MICROPLÁSTICOS EM SOLOS AGRÍCOLAS NO RECÔNCAVO BAIANO:
MAPEAMENTO GEOESTATÍSTICO EM ZONA PERIURBANA
DOI:
https://doi.org/10.5752/P.2318-2962.2025v35n80p292Palavras-chave:
poluição do solo, krigagem, Nordeste, SIG, fibras azuisResumo
A poluição por microplásticos (MPs) nos solos constitui uma problemática ambiental emergente, que tem sido objeto de crescente atenção científica nos últimos cinco anos. No entanto, a maioria dos estudos concentra-se em regiões temperadas, havendo ainda uma lacuna significativa de conhecimento em ambientes tropicais. Tal preocupação revela-se particularmente pertinente em países como o Brasil, onde a taxa de reciclagem de resíduos é inferior a 5%. A situação é ainda mais crítica em municípios que não dispõem de sistemas adequados de coleta seletiva e reciclagem de resíduos sólidos urbanos. Este estudo apresenta uma avaliação espacial da contaminação por microplásticos na camada superficial de solos (0-1 cm) do município de Cruz das Almas, Bahia. Foram coletadas 50 amostras compostas de solo em áreas rurais dentro de um raio de 2 km da sede urbana, geralmente sem contaminação aparente por plásticos. Os microplásticos (0,15–5 mm) foram extraídas por separação densimétrica (ZnCl₂,1,5 g cm-3) e quantificadas por estereomicroscopia e análise digital de imagens. As concentrações variaram de 833 a 25.271 partículas kg-1, com média de aproximadamente 6.723 partículas kg-1, uma das maiores abundâncias MPs em solos comparado a diversos estudos no mundo, mesmo em contexto de solos com mulching ou aplicação de lodo de esgoto. As partículas apresentaram tamanhos médios de 240 µm, sendo majoritariamente fibras (89%), seguidas por fragmentos (10%) e alguns filmes, espumas e pellets. As cores predominantes foram azul (53%) e branca (41%). A krigagem ordinária permitiu mapear com eficiência a distribuição espacial da contaminação, revelando gradientes de concentração mais elevados nas porções leste e oeste da cidade, relacionados a atividades humanas e dispersão atmosférica. A presença generalizada de microplásticos, inclusive em áreas rurais isentas de macroplásticos, indica uma contaminação difusa associada ao descarte e coleta inadequados de resíduos urbanos, gerando decomposição e fragmentação em microplásticos e transporte aéreo em toda a região. Este estudo contribui com dados inéditos sobre a poluição por microplásticos em solos do Recôncavo Baiano e evidencia a utilidade de ferramentas geoestatísticas no monitoramento de poluentes emergentes no meio terrestre.
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