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Fontes de crescimento das exportações
brasileiras de celulose e dos seus
principais competidores no mercado
internacional, em diferentes períodos
e sources of growth of brazilian wood pulp exports and its main competitors in the
international market, in dierent periods
Fuentes de crecimiento de las exportaciones brasileñas de pulpa y de sus principales com-
petidores en el mercado internacional
Jessia Albertina Carvalho da Silva1
Márcio Lopes da Silva2
Naisy Silva Soares3
Recebido em:01/04/2024
Aprovado em: 04/06/2024
DOI: 10.5752/P.1809-6182.2024v21n1pX-X
RESUMO: Este trabalho analisou as fontes de crescimento das exportações brasileiras
de celulose e dos seus principais competidores no mercado internacional, pelo método
constant-market-share. Os resultados indicaram que o Brasil apresentou maior efeito
crescimento efetivo das exportações e a competitividade explicou o desempenho no comércio
internacional de celulose dos países considerados.
Palavras-chaves: constant-market-share, competitividade, crises internacionais.
ABSTRACT: is work analyzed the sources of growth in Brazilian cellulose exports
and those of its main competitors in the international market, for constant-market-share
metod. e results indicated that Brazil had a greater eect on eective export growth and
the competitiveness eect was relevant to explain the performance in international cellulose
trade for the countries considered.
Keywords: constant-market-share, competitiveness, international crises.
RESUMEN: Este trabajo analizó las fuentes de crecimiento de las exportaciones brasileñas
de celulosa y las de sus principales competidores en el mercado internacional, utilizando el
método de participación de mercado constante. Los resultados indicaron que Brasil tuvo
un mayor efecto en el crecimiento efectivo de las exportaciones y la competitividad explicó
el desempeño en el comercio internacional de celulosa de los países considerados.
Palabras clave: constant-market-share, competitividad, crisis internacionales.
1 Mestre em Economia Regional e Políticas Públicas - Universidade Estadual de Santa Cruz (jessiaalbertina2@gmail.
com)
2 Professor doutor do Departamento de Ciência Florestal - Universidade de Viçosa (marlosil@ufv.br)
3 Doutora em Ciência Florestal - Universidade de Viçosa (naisysilva@yahoo.com.br)
Artigo
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e exportadores de produtos orestais, uma vez
que o país possui avançada tecnologia silvicul-
tural e condições edafoclimáticas favoráveis à
atividade orestal (Indústria brasileira de árvo-
res - Ibá, Ibá 2019; Coelho e Coelho, 2012;
Viana, 2019; Food and agriculture organiza-
tion of the United Nations – Fao, Fao, 2022).
Esses fatores contribuem para a competiti-
vidade da celulose brasileira no comércio inter-
nacional como comprovada em vários estudos
cientícos e nas estatísticas (Valverde, 2000;
Silva, 2004; Valverde et.al, 2005; Valverde
et.al, 2006; Carvalho, 2010; Sousa et al.; 2010;
Andrade, 2021, Fao, 2022, Ibá, 2022).
Assim, apesar de crises econômicas, po-
líticas, sanitárias tais como o conito armado
no Iraque em 2003, a crise econômica iniciada
nos Estados Unidos a partir de 2008 (Subpri-
me), e a Pandemia de Covid-19 que começou
em 2019, o setor brasileiro de celulose e papel
continuou se desenvolvendo e em expansão no
Brasil (Lyrio et al, 2021).
Porém, a competitividade de alguns paí-
ses como a do Brasil cou ameaçada, devido à
concorrência no mercado internacional, prin-
cipalmente, a partir de 1990, com a abertura
da economia brasileira, maior inserção do país
no comércio internacional, surgimento de
novos concorrentes e devido a crises interna-
cionais (Rocha e Soares, 2014; Viana, 2019;
Lyrio, 2022).
Assim, faz-se necessário analisar frequen-
temente a competividade das exportações bra-
sileiras de celulose e dos seus principais com-
petidores no mercado mundial para que ela se
mantenha no futuro.
Pesquisas nesse sentido são relevantes,
pois podem contribuir para a implementação
de políticas voltadas para um melhor desem-
penho do setor brasileiro de celulose e papel
no mercado internacional, bem como auxiliar
os agentes ligados a tomada de decisão sobre
planejamento da produção, investimentos e co-
mercialização da celulose. Acrescenta-se a isso,
a necessidade de atualizar os estudos existentes
no que diz respeito aos países concorrentes do
Brasil que estão alterando ao longo dos anos.
Assim, o objetivo geral desse trabalho foi
analisar as fontes de crescimento das exporta-
ções brasileiras de celulose e dos seus principais
competidores no mercado internacional: Ca-
nadá, Indonésia, Chile e Finlândia, entre 1990
e 2022. Especicamente, analisou-se o desem-
penho das exportações brasileiras de celulose e
dos principais competidores mundiais, de 1997
a 2021, decompondo as exportações brasileiras
de celulose e dos seus principais competidores
mundiais nas fontes de crescimento competi-
tividade, abertura comercial e crescimento do
comércio mundial.
O presente trabalho inova, pois atualiza os
trabalhos anteriores analisando subperíodos de
crises mundiais ou estabilização econômica e
inclui outros países nas análises como o Chile,
por ter alterado o ranking dos maiores exporta-
dores mundiais da celulose nos últimos anos.
INTRODUÇÃO
Dentre os produtos do setor orestal, o Brasil se destaca no comércio internacional, principal-
mente, da celulose devido à qualidade do produto nacional reconhecida no exterior, elevada taxa
de produtividade na cultura do eucalipto e rotação orestal menor que os demais países produtores
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2. METODOLOGIA
O método utilizado para decompor o
crescimento das exportações brasileiras de ce-
lulose para Brasil, Canadá, Chile, Indonésia
e Finlândia, nos efeito competitividade, Cres-
cimento no valor das exportações e destinos
das exportações, foi o Constant-Market-Share
(CMS) (equação 1) (Carvalho, 2004):
Onde:
V’j – Vj = crescimento efetivo do valor das
exportações de celulose do país i no mercado
internacional;
Vj = (p*q) = valor das exportações de celu-
lose de dado país i ou região i para o mercado j,
no período inicial;
V’j = (p’*q) = valor das exportações de ce-
lulose de dado país i ou região i para o mercado
j, no período nal;
rj = [(Xmj/Xmj)-1] → taxa de crescimento
percentual do valor das exportações de celulose
do país i ou região i entre os períodos inicial e
nal;
r = [(Xm’/Xm)-1] → taxa de crescimento per-
centual do valor das exportações de celulose do
país i ou região i, entre os períodos inicial e nal;
somatório.
Na descrição do método CMS pela equa-
ção 1, os países “i” considerados para análise
foram Brasil, Canadá, Indonésia, Chile Finlân-
dia, maiores exportadores mundiais de celulo-
se. Já os mercados “j” considerados para análise
foram China, Estados Unidos, Japão, Itália,
Holanda e o Resto do Mundo (somatório do
valor das exportações de celulose dos demais
países), principais destinos das exportações na-
cionais de celulose.
Os efeitos obtidos pelo método CMS são
determinados da seguinte forma:
De acordo com Coelho e Berger (2004)
estas equações revelam como o aumento nas
exportações pode ser explicado pelo crescimen-
to do comércio mundial, ou, pela concentração
favorável – ou desfavorável – das exportações
em mercados de rápido – ou mais lento – cres-
cimento, ou ainda, por um efeito de compe-
titividade que resulta de ganhos ou perdas de
participação (market share) nos diferentes mer-
cados.
Mais precisamente, da equação (1), de-
correm então os efeitos, listados por Leamer
e Stern (1970) citados por Machado et al.
(2006): a) efeito crescimento do comércio
mundial, ou seja, o aumento geral das expor-
tações mundiais; b) a distribuição de mercado
das exportações de celulose, considerando suas
mudanças comerciais de acordo com mercados
com maior ou menor dinamismo, sendo esse
o efeito de mercado regional ou efeito destino
das exportações; e, c) resíduo da diferença entre
o crescimento real das exportações e o cresci-
mento que poderia ocorrer caso o país “i” man-
tivesse sua participação nas exportações de cada
mercadoria analisada para cada país parceiro,
esse é o efeito competitividade.
Carvalho (2004) observa que os efeitos
crescimento do comércio mundial e destino
das exportações estão relacionados a fatores ex-
ternos e o efeito competitividade reete fatores
internos do país exportador.
Realmente, o crescimento das exportações
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mundiais e o efeito composição da pauta estão
fortemente ligados à dinâmica da demanda in-
ternacional - total e por bens ou grupos de bens
especícos. Já o efeito competitividade pode es-
tar relacionado com a política comercial adota-
da e a produtividade do país.
Segundo Gilbert (2017), a análise de
CMS deve ser realizada em subperíodos divi-
didos em frações curtas, de modo a representar
mais, claramente, o caminho percorrido pelo
país no cenário internacional.
Além disso, a análise com o CMS do pre-
sente trabalho foi feita por período para veri-
car o efeito de crises internacionais nas fontes
de crescimento das exportações brasileiras de
celulose e dos seus principais competidores no
mercado internacional. Os períodos analisa-
dos, conforme Lyrio (2022) foram:
1997 (período inicial) a 2021(período
nal) - Período completo;
1997 (período inicial) a 2001 (período
nal) - Implantação do plano real;
2002 (período inicial) a 2006 (período
nal) - Estabilização da economia;
2007 (período inicial) a 2011(período
nal) - Invasão ao Iraque e a Crise Sub-
prime;
2012 (período inicial) a 2016 (período
nal) - Crise do Euro; e
2017 (período inicial) a 2021 (período
nal) - Pandemia.
O método CMS já foi utilizado nas aná-
lises do segmento brasileiro de celulose nos es-
tudos de Medeiros e Fontes (1994), Valverde et
al. (2006), Adame et al. (2009), Rocha e Soares
(2014), Nascimento et. al. (2019) e Silva Ju-
nior (2021).
Para as estimativas, foram utilizados dados
anuais sobre valor das exportações de celulose,
em US$/Tonelada, do Brasil, Canadá, Indoné-
sia, Chile Finlândia, maiores exportadores de
celulose no mercado internacional, em 2022,
devido à indisponibilidade de dados para ou-
tros períodos. Além disso, para períodos ante-
riores outros trabalhos nesse sentido já foram
realizados.
Os dados são da FAO e da Uncontrade
(Fao, 2022; Uncontrade, 2022).
3. RESULTADOS
Na Tabela 1, encontram-se os resultados
do indicador CMS para o Brasil, Canadá, In-
donésia, Chile e Finlândia no mercado interna-
cional da celulose.
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Considerando todo o período de análise,
1997 e 2021, o Brasil apresentou o melhor re-
sultado para o crescimento efetivo das exporta-
ções de celulose, seguido pelo Chile, Indonésia
e Finlândia. Segundo o IBA 2022 os avanços
conquistados são resultados de muitas décadas de
investimentos robustos em produção, pesquisas e
tecnologias. Nesse período, o efeito crescimento
do comércio mundial contribuiu mais para o de-
sempenho das exportações de celulose do Chile e
Finlândia e foi desfavorável ao Canadá. Já o efeito
destino das exportações contribuiu apenas para o
desempenho das exportações de celulose do Ca-
nadá, sendo este o efeito com maior contribuição
para as exportações do país. O efeito competiti-
vidade contribuiu para o desempenho das expor-
tações de celulose do Canadá, Brasil, Finlândia e
Indonésia. Para o Chile observou-se uma perda
de competitividade. No caso do Brasil, Chile,
Indonésia e Finlândia o efeito competitividade
foi o que apresentou maior contribuição para as
exportações brasileiras de celulose (Tabela 1). O
crescimento da renda nos mercados compradores
de celulose do Canadá, EUA e Suécia foi fator
determinante do crescimento das exportações de
celulose desses países. O contrário ocorreu com a
renda dos países de destino das exportações bra-
sileiras e nlandesas
Tabela 1: Resultados referentes ao índice CMS para o Brasil, Canadá, Indonésia, Chile, Chi-
na e Finlândia no mercado internacional da celulose, 1997 a 2021
ITENS Ano Brasil Canadá Chile Indonésia Finlândia
Crescimento efetivo do
valor das exportações
1997-2021 148,17 -13,55 83,99 79,83 71,88
1997-2001 18,25 -6,45 20,16 5,46 4,03
2002-2006 53,26 22,21 40,59 37,97 29,11
2007-2011 39,57 8,85 18,92 32,16 13,19
2012-2016 11,15 -41,47 -22,85 -23,22 10,46
2017-2021 14,51 2,60 -13,16 26,51 3,21
Crescimento
do comercio mundial
1997 - 2021 19,30 -1.398,12 48,59 25,71 41,91
1997-2001 48,20 -177,48 42,62 186,43 186,43
2002-2006 11,95 47,66 19,92 21,92 21,41
2007-2011 17,65 119,10 49,52 24,38 37,97
2012-2016 190,66 -67,40 -85,29- -70,67 144,22
2017-2021 76,85 475,12 -72,43 19,22 212,91
Destino das exportações
1997 - 2021 -123,39 1.054,88 88,28 -58,96 -89,95
1997-2001 -82,25 478,73 -83,55 -169,15 -167,37
2002-2006 1,70 16,64 83,30 -4,01 -26,76
2007-2011 -289,63 -155,24 24,12 -28,31 -12,69
2012-2016 2.215,91 342,62 74,70 71,40 -157,02
2017-2021 1.286,88 8.920,74 -19,67 -369,18 -3.633,29
Competitividade
1997 - 2021 204,08 443,24 -36,87 133,26 148,04
1997-2001 134,06 -201,25 140,92 82,72 80,94
2002-2006 86,35 35,69 -3,22 82,09 105,35
2007-2011 371,98 136,13 26,36 103,93 49,38
2012-2016 -2.306,57 -175,22 110,59 99,26 112,79
2017-2021 -1.263,73 -9.295,86 192,09 449,95 3.520,38
Fonte: Resultados da pesquisa.
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De 1997 e 2001, período marcado pela
Implantação do plano real, o Chile e o Brasil
apresentaram maiores valores para o crescimen-
to efetivo das exportações de celulose. O efeito
crescimento do comércio mundial contribuiu
mais para o desempenho das exportações de ce-
lulose do Chile, seguido pela Finlândia e pelo
Brasil. O efeito destino das exportações con-
tribuiu apenas para o crescimento das expor-
tações de celulose do Canadá. Nesse período
o efeito competitividade contribuiu principal-
mente para as exportações de celulose do Chile
e do Brasil. Os demais países sob análise apre-
sentaram competitividade menor e o Canadá
perdeu competitividade nesse período ressal-
ta-se que entre 1997 a 2001 a maior parte da
produção nacional de celulose era consumida
no mercado interno (Tabela 1).
Para o período compreendido entre os
anos de 2002 e 2006, período de estabilização
da economia brasileira, vericou-se um maior
crescimento efetivo das exportações de celulose
do Brasil, Chile e Indonésia. O efeito crescimen-
to do comércio mundial contribuiu mais para o
desempenho das exportações de celulose do Ca-
nadá. O efeito destino das exportações contri-
buiu apenas para o crescimento das exportações
de celulose do Chile sendo pouco expressivo
para os demais países. No efeito competitivi-
dade se destacou Finlândia, Brasil e Indonésia.
O Chile perdeu competitividade nesse período
e o Canadá apresentou com competitividade
menor que a Finlândia, Brasil e Indonésia. Esse
aumento do efeito competitividade a partir de
2003 coincide com o período em que os Esta-
dos Unidos, grande produtor mundial de celu-
lose, intensica sua política antiterrorismo em
resposta ao atentado terrorista do 11 de setem-
bro, destacando dentre ações dessa política a in-
vasão ao Iraque em março de 2003 (Tabela 1).
Segundo Aranha (2019), a estabilidade da
economia brasileira proporcionada pelo Plano
Real proporcionou um ambiente econômico
mais estável e acessível a investimentos e nan-
ciamentos, congurando-se como um atrativo
para investidores estrangeiros, propício à mo-
dernização tecnológica e expansão da infraes-
trutura logística. Com isso, as empresas do se-
tor de celulose puderam acessar recursos com
taxas de juros mais controladas e condições
mais favoráveis, impulsionando o desenvolvi-
mento de infraestrutura e tecnologia na produ-
ção de celulose, o que pode está explicando o
bom desempenho das exportações nacionais de
celulose de 1997 a 2001.
No tocante ao período de 2007 a 2011,
caracterizado pela invasão do Iraque e a crise
Subprime, o Brasil e a Indonésia se destacaram
em termos de crescimento efetivo das exporta-
ções de celulose no mercado internacional com
os maiores valores observados. O efeito cresci-
mento do comércio mundial contribuiu con-
sideravelmente para o bom desempenho das
exportações Canadenses de celulose. O efeito
destino das exportações contribuiu apenas para
o crescimento das exportações de celulose do
Chile, apresentando-se negativo para os demais
países. A competitividade foi relevante para
explicar as exportações Brasileiras e Indonésias
(Tabela 1).
Nesse período de 2007 a 2011, muitas
empresas do setor de celulose foram forçadas
a adotar medidas de austeridade para preservar
a rentabilidade. Isso incluiu cortes de custos,
otimização de processos e, em alguns casos, re-
dução de capacidade de produção, o que pode
está explicando o menor crescimento efetivo
das exportações de celulose dos países e do
efeito destino das exportações, uma vez que
os Estados Unidos se congurou nessa época
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como grande importador mundial de celulose
e principal destino das exportações, segundo
FAO (2022). Esses resultados estão de acordo
com os de Rocha e Soares (2014) para o Brasil,
Canadá e Finlândia.
Ressalta-se que no caso especíco do Ca-
nadá, o seu desempenho no mercado inter-
nacional de celulose pode ser explicado pela
existência de políticas públicas no país que in-
centivam o comércio, como é o caso do Progra-
ma de Sustentação ao Financiamento de Pro-
jetos de Investimentos no Estrangeiro. Além
disso, são também fornecidas análises sobre os
mercados potenciais (SIQUEIRA, 2002).
Já o período de 2012 a 2016, com desta-
ca para a crise do euro, o maior crescimento
efetivo das exportações de celulose no merca-
do internacional foi observado para o Brasil e
a Finlândia. Estes mesmos países também apre-
sentaram valores superiores para o efeito cres-
cimento do comércio mundial e os demais paí-
ses apresentaram esse efeito negativo. O efeito
destino das exportações foi negativo para to-
dos os países considerados, sendo que o Brasil
apresentou o maior efeito negativo. Em termos
de competitividade se destacou a Finlândia e o
Chile. O Brasil perdeu competitividade nessa
época (Tabela 1).
Durante o período da crise do euro
(2012–2016) ocorreram diversas instabilida-
des nas taxas de câmbio e volatilidade nos mer-
cados nanceiros. Isso pode ter impactado os
custos de produção e exportação da celulose,
inuenciando a competitividade dos produto-
res em diferentes regiões.
O bom desempenho da Finlândia pode
ser explicado pelo fato de que nesse país a silvi-
cultura é sustentável e assegurada para os pró-
ximos 100 anos, sendo que, se após o corte o
reorestamento não ocorrer corretamente, o
uso da oresta é proibido temporariamente e
as despesas de arborização podem ser cobradas
dos proprietários com base em lei. Além disso,
na Finlândia, o governo também concede em-
préstimos e subsídios para os proprietários de
orestas que praticam a silvicultura, produzin-
do madeira e papel de forma sustentável (Fin-
lândia, 2009, citado por ROCHA e SOARES,
2014).
Analisando o período de 2017 a 2021, pe-
ríodo da pandemia do COVID-2019, nota-se
que o maior crescimento efetivo das exporta-
ções de celulose no mercado internacional foi
observado para a Indonésia e o Brasil. O efeito
crescimento do comércio mundial contribuiu
mais para o desempenho das exportações de
celulose do Canadá e da Finlândia. O efeito
destino das exportações foi relevante para o Ca-
nadá e Brasil. Em termos de competitividade
se destacou a Finlândia, Indonésia e Chile. O
Brasil e o Canadá perderam consideravelmente
competitividade, mostrando o impacto nega-
tivo da pandemia nas exportações de celulose
desses países (Tabela 1).
No último período de analise, com a pan-
demia o mundo viveu períodos de lockdown
e restrições de movimentação. Muitos setores
econômicos experimentaram uma redução na
demanda por produtos, incluindo papel e deri-
vados de celulose. As interrupções nas cadeias
de suprimentos e a desaceleração da produção
industrial impactaram a demanda global por
celulose. Dessa forma, os menores valores para
o crescimento efetivo das exportações de celu-
lose para os países sob análise foram observados
nesse período, assim como as maiores perdas de
competividade par ao Brasil e o Canadá.
Contudo, o setor de celulose e papel bra-
sileiro organizou-se rapidamente para atender
às demandas do novo formato de consumo
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de diversos setores econômicos. Mesmo com
a pandemia, a demanda por celulose e papel
continuou crescente, principalmente da China,
Estados Unidos e Europa.
Em síntese, mesmo em períodos de cri-
ses econômicas, políticas, sanitárias em nível
mundial o setor brasileiro de celulose e papel
apresentou-se forte e dinâmico no mercado in-
ternacional e continuou se desenvolvendo e em
expansão no Brasil ao longo dos anos (LYRIO
et al., 2021; MATOS et al., 2021).
4. CONCLUSÃO
O presente trabalho foi possível concluir
que o Brasil experimentou o maior valor para
o crescimento efetivo nas exportações de ce-
lulose, de 1997 a 2021. O Canadá foi o país
que mais se destacou nos efeitos crescimento
do comercio mundial de celulose e destino das
exportações. O Chile e o Brasil foram os países
que mais se destacaram em termos de competi-
tividade, naquele período.
Vericou-se que de 1997 a 2001 o efei-
to crescimento do comércio mundial explicou
principalmente as exportações de celulose da
Indonésia e Finlândia, seguidos pelo Brasil. O
efeito destino das exportações, explicou o de-
sempenho do Canadá no comércio mundial de
celulose. Em termos de competitividade desta-
ca-se o Brasil.
De 2002 a 2006, o efeito crescimento do
comércio mundial e destino das exportações
explicou o desempenho das exportações do Ca-
nadá, principalmente. A Finlândia se destacou
em termos de competitividade.
Considerando 2007 a 2011, o crescimen-
to do comercio mundial contribuiu para o de-
sempenho das exportações canadenses de celu-
lose. O efeito destino das exportações não foi
representativo nesse período e no efeito com-
petitividade destacou o Brasil.
O crescimento das exportações brasileiras
de celulose, de 2012 a 2016, foi explicado pe-
los efeitos crescimento do comércio mundial e
destino das exportações. Os demais países apre-
sentaram valores menores.
Já no período mais recente caracterizado
pela Pandemia, o Canadá se destacou em ter-
mos de crescimento das exportações de celulose
pelos efeitos crescimento do comércio mundial
e destino das exportações e a Finlândia apresen-
tou o maior efeito competitividade.
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