SABERES ENCARNADOS PRODUZIDOS POR MULHERES NEGRAS NA GEOGRAFIA BRASILEIRA

Resumo

O objetivo deste artigo é dar visibilidade sobre como as mulheres negras, produtoras das geografias negras, interpretam o gênero na sua trajetória. Para atingir este objetivo foram entrevistadas seis mulheres que se autoidentificaram como negras e desenvolveram trajetórias acadêmicas na Geografia. O roteiro de entrevistas versou sobre dois eixos de questionamentos. O primeiro sobre o percurso das relações familiares e acadêmicas e posteriormente suas percepções de raça e gênero. Tais resultados foram sistematizados com base na metodologia de análise de conteúdo e de organização de redes semânticas que levam a compreensão dos sentidos vividos em suas trajetórias. O conteúdo discursivo indicou a presença de dois campos relacionais, porém distintos, de produção e posicionalidade científica, onde a narrativa produzida por tais mulheres se dá na contramão do que de forma tradicional tem sido apontado na geografia, no que se refere as questões raciais. Sendo assim, é possível apontar que as mulheres negras cientistas da geografia têm em suas famílias um projeto de ascensão social e suporte financeiro. Além disso, as percepções de raça são desenvolvidas a partir da família e as de gênero são identificadas, majoritariamente, a partir de suas inserções em coletivos nas universidades.