https://periodicos.pucminas.br/index.php/cadernoscespuc/issue/feedCadernos CESPUC de Pesquisa Série Ensaios2023-12-06T11:04:16+00:00Raquel Beatriz Junqueira Guimarãescespuc@pucminas.brOpen Journal Systems<p><strong><strong>Cadernos CESPUC de Pesquisa</strong></strong> - Revista semestral do Programa de Pós-graduação em Letras e do Centro de Estudos Luso-afro-brasileiros da PUC Minas, classificada como B3 no <em>QUALIS</em> de sua área (Línguística, Letras e Artes).</p> <p><strong>Missão</strong>: A missão da revista é publicar dossiês contendo artigos científicos e ensaios inéditos e de reconhecida qualidade acadêmica, produzidos por discentes do Programa de Pós-graduação em Letras da PUC Minas e de outras instituições de ensino superior nacionais e estrangeiras. Com isso, divulga trabalhos das áreas de Literatura Brasileira, Literatura Portuguesa e literaturas africanas de língua portuguesa – Literatura Angolana, Literatura Caboverdiana, Literatura Guineense, Literatura Moçambicana e Literatura Santomense –, e das diferentes áreas e subáreas de estudos da Linguística e da Filologia.</p> <p><a href="https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/veiculoPublicacaoQualis/listaConsultaGeralPeriodicos.jsf" target="_blank" rel="noopener">Classificação de periódicos quadriênio (<em>Qualis</em>) 2013-2016</a></p>https://periodicos.pucminas.br/index.php/cadernoscespuc/article/view/31292Salve, Silas!2023-12-06T11:04:13+00:00Bernardo Nascimento de Amorimbedeamorim@hotmail.comLuciana Brandão Lealluciana_brandao@hotmail.comWellington Marçal de Carvalhomarcalwellington@yahoo.com.br2023-12-06T00:00:00+00:00Copyright (c) 2023 https://periodicos.pucminas.br/index.php/cadernoscespuc/article/view/30764Poesia e Prosa em Moçambique: notas sobre a literatura moçambicana2023-12-06T11:04:13+00:00Jardel Pereira Fernandesjardell_jf@hotmail.com<p>Este trabalho pretende apresentar notas e registros sobre a Literatura Moçambicana, tanto na poesia quanto na prosa. A iniciativa se vincula às atividades do I SILAS Minas - Seminário Internacional de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, parceria entre as Universidades PUC Minas, UFMG, UFOP, UFV e UFVJM. Inicialmente proposta como curso de extensão, esta pesquisa apresenta importantes poetas e escritores de Moçambique, que nos permite pensar alguns aspectos estéticos, culturais, sociais e históricos deste país.</p> <p>Palavras-chave: literatura moçambicana; poesia; prosa; registros; SILAS.</p>2023-12-06T00:00:00+00:00Copyright (c) 2023 Editora PUC Minashttps://periodicos.pucminas.br/index.php/cadernoscespuc/article/view/30766Os sobreviventes da noite: provérbios africanos na roda de guerrilhas2023-12-06T11:04:13+00:00Auliam da Silvaauliam09@outlook.com<p>Este trabalho parte de uma leitura do romance Os sobreviventes da noite (2008), do escritor moçambicano Ungulani Ba Ka Khosa. A obra, valendo-se dos provérbios africanos, como intertextos, revela ao leitor uma gama de elementos da ancestralidade moçambicana/africana. As personagens, em meio aos acampamentos da guerra civil, utilizam os provérbios como forma de tentar entender a situação de guerrilha em que vivem. Nossa leitura parte da ideia de que os provérbios, como elaborações formais que Ba Ka Khosa se vale, nos permitem conhecer mais da tradição e cosmovisão moçambicana. Como arcabouço teórico, partiremos das ideias de Laura Cavalcante Padilha (2007), Adolfo Colombres (2000), James Obelkevich (1997), Catherine Fourshey (2019).<br>Palavras-chave: Provérbios Africanos; Literatura Moçambicana; Ungulani Ba Ka Khosa.ey (2019).</p>2023-12-06T00:00:00+00:00Copyright (c) 2023 Editora PUC Minashttps://periodicos.pucminas.br/index.php/cadernoscespuc/article/view/30780Oralidade, escrita e leitura na educação básica: reflexões a partir da literatura cabo-verdiana2023-12-06T11:04:13+00:00Luciana Genevan da Silva Dias Ferreiraluciana2706diasferreira@gmail.comElaine Cristina Andrade Pereira elaine.literatura10@gmail.com<p>Observam-se desafios múltiplos para se abordar literatura na educação básica atualmente, sobretudo literaturas africanas de língua portuguesa, conteúdo curricular previsto na Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2018) e assegurado também pela Lei 10.639/2003 (BRASIL, 2003). Entre as dificuldades mais recorrentes, podem-se destacar: a formação dos professores, a produção literária disponível e os tempos escolares destinados para o trabalho com a leitura literária. Assim, busca-se abordar essas questões sobre o ensino de literatura na educação básica, por meio de discussões teóricas, relacionadas ao trabalho com oralidade, escrita e leitura literárias nas séries iniciais do ensino fundamental, com objetivo geral de promover a formação de professores para atuar com literatura nesse nível de ensino, sendo os objetivos específicos os seguintes: identificar especificidades do texto literário e de sua leitura e escuta; conhecer os principais fundamentos teóricos que sustentam o conceito de leitura literária. Enfatiza-se, neste artigo, a literatura cabo-verdiana, observando-se a materialidade de duas obras literárias específicas, quais sejam, o poema “Ilhas”, de Jorge Barbosa (1935), e o conto “...Ou quando Santo Antão é apenas silêncio”, de Dina Salústio (1994), que encenam a insularidade da República de Cabo Verde, cada qual conforme seu contexto de produção. Para fundamentar a abordagem, fontes teóricas abrangem pesquisas sobre literatura e ensino, com Aparecida Paiva, Graça Paulino e Marta Passos (2006); Antoine Compagnon (2009); Paulo Franchetti (2009); Iris Amâncio (2008) e Márcia Marques de Morais (2020); sobre literatura como direito humano, com Antonio Candido (2004),e sobre oralidade cabo-verdiana, conforme perspectiva de Dulce Almada Duarte (2003).<br>Palavras-chave: literatura; educação básica; Cabo Verde; literaturas africanas de língua portuguesa; BNCC.</p>2023-12-06T00:00:00+00:00Copyright (c) 2023 Editora PUC Minashttps://periodicos.pucminas.br/index.php/cadernoscespuc/article/view/30771Imbricações entre literatura, história e feminismo: uma proposta de leitura para romances africanos de autoria feminina na contemporaneidade2023-12-06T11:04:14+00:00Stela Saesstelasaes@gmail.com<p>A partir de uma abordagem imbricada entre crítica literária, história e teorias feministas, é possível realizar uma leitura comprometida de obras literárias oriundas do continente africano, especialmente aquelas produzidas por mulheres na contemporaneidade. Ademais, a relação dialética proposta como metodologia permite analisar de que forma uma crítica literária comprometida com a totalidade pode contribuir com as formulações analíticas da literatura de autoria feminina no continente africano. Ainda, é necessário perceber quais são as reais condições de produção literária no tocante às escritoras, enquanto estão, justamente, nas trincheiras do sistema capitalista vigente. Então, é pelo viés imbricado entre literatura, história e feminismos, que o exercício de análise literária vai incidir sobre o modo como essas mulheres, no exercício da ficção e na construção de personagens, em suas trajetórias, no interior das narrativas, se expressam, se opõem e denunciam as condições materiais vividas. Dessa forma, apresenta-se uma proposta de leitura imbricada dos romances O alegre canto da perdiz, de Paulina Chiziane, Everything good will come, de Sefi Atta, e Do not go gentle, de Futhi Ntshingila, partindo sempre do texto literário para que o social, o histórico e as ideologias feministas se revelem na tessitura das próprias obras.<br>Palavras-chave: literaturas africanas; literatura comparada; feminismo; história; autoria feminina.</p>2023-12-06T00:00:00+00:00Copyright (c) 2023 Editora PUC Minashttps://periodicos.pucminas.br/index.php/cadernoscespuc/article/view/30762O papel da boa esposa em Niketche: uma história de poligamia, de Paulina Chiziane2023-12-06T11:04:14+00:00Francisca Patrícia Pompeu Brasilpbrasilpompeu@gmail.com<p>O presente artigo tem por objetivo analisar questionamentos e reflexões acerca da imagem da boa esposa no romance Niketche: uma história de poligamia, de Paulina Chiziane. Entre os questionamentos analisados, daremos destaque à forma como a personagem protagonista olha para o seu próprio corpo e à forma como esse olhar é “moldado” por práticas sociais e culturais do local onde vive. Através de um estudo comparativo com o conto “Branca de Neve”, de Wilhelm e Jakob Grimm, buscaremos interpretar a situação da mulher negra moçambicana, na condição de esposa, dentro de um relacionamento poligâmico. Foram utilizadas, como referencial teórico, as seguintes obras: A invenção das mulheres, de Oyèrónkẹ Oyěwùmí (2021); A dominação masculina, de Pierre Bourdieu (2015); O segundo sexo, de Simone de Beauvoir (2016), e A psicanálise dos contos de fadas, de Bruno Bettelheim (2001).<br>Palavras-chave: corpo feminino; poligamia; subalternização.</p>2023-12-06T00:00:00+00:00Copyright (c) 2023 Editora PUC Minashttps://periodicos.pucminas.br/index.php/cadernoscespuc/article/view/30760Do eu-lírico à “Nossa voz”: militância poética contra o colonialismo em Sangue negro, de Noémia de Sousa2023-12-06T11:04:14+00:00Samuel Maciel Martinssamuelmaciel99@gmail.com<p>Entre os anos de 1948 e 1951, Noémia de Sousa publica em periódicos, como o Brado Africano e Itinerário, os poemas que viriam a ser reunidos em Sangue negro, em 2001, pela Associação dos Escritores Moçambicanos (Aemo). No calor das agitações intelectuais e políticas efervescidas na Casa dos Estudantes do Império, a poética de Noémia de Sousa projeta uma voz coletiva contra o colonialismo em África. A partir desse aspecto de sua poesia, este artigo pretende analisar como o eu-lírico da autora alcança um “nós” coletivo e representativo para a luta anticolonial moçambicana e africana. Para tanto, serão o corpo do estudo os poemas “Nossa voz”; “Nossa irmã a lua”; “Súplica”; “Abri a porta, companheiros”; “Passe”; e “Justificação”, que integram a primeira seção do livro, intitulada “Nossa voz”. Consoante a isso, considera-se fundamental a reflexão sobre o movimento político-literário (SECCO, 2011) da poética de Sousa, o qual reverbera nos ideais dos movimentos de libertação pela independência no continente africano.<br>Palavras-chave: Sangue negro; anticolonialismo; “Nossa voz”.</p>2023-12-06T00:00:00+00:00Copyright (c) 2023 Editora PUC Minashttps://periodicos.pucminas.br/index.php/cadernoscespuc/article/view/30805Isaura e as faces da violência em Nós matamos o Cão Tinhoso,de Luís Bernardo Honwana2023-12-06T11:04:14+00:00Yago Viegas da Silvaviegasblack@gmail.com<p>Nós matamos o Cão Tinhoso é um conto de Luís Bernardo Honwana, autor moçambicano, publicado em 1964. Nesse conto, Honwana constrói uma narrativa permeada de inocência, conflitos internos e coletivos, violência e infância. A narrativa se passa em uma aldeia numa localidade rural de Moçambique, e há, nesta, a presença de um elemento simbólico negativo: um cachorro rabugento (cão tinhoso), doente e bastante fedorento, que nada consegue fazer além de causar náuseas e despertar o asco dos que o veem. A narrativa ganha força quando o Cão Tinhoso é condenado à morte, embora a personagem Isaura, uma menina que sofre exclusão e preconceitos diversos, seja a maior vítima da violência que se coloca. O objetivo deste artigo é analisar a trajetória da personagem Isaura e os tipos de violência sofridos por ela, dentre os quais destacam-se o institucional e o de gênero. Essa personagem personifica o povo colonizado subjugado, por ser mulher, ela tem sua situação agravada. Para este trabalho, foram utilizadas as reflexões de Connel, em seu “Políticas da masculinidade” (1995), e Infantes e Delgado, em “El significado de la masculinidad para el análisis social” (2011), que contribuem para a percepção da naturalização da violência contra a menina, que, na verdade, é a única a agir com compaixão e misericórdia diante do animal moribundo que dá nome ao conto.<br>Palavras-chave: violência de gênero; literatura africana; colonialismo; análise social.</p>2023-12-06T00:00:00+00:00Copyright (c) 2023 Editora PUC Minashttps://periodicos.pucminas.br/index.php/cadernoscespuc/article/view/30774Narrativa e Trauma em Vinte e Zinco, de Mia Couto2023-12-06T11:04:14+00:00Nathaly Ohanna Freitas da Silvanathaly22ohanna@gmail.comTerezinha Taborda Moreirataborda@pucminas.br<p>Este estudo busca investigar como o romance <strong>Vinte e Zinco</strong>, do escritor moçambicano, Mia Couto (2014), encena as experiências traumáticas do período colonial vivenciadas pelas personagens da obra. Por meio de conceitos como melancolia e luto; e encenação e elaboração, pretende-se evidenciar a polifonia de vozes que permeia a obra, a ligação entre o discurso histórico e o discurso ficcional, e ainda destacar a heterogeneidade na construção identitária dos sujeitos ficcionais, que reivindicam seu lugar de fala, seu modo de narrar e de lidar com os traumas causados pela violência do processo colonial. Para fomentar nossa discussão, recorreremos aos estudos de Abreu (2018), sobre a teoria do trauma; e a Bhabha (1998), para compreendermos o conceito de “entrelugar”<em>.</em></p>2023-12-06T00:00:00+00:00Copyright (c) 2023 Editora PUC Minashttps://periodicos.pucminas.br/index.php/cadernoscespuc/article/view/30800As tomadas de Chaimite na obra cinematográfica de Jorge do Canto e na literatura de Mia Couto2023-12-06T11:04:15+00:00Roberta Guimarães Francorobertagf@uol.com.brTânia de Resende Garciatania.garcia1@estudante.ufla.br<p>Joaquim Augusto Mouzinho de Albuquerque foi um tenente-coronel português que liderou o ataque ao último imperador africano da região sul de Moçambique: o Ngungunyane, na vila de Chaimite. Esse feito lhe trouxe muita glória e prestígio em Portugal, no final do século XIX, sendo então nomeado Governador-Geral de Moçambique em 1896. A captura de Ngungunyane, então, foi utilizada como propaganda pelo Estado Novo português, tornando-se estratégia de resgate da memória e de uso da História como um projeto político e de sistematização ideológica, além de um momento emblemático. Este emprego propagandístico se deu através da produção cinematográfica <em>Chaimite: a queda do Império Vátua </em>(1953), realizada pelo cineasta português Jorge Brum do Canto. Já como um personagem literário, no livro <em>Sombras da água</em> (2016), do escritor Mia Couto, a representação de Mouzinho se difere quando confrontada à da história portuguesa. Assim, o objetivo deste trabalho foi comparar as narrativas desse evento em ambas as perspectivas: cinematográfica e literária. Se o longa-metragem tinha como propósito a construção imagética de um herói a partir da História, na narrativa de Couto, diferentes são as impressões a respeito desse tenente-coronel, ora visto como um salvador da pátria, ora visto como mais um português soberbo em solo africano.</p>2023-12-06T00:00:00+00:00Copyright (c) 2023 Editora PUC Minashttps://periodicos.pucminas.br/index.php/cadernoscespuc/article/view/30779Teoria geral do esquecimento, de José Eduardo Agualusa: um diálogo entre ficção e História2023-12-06T11:04:15+00:00Christiane Gonçalves dos Reischrisgreis@gmail.com<p>Este trabalho tem como objetivo analisar a obra <strong>Teoria geral do esquecimento</strong> a partir da interseção de fronteiras entre história e ficção, já que a trama se desenvolve em Angola, durante duas longas guerras e outros conflitos importantes para esse país. Por tal motivo, refletirá acerca das diferenças existentes entre o que narra a ficção e os livros de historiografia, pois há eventos históricos de grande relevância para as trajetórias das personagens, por nelas interferirem positiva ou negativamente e aos quais o autor faz menção e/ou ficcionaliza. Por tudo isso, podemos dizer que Agualusa revisita o passado e flerta com o real enquanto cria sua obra, e esse processo de reescrever a história da nação por meio da ficção aponta naturalmente para um papel de afirmação cultural que a literatura foi chamada a desempenhar. É necessário ressaltar que boa parte da história angolana se encontra numa espécie de caixa-preta ainda não aberta e, por tal razão, uma das alternativas encontradas a fim de problematizar a história foi a via do romance, onde vamos nos deparar com os caminhos da memória e perceber que mecanismos são acionados com o objetivo de resgatar o ora enfumaçado trajeto de alguns países africanos. Para tanto, tomaremos como referência teórica autores como Linda Hutcheon, Rita Chaves e Maria Teresa Salgado, entre outros.</p>2023-12-06T00:00:00+00:00Copyright (c) 2023 Editora PUC Minashttps://periodicos.pucminas.br/index.php/cadernoscespuc/article/view/30985O legado de Mayombe em movimento pendular entre o ético e o estético2023-12-06T11:04:15+00:00Helder Rocha Castrohelder.prof2008@hotmail.comMarcelo Ferraz de Paulamarcelopaulo@pucminas.brRogério Max Canedo Silvarogeriosilva@pucminas.br<p>O artigo em questão discute as marcas testemunhais presentes no romance <em>Mayombe</em>, do autor angolano Pepetela. A problematização da questão se dá em função de um movimento pendular entre o ético e estético, em que a experiência colonial e o olhar (de dentro) de quem experienciou se inserem em uma forma literária trabalhada com extrema engenhosidade. Busca-se, por meio de exemplos retirados da obra e material crítico-teórico consistentes, aproximá-la do gênero <em>testimonio</em> e constatar o quão potente é a mensagem de resistência e humanidade nela presentes. Como também constatar que a estetização de um evento histórico não significou a desvalorização de uma obra de arte literária (por seu forte teor documental) tampouco atenuou a importância do relato histórico.</p>2023-12-06T00:00:00+00:00Copyright (c) 2023 Editora PUC Minashttps://periodicos.pucminas.br/index.php/cadernoscespuc/article/view/30782O musseque em “Quinaxixe”: concepções de espaço e realismo no conto de Arnaldo Santos2023-12-06T11:04:15+00:00Dayane Argentinodayane.argentinodias@gmail.comSuelio Geraldo Pereirasueliop03@hotmail.com<p>O conto "Quinaxixe", escrito pelo angolano Arnaldo Santos, retrata vivamente a região pobre e periférica do Kinaxixe, um bairro periférico de Luanda, Angola. Esse espaço singular é representado na narrativa pelo escritor que recupera lembranças da sua infância, bem como no contexto sociocultural das tensas e conturbadas relações entre negros, mestiços e brancos, num período em que houve um crescimento dos musseques e uma maior migração de brancos portugueses para Angola. O leitor depara, dessa forma, com um conto que revela, em tons mais reais possíveis, um espaço marginal que se abre em variadas faces, tais como o cultural e social, tradicional e moderno, até o das estórias e brincadeiras. Tensionando, assim, compreender a representação e os desdobramentos do espaço no texto de Santos, assentamos este trabalho sobre o estudo de Tânia Pellegrini (2007) acerca do realismo, as reflexões de Luis Alberto Brandão (2013) referente ao espaço na literatura e, em complemento, as revisões espaciais de Doreen Massey (2008) e Yi-Fu Tuan (1983). A partir dessas leituras, descortinamos, no texto de Santos, um processo ativo que não se limita à singular conciliação do externo com o interno na concepção do espaço. “Quinaxixe” apresenta, para além de realidades sociais (elementos externos) refletidas, um processo de mediação no qual o conteúdo de inspiração sofre modificações para adentrar na tessitura textual (interior) e, assim, forjar o realístico espaço estético-ficcional do musseque.</p>2023-12-06T00:00:00+00:00Copyright (c) 2023 Editora PUC Minashttps://periodicos.pucminas.br/index.php/cadernoscespuc/article/view/30817O segredo da morta: romance colonial ou angolano?2023-12-06T11:04:16+00:00João Ngola Trindadengolatr@hotmail.com<p>Neste artigo, o autor aborda, inicialmente, e de forma sucinta, o romance africano, focando-se, de seguida, no seu surgimento em Angola, assinalado com a publicação, em 1934, de O Segredo da morta, de António de Assis Júnior. A análise da obra chama atenção para o fato de a mesma ter sido apresentada ao concurso de literatura colonial portuguesa, organizado pela Agência Geral das Colónias, e para a sua apropriação pela literatura angolana. O quadro teórico é suportado pelo artigo de Wole Soyinka e, sobretudo, pelos ensaios de Mário Pinto de Andrade, principal teórico das literaturas africanas de língua portuguesa.</p>2023-12-06T00:00:00+00:00Copyright (c) 2023 Editora PUC Minashttps://periodicos.pucminas.br/index.php/cadernoscespuc/article/view/30773Rappers: os guardiões da memória africana2023-12-06T11:04:16+00:00Miguel Lombaslombadas1990@gmail.com<p>Este artigo pretende analisar a importância dos rappers como os griôs da contemporaneidade, enquanto o agente social, cultural e político da sua comunidade. Revestidos das identidades africanas, os rappers mais precisamente os Emceein - através de manifestações artísticas, marcadamente a música, resgatam uma africanidade que se enquadra em questões e problemas atuais, tendo atuado como importantes vozes na denúncia do monopólio da violência do Estado. Para isso, parte de estudos sobre o griô, narrador da ancestralidade africana nas obras de Amadou Hampate Bâ, Jean Vansina, Hama, Joseph Ki-Zerbo, encontrando as especificidades dessas relações de guardiões da memória do seu povo, mantendo viva uma tradição ancestral, os rappers MCK e Emicida operam como elementos hereditários das culturas africanas e suas ressignificações em seus territórios. Os resultados apontam para uma poética coletiva no rap, um coletivo comprometido com as camadas sociais de onde advêm.</p> <p> </p>2023-12-06T00:00:00+00:00Copyright (c) 2023 Editora PUC Minashttps://periodicos.pucminas.br/index.php/cadernoscespuc/article/view/30795Masala: a jornada de construção de um herói preto2023-12-06T11:04:16+00:00Manuela Luiza de Souzamanuela.souza@ufvjm.edu.brRoberta Maria Ferreira Alves roberta.alves@ufvjm.edu.br<p>A palavra herói deriva do grego <em>hḗrōs</em>, aludindo a uma figura ambivalente, que reúne características e/ou potencialidades, como: coragem, sabedoria e força física. De acordo com “[a] Jornada do herói”, de Joseph Campbell (1989), tal processo apresenta uma complexidade psicológica, social e étnica, configurada em uma fraqueza, uma limitação no protagonista da história. Nesse contexto, as Histórias em Quadrinhos (HQ) ou as Bandas Desenhadas (BD), por meio da criação literária, expressam os anseios da imaginação, o fazer ficcional e o papel do mito na construção de heróis em sociedades variadas. Conforme Clyde W. Ford (2000), o herói preto representa a luta pela liberdade, por justiça e por autonomia, em um contexto de supremacia branca, se torna fundamental que heróis e heroínas em diáspora, possam fazer referência aos mitos e às lendas criados e proferidos por seus ancestrais. Assim, buscamos analisar a hibridização em consonância com a reciclagem na figura do herói tendo como base a BD angolana, <strong>Masala, o leopardo</strong>: um passo para a liberdade (1989), de Lito Silva. Como zonas de fronteira apontamos aproximações em relação a conceitos de “Heroísmo” e “Identidade” segundo perspectivas de Adichie (2019), hooks (2019), Hall (2006), Ford (2000) e Campbell (1989), em diálogo com a remediação ressignificada de “Necropolítica” de Mbembe (2018). Dessa maneira, propomos ponderar como a BD, considerando tanto os encontros como os desencontros. delineia o herói, tendo em vista seu período historiográfico de criação e os elementos verbais e não verbais que compõem a história repetindo o ideário de um herói europeu.</p>2023-12-06T00:00:00+00:00Copyright (c) 2023 Editora PUC Minas