Travessia de Rosa: do significante à letra

  • Andréa Alves Rodrigues Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC Minas. Mestre em Literaturas de Línguas Portuguesas.
Palavras-chave: Psicanálise. Simbólico. Real. Letra. Escritura.

Resumo

O presente trabalho propõe uma análise do romance Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, através da observação dos mecanismos linguísticos de que se vale o autor na sua construção, para apontar algumas confluências entre os discursos literário e o psicanalítico, no romance. Para isso, utilizaremos pressupostos teóricos da teoria da ironia, procurando estabelecer alguns pontos tangenciais entre a literatura rosiana, os recursos da ironia e a psicanálise. Ao escapar da formulação de conceitos definitivos, mostraremos que o autor transforma o campo literário num lugar que se quer aberto ao diálogo, ao trânsito e a múltiplas interpretações, possibilitando, ainda, a circulação do mal-entendido, pois são as mensagens aparentemente sem sentido e absurdas é que se mostram evocadoras e criadoras de significações para além dos sentidos admitidos no código da língua. De acordo com essa lógica, apontaremos na obra de Rosa outra vertente da linguagem, na qual a letra esvaziada desse compromisso de reprodução dos sentidos, já no campo da escritura, mostrase capaz da ruptura com os semblantes e aproximação com os efeitos enigmáticos do gozo na escrita.


Palavras-chave: Psicanálise. Simbólico. Real. Letra. Escritura.

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Referências

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Publicado
07-11-2016
Como Citar
Rodrigues, A. A. (2016). Travessia de Rosa: do significante à letra. Cadernos CESPUC De Pesquisa Série Ensaios, (28), 109-117. https://doi.org/10.5752/P2358-3231.2016n28p109
Seção
Literatura e Psicanálise