Quem se calar quando eu me calei não poderá morrer, sem dizer tudo.

Homenagem a Saramago

  • Lélia Parreira Duarte
Palavras-chave: Saramago, Esquecidos, Personagens femininas, Ideologia

Resumo

Relembra-se aqui a chegada ao Brasil do Levantado do chão, as primeiras análises do romance e a evolução de suas personagens que, inicialmente sem voz, desvalidas e “esquecidas”, tornam-se capazes de um discurso próprio e chegam a líderes de uma revolução transformadora. Focalizam-se também algumas personagens femininas de outros romances do autor, buscando demonstrar o seu especial carinho pelas mulheres fortes de quem ele afirma ter sido criador, mas também criatura. Estuda-se ainda na obra saramaguiana a questão da religião, para concluir ser o autor um estranho comunista que é pessimista e um surpreendente ateu que é religioso: na verdade um grande humanista, sempre preocupado com uma enunciação dialógica problematizadora, capaz de testemunhar o sofrimento e as manobras do poder.

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Biografia do Autor

Lélia Parreira Duarte

Possui graduação em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (1968), mestrado em Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais (1980), doutorado em Letras (Letras Clássicas) pela Universidade de São Paulo (1986) e desde 1992 é professora titular de Literatura Portuguesa da Universidade Federal de Minas Gerais. Depois de aposentada lecionou no Programa de Pós-graduação da PUC Minas (1995 a 2009). Tem grande experiência na área de Letras, com pesquisa sobre os seguintes temas: ironia, humor e morte, nas literaturas portuguesa (vários autores) e brasileira (especialmente Guimarães Rosa), sobre os quais publicou muitos estudos e organizou vários congressos e coletâneas de ensaios. Dirigiu na UFMG o CESP - Centro de Estudos Portugueses, e na PUC Minas dirigiu o CESPUC - Centro de Estudos Luso-afro-brasileiros, tendo sido editora do Boletim do CESP e da revista Scripta, do CESPUC. Coordenou o grupo de pesquisa "De Orfeu e de Perséfone: figurações da morte nas literaturas portuguesa e brasileira contemporâneas", que reunia pesquisadores de 12 universidades, sendo três estrangeiras. Suas mais recentes publicações são "Ironia e humor na literatura" (São Paulo: Alameda; Belo Horizonte: PUC Minas, 2006), "As máscaras de Perséfone" (Org. - Rio de Janeiro: Bruxedo; Belo Horizonte: PUC Minas, 2006), "De Orfeu e de Perséfone" (Org. - São Paulo: Ateliê Editorial; Belo Horizonte: PUC Minas, 2008), "A escrita da finitude" (Org. - Belo Horizonte: Veredas & Cenários, 2009), "Exercícios de viver em palavra e cor" (Belo Horizonte: Veredas & Cenários, 2009), que reune poemas e reproduções de seus quadros. Em 2011 publicou "Potência e negatividade em Fernando Pessoa" (Belo Horizonte: Veredas & Cenários), ensaio sobre Fernando Pessoa, ilustrado com quadros seus (sobre poemas do Poeta).

Publicado
12-09-2022
Como Citar
Duarte, L. P. (2022). Quem se calar quando eu me calei não poderá morrer, sem dizer tudo. Cadernos CESPUC De Pesquisa Série Ensaios, (40), 22-37. https://doi.org/10.5752/P.2358-3231.2022n40p22-37