MICROPLÁSTICOS EM SOLOS AGRÍCOLAS NO RECÔNCAVO BAIANO:

MAPEAMENTO GEOESTATÍSTICO EM ZONA PERIURBANA

Autores

  • Eldimar da Silva Paes Mestre em Solos e Qualidade de Ecossistemas, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Brasil
  • Thomas Gloaguen UFRB
  • Henrique dos Anjos da Conceição Silva Engenheiro sanitarista e ambiental, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.5752/P.2318-2962.2025v35n80p292

Palavras-chave:

poluição do solo, krigagem, Nordeste, SIG, fibras azuis

Resumo

A poluição por microplásticos (MPs) nos solos constitui uma problemática ambiental emergente, que tem sido objeto de crescente atenção científica nos últimos cinco anos. No entanto, a maioria dos estudos concentra-se em regiões temperadas, havendo ainda uma lacuna significativa de conhecimento em ambientes tropicais. Tal preocupação revela-se particularmente pertinente em países como o Brasil, onde a taxa de reciclagem de resíduos é inferior a 5%. A situação é ainda mais crítica em municípios que não dispõem de sistemas adequados de coleta seletiva e reciclagem de resíduos sólidos urbanos. Este estudo apresenta uma avaliação espacial da contaminação por microplásticos na camada superficial de solos (0-1 cm) do município de Cruz das Almas, Bahia. Foram coletadas 50 amostras compostas de solo em áreas rurais dentro de um raio de 2 km da sede urbana, geralmente sem contaminação aparente por plásticos. Os microplásticos (0,15–5 mm) foram extraídas por separação densimétrica (ZnCl₂,1,5 g cm-3) e quantificadas por estereomicroscopia e análise digital de imagens. As concentrações variaram de 833 a 25.271 partículas kg-1, com média de aproximadamente 6.723 partículas kg-1, uma das maiores abundâncias MPs em solos comparado a diversos estudos no mundo, mesmo em contexto de solos com mulching ou aplicação de lodo de esgoto. As partículas apresentaram tamanhos médios de 240 µm, sendo majoritariamente fibras (89%), seguidas por fragmentos (10%) e alguns filmes, espumas e pellets. As cores predominantes foram azul (53%) e branca (41%). A krigagem ordinária permitiu mapear com eficiência a distribuição espacial da contaminação, revelando gradientes de concentração mais elevados nas porções leste e oeste da cidade, relacionados a atividades humanas e dispersão atmosférica. A presença generalizada de microplásticos, inclusive em áreas rurais isentas de macroplásticos, indica uma contaminação difusa associada ao descarte e coleta inadequados de resíduos urbanos, gerando decomposição e fragmentação em microplásticos e transporte aéreo em toda a região. Este estudo contribui com dados inéditos sobre a poluição por microplásticos em solos do Recôncavo Baiano e evidencia a utilidade de ferramentas geoestatísticas no monitoramento de poluentes emergentes no meio terrestre.

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Publicado

2025-06-15

Como Citar

Paes, E. da S., Gloaguen, T., & Silva, H. dos A. da C. (2025). MICROPLÁSTICOS EM SOLOS AGRÍCOLAS NO RECÔNCAVO BAIANO: : MAPEAMENTO GEOESTATÍSTICO EM ZONA PERIURBANA. Caderno De Geografia, 35(80), 292. https://doi.org/10.5752/P.2318-2962.2025v35n80p292