As Intermitências da morte:

José Saramago na Tanatografia que ama

  • Augusto Rodrigues Silva Jr Universidade de Brasília
  • Marcos Eustáquio de Paula Neto IFG
  • Sara Gonçalves Rabelo IF Goiano
Palavras-chave: José Saramago, As intermitências da morte, tanatografia, amor

Resumo

Analisamos a obra As intermitências da morte (2005), de José Saramago, articulando duas arenas estruturais da prosa: a da coletividade, explorada na primeira parte do livro, e os dramas humanos e amorosos vividos pelo violoncelista e pela morte “mulherificada”. A escrita de morte – tanatografia (SILVA JUNIOR, 2014) – viabiliza a verificação de tais elementos enquanto motores de um debate que atravessa política e filosofia, sistemas e condições humanas. Conforme é revelado nas arenas públicas e nas alcovas saramaguianas, discussões sobre o humano, a arte e o amor movimentam-se nessa profunda consciência de que ninguém disse a última palavra. Em interação com as categorias da alteridade e do inacabamento (BAKHTIN, 2006), o engajamento de Saramago compreende o caráter “desalienante” instigado pelas pulsões amorosas e pensamentais dessa novela filosófica das paixões como atividades essenciais (MARX, 2005). Das reverberações marxistas o caréter objetivo da história do humano foi afirmado e transformado. As intermitências da morte são marcadas e demarcadas pela expressão “no dia seguinte ninguém morreu” (SARAMAGO, 2005): nela, é a falta que alguém sente que leva ao outro e o caráter da história ganha camadas dialógicas e filosóficas. Se a sociedade é a soma de todos os seus relacionamentos e todos os sentidos encontram sentido no ter, no encontro com o outro constitui-se a consciência da metamorfose. Nesse sentido, José Saramago encontra na tanatografia que ama a verdadeira outra área do conhecimento – o amor.

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Biografia do Autor

Augusto Rodrigues Silva Jr, Universidade de Brasília

Professor Doutor de Literatura Comparada no Departamento de Teoria Literária e Literaturas da Universidade de Brasília. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6780-9731.

Marcos Eustáquio de Paula Neto, IFG

Professor do Instituto Federal de Goiás (IFG). Doutorando em Literatura e Práticas Sociais pelo Programa de Pós-Graduação em Literatura da Universidade de Brasília. É mestre em Literatura (2021) pelo Póslit/UnB e formado em Letras Português pela mesma instituição (2018). Faz parte do grupo de pesquisa Crítica Polifônica: teoria brasileira da literatura (UnB/DPG-CNPq). 

Sara Gonçalves Rabelo, IF Goiano

Professora do Instituto Federal Goiano (IF Goiano). Doutora em Literatura (UFU). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3049-3104.

Publicado
09-09-2022
Como Citar
Silva Jr, A. R., Paula Neto, M. E. de, & Rabelo, S. G. (2022). As Intermitências da morte: . Cadernos CESPUC De Pesquisa Série Ensaios, (40), 69-85. https://doi.org/10.5752/P.2358-3231.2022n40p69-85