente era o alvo.
Uma investigação jornalística ajudou a desba-
ratar a ação norte-americana que se encerrou
sem qualquer punição aos envolvidos (Schmitt,
2021). Pode-se concluir, assim, que as gestões
Obama, Trump e Biden subscrevem à mesma
maneira de combater o terrorismo: a guerra é
global, travada em dezenas de frentes, mas to-
das elas com custos menores em termos de tro-
pas e dinheiro e pouco expostas ao escrutínio
externo.
A segurança do Golfo e de Israel
Os outros dois interesses prioritários dos
EUA no Oriente Médio – a segurança de Israel
e a do suprimento global de petróleo a partir
do Golfo Pérsico – devem ser observados de
modo conjunto. No que diz respeito ao Golfo,
as políticas externas de Obama e Trump con-
cordaram que tal questão não estava necessa-
riamente sobreposta ao combate ao terrorismo.
Mas há aqui uma divergência importante no
conteúdo destas políticas.
Entre 2009 e 2013, a administração Oba-
ma impôs a Teerã sanções econômicas draconia-
nas, mas a partir da eleição de Hassan Rouhani
(2013) abriu espaço para a mais signicativa
aproximação entre EUA e Irã em três déca-
das. Este processo culminou na assinatura, em
2015, do Joint Comprehensive Plan of Action,
um “acordo nuclear” que tinha como objetivo,
simbólico e prático, o m do status de pária
do Irã. A ideia por parte da Casa Branca de
Obama era que um novo equilíbrio na região
só poderia ser encontrado a partir da reintro-
dução de Teerã na comunidade internacional e
do surgimento de algum tipo de acomodação
entre as potências regionais (Hurst, 2017). A
remoção de uma ameaça nuclear imediata seria
essencial para tanto. Este diagnóstico, porém,
não era compartilhado por Israel, Arábia Sau-
dita e EAU. Para estes governos, o programa
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nuclear do Irã sem dúvida era uma ameaça
expressiva, mas não a mais urgente. Esta é re-
presentada pela expansão política e militar do
regime em países como Iraque, Líbano, Síria
e Iêmen, aproveitando os vácuos criados pela
invasão do Iraque e pela Primavera Árabe (Al-
-Faisal, 2013; Phillips, 2017, p. 41).
Quando chegou ao poder, Trump adotou
a mesma perspectiva de Israel e das monarquias
árabes: a segurança no Golfo não poderia ser
obtida pela integração do Irã, mas por sua ex-
clusão (e Embassy of the Kingdom of Saudi
Arabia, 2018). Daí a política de “pressão máxi-
ma”, representada pelo m do acordo nuclear,
pela reintrodução de sanções econômicas e
pelo assassinato do general Qassem Soleimani
em janeiro em 2020. O problema, muito mais
para os regimes árabes do que para Israel, era
a manutenção da indisposição da Casa Branca
em comprometer dezenas de milhares de tro-
pas na região. Em seu arsenal nuclear e escu-
dos antimísseis, Israel tem fatores dissuasórios
importantes para conter um ataque direto por
parte do Irã. Do mesmo modo, Israel tem ca-
pacidade militar para atacar as linhas de supri-
mento montadas pelo Irã através dos territórios
do Iraque e da Síria até o Líbano.
Dois pontos são fundamentais para os go-
vernos israelenses na relação com os EUA. A
manutenção de sua superioridade militar regio-
nal e a liberdade para manter a pressão contra o
nacionalismo palestino. Obama tinha uma re-
lação ruim com o primeiro-ministro Benjamin
Netanyahu, mas foi o responsável por assinar,
em 2016, o maior pacote de ajuda militar a Is-
rael na história. As principais diferenças entre os
dois residiam no fato de Obama pressionar Is-
rael a conter a ocupação da Cisjordânia (Freed-
man, 2017), entendida como mecanismo para
inviabilizar a existência de um Estado palestino
(Robinson, 2020). Trump, por sua vez, aderiu
elmente à visão ultranacionalista israelense.
No campo simbólico, transferiu a embaixada
estadunidense de Tel Aviv para Jerusalém e, no
campo prático, rompeu com uma tradição de
décadas da diplomacia norte-americana em fa-
vor da solução de dois Estados para lançar um
plano que criava uma Palestina vassala de Israel
(Crowley; Halbnger, 2020).
Para as monarquias em Riad e Abu Dhabi,
o problema é mais profundo, pois elas depen-
deriam diretamente dos EUA para sua defesa
em caso de um conito com o Irã. Ocorre que
a falta de apetite em Washington por ativar o
escudo militar em favor de seus aliados cou
escancarada em setembro de 2019, quando
as instalações petrolíferas de Abqaiq, coração
econômico da Arábia Saudita, foram alvo de
ataques clandestinos engendrados pelo Irã.
A reação por parte de Washington foi pálida.
Trump estava disposto a pressionar o regime
iraniano, mas de forma alguma pretendia usar
suas tropas para isso (Holland; Gamal, 2019).
Como contraponto, a gestão Trump, ao me-
nos, facilitou o caminho para que certos países
árabes normalizassem suas relações com Israel.
Os Acordos de Abraão, assinados em 2020 sob
os auspícios de Washington, são a face visível
de uma aproximação que tem como fatores de
impulsão o temor compartilhado da expansão
iraniana e o ressentimento diante da “ausência
do guarda-chuva militar estadunidense (Abadi,
2019; Jones; Guzansky, 2019).
Temos, assim, como mostra o quadro abai-
xo, uma convergência entre Obama e Trump a
respeito da manutenção da segurança de Israel,
entendida como a preservação da superiorida-
de militar, ainda que discordassem com relação
à forma de lidar com a questão palestina. Há,
porém, uma divergência entre Obama e Trump
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a respeito da segurança do Golfo. Enquanto
o primeiro buscou um arranjo que incluísse
o Irã, o segundo procurou ampliar a pressão
sobre Teerã, mas fortalecendo um mecanismo
regional – a aliança entre Israel e determinados
países árabes – para conter o Irã.
Quadro 1. Quadro esquemático das mudanças na política externa estadunidense para os
Oriente Médio
Governo Obama Governo Trump Governo Biden
Terrorismo
- Separa a política antiterror da
política para segurança do Golfo
- Pilar é a guerra não-convencio-
nal (drones e forças especiais)
- Mantém a separação entre a
política antiterror e a política
para segurança do Golfo
- Mantém a guerra não-con-
vencional como pilar, mas com
transparência reduzida
- Mantém a guerra não-conven-
cional como pilar
- Encerra a ocupação no Afega-
nistão, cumprindo o objetivo
compartilhado por Obama e
Trump
Segurança
do Golfo
- Busca reintroduzir o Irã na
comunidade internacional e
produzir novo equilíbrio securi-
tário no Oriente Médio
- Procura manter o isolamento
do Irã e adota políticas que vi-
sam insuar eventual derrubada
do regime iraniano
- Retoma a política de Obama
de tentar normalizar a relação
com o Irã, mas busca fomentar
a aproximação entre Israel e
as monarquias árabes, como
Trump
Segurança
de Israel
- Atua para manter a superio-
ridade militar regional e apoia
indiretamente a pressão contra o
nacionalismo palestino
- Atua para manter a superiori-
dade militar regional; dá liber-
dade para e apoia diretamente a
pressão contra o nacionalismo
palestino
- Atua para manter a superio-
ridade militar regional e apoia
indiretamente a pressão contra o
nacionalismo palestino
Fonte: Elaboração do autor
Em seus primeiros dois anos no poder,
Biden adotou uma política que se espelha na
perspectiva de Obama, mas que absorveu ele-
mentos importantes da era Trump. Na rela-
ção com Israel, Biden rechaçou a aliança au-
tomática promovida por seu antecessor, mas
procurou evitar a tensão do período Obama.
Com Biden, foi retomada a posição histórica
dos EUA a favor da solução de dois Estados
(Smith, 2021), mas o presidente dos EUA não
parece ter disposição para enfrentar o governo
israelense em defesa de um Estado palestino.
Sua rme posição pessoal pró-Israel, a força da
porção ultranacionalista do lobby israelense nos
EUA e o foco na Rússia e na China são fatores
determinantes neste ponto.
Quanto à questão iraniana, Biden acabou
por tentar criar um amálgama entre as visões
de Obama e Trump. Por um lado, em fevereiro
de 2021, logo após sua posse, as negociações
nucleares foram retomadas. Elas se arrasta-
ram ao longo da maior parte de 2022 diante
das grandes diferenças nas demandas de lado
a lado. Ainda assim, para a gestão Biden, dan-
do sequência à visão da administração Obama,
a forma de garantir este importante objetivo
de segurança nacional norte-americano – que
o Irã não tenha uma arma nuclear – continua
sendo o caminho diplomático.
Por outro lado, o governo Biden integrou
a sua estratégia um importante elemento gesta-
do durante o governo Trump: a ideia de que os
EUA podem fomentar a criação de uma aliança
anti-Irã composta por Israel e as monarquias
árabes. Este ímpeto já existe por parte de diver-
sas lideranças locais (Jones; Guzansky, 2017),
mas a atuação estadunidense tem o potencial
de fortalecê-lo, eventualmente facilitando a
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transição para uma nova fase em que o envolvi-
mento norte-americano seja menor. Há ao me-
nos duas diculdades neste caminho, porém:
a relação bilateral entre Biden e Mohammed
bin Salman e a força diplomática da Rússia no
Oriente Médio, elementos que se misturam.
Em seus primeiros meses, a administra-
ção Biden colecionou atos percebidos como
hostis em relação ao regime saudita (Kalin;
Said; Cloud, 2022) e foi retaliada em outubro
de 2022 com o corte na produção de petróleo
coordenada pelas monarquias do Golfo e pelo
governo Putin (Marquardt; Bertrand; Mattin-
gly, 2022), prejudicial à economia norte-ame-
ricana. Isso ocorreu mesmo depois de Biden
visitar a Arábia Saudita com o alegado intuito
de acelerar a aproximação entre sauditas e is-
raelenses (Alghannam; Yaghi, 2022). Trata-se
de sinal dos limites que a estratégia Obama-
-Biden de normalização da relação com o Irã
tem entre os aliados norte-americanos, mesmo
que incorpore elementos da “linha-dura” apli-
cada por Trump. Nos dois últimos anos de sua
gestão, encontrar uma saída para este dilema
será o foco da política externa de Biden para o
Oriente Médio.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo trouxe uma análise compara-
da da política externa dos EUA para o Oriente
Médio durante as gestões de Obama, Trump
e a primeira metade do mandato de Biden.
Demonstramos que os três mandatários lidam
com o terrorismo internacional apostando em
estratégias não-convencionais de guerra, de-
satrelando a segurança no Golfo Pérsico des-
ta questão. Deste modo, para nenhuma das
gestões é factível um retorno ao período Bush
de grandes invasões terrestres. Tal cenário se
mantém mesmo quando discutimos a princi-
pal diferença entre as políticas externas de Oba-
ma e Trump: a relação com o Irã. Enquanto o
primeiro buscou caminhar no sentido de uma
normalização com o regime iraniano, promo-
vendo o acordo nuclear, o segundo adotou pos-
tura antagônica, aumentando a pressão contra
o regime em Teerã e abandonando tal acordo.
Biden, por sua vez, promove um retorno
à perspectiva de Obama, reabrindo as nego-
ciações nucleares, mas adota elemento im-
portante da ação de Trump: o fomento a uma
aliança entre Israel e monarquias árabes que
tenha como objetivo criar um contraponto à
força iraniana. Futuras pesquisas sobre as rela-
ções internacionais do Oriente Médio fariam
bom uso de olhares sobre o impacto do con-
ito na Ucrânia, sobre a crescente inuência
da China e sobre a aproximação entre Arábia
Saudita e Israel. No plano histórico, compa-
rações entre a política externa dos EUA para
o Oriente Médio durante a Guerra Fria e o
pós-Guerra Fria poderiam auxiliar no exame
sobre a natureza da política externa estaduni-
dense como um todo.
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