
3 • Conjuntura Internacional • Belo Horizonte, ISSN 1809-6182, v.19 n.3, p.2 - 4, out. 2022
desenvolvimento. Desde então, a cada 10 anos
a Organização das Nações Unidas (ONU) rea-
liza reuniões que atualizam o debate iniciado
em 1992.
Com o objetivo de avaliar os progressos
da Rio 92, a Rio+10, realizada em Joanesbur-
go em 2002, marcou uma etapa crucial no
panorama do desenvolvimento sustentável.
Enquanto a Conferência anterior estabeleceu
princípios fundamentais, a Rio+10 buscou ava-
liar progressos e enfrentar novos desaos. Dife-
rentemente da Rio 92, a Cúpula Mundial sobre
Desenvolvimento Sustentável enfatizou ques-
tões sociais, como pobreza e saúde, além de
destacar a necessidade de metas e indicadores
mensuráveis para guiar o progresso. Apesar das
mudanças e atualizações, alguns desaos per-
sistentes, como a luta contra a pobreza e a pro-
teção ambiental, permaneceram no centro das
discussões. A Rio+10 reiterou a importância da
colaboração global, reconhecendo que abordar
questões complexas requer esforços conjuntos.
No entanto, as diculdades na implementação
efetiva de compromissos anteriores destacaram
a necessidade contínua de ações práticas e re-
novados compromissos para atingir metas de
desenvolvimento sustentável.
Vinte anos após a Rio 92, a Conferência
das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável voltou ao Rio de Janeiro, em 2012,
com a Rio+20. Assim como na década anterior,
esta conferência objetivava reavaliar o progresso
rumo ao desenvolvimento sustentável e reno-
var o compromisso global com essa causa. Ao
contrário das conferências anteriores, a Rio+20
buscou integrar não apenas questões ambien-
tais e econômicas, mas também aspectos sociais
do desenvolvimento sustentável. O conceito de
“economia verde” e a importância da governan-
ça ambiental foram temas centrais discutidos,
reetindo uma crescente conscientização sobre
a necessidade de um desenvolvimento que leve
em conta não apenas os aspectos econômicos,
mas também os sociais e ambientais.
A Rio+20 resultou na aprovação de um
documento intitulado “O Futuro que Quere-
mos”, que delineou uma série de compromis-
sos e ações a serem tomadas pelos países para
avançar em direção ao desenvolvimento susten-
tável. No entanto, assim como em conferências
anteriores, persistiram desaos signicativos na
implementação efetiva desses compromissos,
destacando a necessidade contínua de esforços
conjuntos e compromissos renovados para al-
cançar um futuro mais sustentável para todos.
Em 2015, esses compromissos foram atua-
lizados com o lançamento da Agenda 2030,
também conhecida como o conjunto de 17
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável,
que enfatizam um esforço conjunto de países,
sociedade civil e instituições privadas em asse-
gurar os direitos humanos, a erradicação da po-
breza e da fome, a redução das desigualdades e
a proteção do meio ambiente.
O presente dossiê busca contribuir para a
atualização do debate que se mantém há trinta
anos, visando buscar análises e preencher lacu-
nas observadas desde a Rio 92. Especicamente,
nossa chamada consistiu em três eixos: político
e social; ambiental; e econômico. O primeiro
versa sobre questões como cooperação interna-
cional, arranjos institucionais nacionais e par-
cerias, países em desenvolvimento e justiça am-
biental, negociações internacionais no âmbito
da UNFCCC e o papel da sociedade civil. O
segundo trata do planejamento e gerenciamen-
to da vida e dos recursos terrestres e marítimos,
combate à deserticação e ao desorestamento,
manejo e agricultura sustentável, e mitigação
e adaptação à mudança do clima. E o terceiro