International Peace e a Rockefeller Founda-
tion e indivíduos, como Montague Burton e
David Davies2.
A Segunda Guerra Mundial é fundamen-
tal para o entendimento do começo da disci-
plina, pois muitos são rotulados de “idealistas”
justamente por não terem sido capazes de en-
tender ou prever como os acontecimentos da-
quele período entre guerras resultariam em um
novo confronto mundial. Com os documentos
pessoais desses acadêmicos, como cartas e diá-
rios, o autor mostra não pessoas ingênuas e com
valores desconectados da realidade da power po-
litcs, mas suas aspirações estavam em entender
das causas da guerra e como seria possível li-
mitar as ações erráticas de líderes que, de acor-
do com eles, havia causado a então chamada
Grande Guerra. A diplomacia secreta, o mili-
tarismo e as alianças precisavam ser combatidas
com a transparência política, a educação e uma
ordem internacional fundada em instituições e
sob a ideia de segurança coletiva.
O livro é dividido em oito capítulos, com
a introdução e conclusão não numerados. Na
introdução, conhecemos Fannie Fern Andrews,
que em 1915 fez parte da Central Organisation
for a Durable Peace (CODP), uma organização
que almejava encontrar respostas para a guerra
iniciada em 1914. Tal fato demonstra as pri-
meiras mobilizações, antes mesmo de 1919,
data delimitada como o princípio do campo
das RI. No capítulo 1 temos as origens da dis-
ciplina “na” guerra, e não após ela e como mui-
tos dos arquitetos participaram da conferência
de Paris, como consultores das delegações de
2 Montague Burton: empresário do ramo de vestuá-
rio e patrocinador de disciplinas de RI’s nas univer-
sidades de Oxford, Edimburgo e London School of
Economics; David Davies: industrialista, membro do
parlamento britânico e benfeitor da Universidade de
Aberystwyth.
seus países, e tentaram imprimir suas marcas na
nova ordem global. O capítulo 2 mostra como
o estudo das RI se expandiu nos dois lados do
Atlântico e, apesar das conexões entre vários
personagens e instituições, era afetado pelo co-
lonialismo, racismo e eurocentrismo da disci-
plina em seus primeiros momentos.
O capítulo 3 traz os empreendimentos
e constrangimentos, especialmente financei-
ros, para criar instituições que dariam suporte
para a Liga das Nações, sob a forma de coope-
ração intelectual em vários temas. O capítulo
4 expõe as tentativas de professores atuarem
na elaboração de tratados que buscavam evitar
ou limitar a possibilidade da guerra, através de
seus contatos com diplomatas de vários países.
O capítulo 5 traz os testes para o conceito de
segurança coletiva, com vistas em incutir em
vários governos uma
confiança
institucional
na Liga das Nações para a solução de contro-
vérsias que não pela força. Temos as propostas
de um sistema de sanções, inclusive feitas por
várias mulheres que trazem uma perspectiva
feminista das RI desde o amanhecer da dis-
ciplina, entre elas Emily Greene Balch, Lucy
Mair, Mary Sheepshanks, Rosika Schwimmer,
Lida Gustava Heymann e Anna B. Eckstein;
além das crises do entre guerras na Manchúria
e Abissínia.
O capítulo 6 fala sobre o fim dos assun-
tos globais, e foca nos ataques à academia, ex-
pondo como os arquitetos das RI lidaram com
a ascensão do fascismo na Itália e do nazismo
na Alemanha. Acadêmicos de ideais liberais e
democráticos foram exilados, auxiliados por
uma rede de apoio formada por seus colegas e
instituições filantrópicas e outros se tornaram
porta-vozes de governos autoritários e a reação
dos acadêmicos, ao criarem a ideia de “mudan-
ça pacífica”, pela qual Estados poderiam ser