Cadernos CESPUC de Pesquisa Série Ensaios

Porque ensinar literatura

Vera Lopes da Silva, Célia Abicalil Belmiro — sex, 22 nov 2024 06:12:18 -0300

Editorial.

Avanços e possibilidades da prática docente com o letramento literário na educação básica

Telma Borges da Silva, Maria da Penha Brandim de Lima — sex, 13 set 2024 00:00:00 -0300

O termo Letramento surgiu no Brasil em 1986, no livro No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística, de Mary Kato. Desde então, pesquisadores como Ângela Kleiman, Magda Soares, Luiz Antônio Marcuschi e Leda Verdiani Tfouni têm explorado o conceito, ampliando seu uso na educação. Magda Soares distingue entre alfabetização e letramento, enfatizando que o último envolve o uso social da leitura e da escrita. O letramento literário, introduzido por Graça Paulino, destaca a importância de uma relação pessoal com a literatura, indo além do ensino formal. Rildo Cosson propõe práticas que combinam aprendizado e prazer na leitura literária. O Profletras, programa de pós-graduação, busca capacitar professores de Língua Portuguesa, promovendo o letramento literário como parte essencial da educação. O curso aborda temas como diversidade textual e estratégias de ensino, visando a melhoria do ensino fundamental. O programa inclui uma dissertação de mestrado e propostas de intervenção pedagógica, como as analisadas em três estudos de caso: Poesia. Presente!, Alunos booktubers e Letramento Literário: redescobrindo a leitura por meio de contos infantojuvenis em que evidenciamos a aplicação de conceitos e a perspectiva de abordagem realizada na proposição de atividades em sala de aula de ensino fundamental da rede pública de ensino.

Perfil leitor de jovens ingressantes no ensino médio

Marta Passos Pinheiro, Micheline Madureira Lage — sex, 13 set 2024 00:00:00 -0300

Este trabalho apresenta resultados de uma pesquisa, de caráter quantitativo e qualitativo, sobre os hábitos culturais, com ênfase nos de leitura literária, dos estudantes que ingressam nos cursos técnicos integrados ao ensino médio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás - Câmpus Goiânia. A partir da concepção de literatura como direito humano, de Antonio Candido, procuramos responder à pergunta “o que o jovem lê?”, apresentando uma reflexão sobre o perfil leitor dos estudantes. Foram utilizados como referencial teórico Candido, Paulino, Ceccantini e Cosson. Os resultados mostraram um fértil diálogo das obras literárias mais apreciadas pelos jovens com as séries de plataformas de streaming, as redes sociais, o cinema e outros nichos culturais que costumam fazer parte do universo juvenil. O entendimento desse perfil pode subsidiar professores na criação de novas estratégias metodológicas para o ensino de literatura.

A leitura dramática e a formação de leitores

Claudson Faustino, José Hélder Pinheiro Alves — sex, 13 set 2024 00:00:00 -0300

A formação de leitores de obras literárias constitui-se um desafio constante da escola. Nesse contexto, a leitura do texto dramático quase sempre ausente da formação de leitores, constitui-se numa alternativa. Nosso objetivo é propor uma vivência de leitura dramática de um fragmento da obra Romance do conquistador, de Lourdes Ramalho. Para tanto, lançamos mão de procedimentos de leitura oral que enfatizam a busca, através da repetição, de entonações, tons, pausas, andamentos, dentre outros recursos de estimulo literário. Teoricamente nos respaldamos nas reflexões sobre a formação de leitores em Marinho e Pinheiro (2012), Bordini e Aguiar (1988) bem como nas indicações e relatos de vivências de leitura dramática trazidos por Pascolati (2020), Stanislavski (1988) e nas indicações de Bajard (2007). Destacamos a importância do debate sobre questões que a obra suscita bem como sobre as diferentes possibilidades de realização oral do texto.

Entre palavras e imagens

Gislene Ferreira da Silva — sex, 13 set 2024 00:00:00 -0300

Nesse estudo destacamos o reconto como estratégia de letramento literário a partir da leitura de Sagatrissuinorana (2020). Escrita por João Luiz Guimarães e ilustrada por Nelson Cruz, a obra recria o estilo literário do escritor mineiro João Guimarães Rosa (1908-1967) e atualiza o conto clássico, Os três porquinhos (2004) no diálogo entre texto e imagem. Assim, nessa leitura consideramos as perspectivas teóricas de Cosson (2016) sobre letramento literário e de Hunt (2010), sobre o livro-ilustrado. Ao descrever como a confluência entre a linguagem rosiana e as aquarelas contribuem para o letramento literário, compreendemos a importância do reconto na formação de leitores.

Composições para o público infantil e a formação do leitor

Mikaella Pereira da Silva — sex, 13 set 2024 00:00:00 -0300

Este artigo analisa comparativamente dois objetos: a obra Sagatrissuinorana (2021), escrita por João Luiz Guimarães e ilustrada por Nelson Cruz, e o Programa Conta pra mim ― especialmente a versão ali inscrita do conto Os três porquinhos ―, parte da política governamental de alfabetização, promovido pela gestão federal dos anos 2019 a 2022 e em continuidade no governo que inicia sua atuação em 2023. Ambas serão consideradas quanto a seu papel na promoção da formação leitora, como elementos passíveis de análise e seleção do professor. Com relação a Sagatrissuinorana (2021), nos debruçaremos sobre a materialidade que a distingue como um reconto em que estão intrincados linguagem verbal e não verbal (a ponto de serem indissociáveis as funções de escritor e ilustrador)para o que contribuem os elementos basais: i. o diálogo entre a trama e sua ilustração, atrelado a uma reconfiguração de um evento da realidade: os trágicos e criminosos atos das mineradoras nas cidades de Mariana e Brumadinho, localizadas no Estado de Minas Gerais; ii. a intertextualidade, também em diálogo com a ilustração, em especial com a composição tradicional Os três porquinhos e o corpus de obras de João Guimarães Rosa, a exemplo dos contos Fita Verde no Cabelo (2008), Sagarana (2001), A terceira margem do rio (2017), e o romance Grande Sertão: Veredas (2021). Com relação ao Conta pra mim, trataremos mais especificamente das ilustrações presentes na elaboração do conto tradicional Os três porquinhos, pondo em questão as estratégias de sua composição, construídas por um viés que mais cerceia que promove a formação leitora.

Crítica Literária, ensino de literatura e best-sellers

Gabriel Felipe da Silva — sex, 13 set 2024 00:00:00 -0300

Os debates acerca da literatura e seu ensino estão em constante discussão nos campos da educação no Brasil, no entanto alguns pontos merecem maior destaque, haja vista sua especial relevância para o ensino de literatura. Nesse sentido, o artigo pretende investigar de que maneira obras relegadas pela crítica podem desempenhar um papel positivo no ensino de literatura e na formação de leitores na Educação Básica. Embora alguns críticos estigmatizem e, preconceituosamente, definam como um tipo de literatura menor, ou mesmo não literatura, estes textos literários têm sido objeto de grande consumo por crianças, adolescentes e jovens adultos, o que denota a importância dessas obras. As discussões, pelos estudos literários, em programas de literaturas, sobre o ensino de literatura são poucas, em razão de pesquisadores da área considerarem ser um tema a ser discutido pelos estudiosos da educação, tese que discordamos. Dessa forma, o artigo se justifica para preencher a lacuna existente, além de inserir os estudos literários em um tema extremamente caro para estudantes e pesquisadores de literatura.

Dos jornais ao universo infantil

Vera Lopes da Silva, Daniel Vecchio — sex, 13 set 2024 00:00:00 -0300

Neste artigo, veremos como a crônica “O lagarto” desloca-se do contexto jornalístico (local de origem), inserindo-se cada vez mais no espaço literário, de modo a atingir o seu grau máximo de literariedade ao ser publicada como um distinto conto de fadas. Assim, da realidade vivente ao maravilhoso, perpassaremos pelas técnicas de transposições aplicadas sobre a crônica saramaguiana, sempre se atendo às operações refigurativas do texto em suas variadas edições. Nossa estratégia de análise consistirá na aproximação e diferenciação entre a crônica e o conto como modalidades do texto literário, visto que, nas distintas edições produzidas a partir do texto original, veremos que a crônica tende a se afastar da referencialidade factual e a se aproximar, mais pormenorizadamente, da narrativa infantil. Portanto, tendo em vista os processos de hibridização como ponto de partida teórico para o desenvolvimento deste trabalho, buscaremos refletir sobre as possíveis relações entre a crônica e o conto, tendo como base teórica os estudos de Dominique Maingueneau (1990), Ítalo Calvino (1999) e Nellly Novaes Coelho (1987) e Peter Hunt (2010).