O Indígena pelo olhar de Gonçalves Dias: uma representação multifacetada nas obras "Primeiros Cantos" e "Segundos Cantos"
Resumo
O presente artigo visa realizar uma análise histórica das obras “Primeiros Cantos” e “Segundos Cantos” do poeta maranhense Gonçalves Dias, estabelecendo um diálogo entre história e literatura, de modo a compreender seu olhar sobre o indígena, figura capital em sua poética. A análise dos poemas adota a teoria das representações de Roger Chartier, buscando apreender a complexa trama entre condições socioculturais de produção, a vida do poeta, a emergência do romantismo e as políticas indigenistas do século XIX. Nesse sentido, foi possível desvelar o retrato do indígena como um símbolo de força do império brasileiro, recém independente, bem como instrumento de crítica do projeto estatal de assimilação das populações indígenas enquanto cidadãos, o que permitiu oferecer um contraponto a certas interpretações da crítica literária que descartam a historicidade dos textos. Demonstra-se, além disso, os interesses do literato na sua busca por reconhecimento no campo da literatura nacional, o que lhe impeliu certas decisões durante a construção poética. Por último, perscruta-se, brevemente, a literatura contemporânea e posterior ao escritor, expondo a perenidade da sua concepção do indígena.
Downloads
Referências
ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL VOL. 84. Correspondência ativa de Antônio Gonçalves Dias. Divisão de publicações e divulgação: Rio de Janeiro, 1971.
DENIS, Ferdinand. Résumé de l'histoire littéraire du Portugal, suivi du résumé de l'histoire littéraire du Brésil. Paris: Lecointe et Durey Libraries, 1826. Disponível em: https://bibdig.biblioteca.unesp.br/handle/10/25963. Acesso em: 20 set. 2020.
DIAS, Gonçalves. Cantos: Collecção de Poezias. 2. ed. Leipzig: F. A. Brockhaus, 1857. Disponível em: https://digital.bbm.usp.br/handle/bbm/4423. Acesso em: 12 jul. 2020.
______________. Obras póstumas de A. Gonçalves Dias. Vols. I, III, VI. São Luís, Maranhão: [s. n.], 1868. Disponível em: http://digital.bbm.usp.br/handle/bbm/4401. Acesso em: 20 nov. 2019.
DIRETÓRIO QUE SE DEVE OBSERVAR NAS POVOAÇÕES DOS ÍNDIOS DO PARÁ, E MARANHÃO, ENQUANTO SUA MAJESTADE NÃO MANDAR O CONTRÁRIO. 1758. Disponível em: http://lemad.fflch.usp.br/sites/lemad.fflch.usp.br/files/201804/Diretorio_dos_indios_de%29_1757.pdf. Acesso em: 8 jan. 2020.
GUANABARA, Revista Mensal Artistica, Scientifica e Literaria. Dirigida por: Manoel de Araújo Porto-Alegre, Antônio Gonçalves Dias, Joaquim Manoel de Macedo. Tomo I. Rio de Janeiro: Tipografia Guanabarense de L. A. F. Menenezes, 1850. Disponível em: http://hdl.handle.net/fcrb/244. Acesso em: 22 ago. 2019.
NITHEROY, Revista Brasiliense: Sciencias, Lettras e Artes. Tomo I. N° 1. Paris: Dauvin et Fontaine, Libraries, 1836. Disponível em: https://digital.bbm.usp.br/handle/bbm/6859. Acesso em: 10 ago. 2020.
REGULAMENTO ACERCA DAS MISSÕES DE CATECHESE, E CIVILISAÇÃO DOS IUNDIOSR. Decreto n. 426, 24 de julho de 1845, por José Carlos Pereira de Almeida Torres com rubrica do Imperador Dom Pedro II. Disponível em: http://legis.senado.leg.br/norma/387574/publicacao/15771126. Acesso em: 1 fev. 2020.
AMORA, Manoel Albano. José de Alencar, poeta. Ceará: Academia cearense de Letras, 1965. Disponível em: http://www.academiacearensedeletras.org.br/revista/revistas/1965/ACL_1965_05_Jose_de_Alencar_Poeta_Manoel_Albano_Amora.pdf. Acesso em: 25 mar. 2020.
ASSIS, Machado de. Americanas. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2062. Acesso em: 09 out. 2019.
__________________. José de Alencar: Iracema. Disponível em: http://machado.mec.gov.br/obra-completa-lista/itemlist/category/28?order=year&start=12. Acesso em: 17 jun. 2019.
BOSI, Alfredo. História concisa da Literatura Brasileira. 41. ed. São Paulo: Cultrix, 2003.
CABRAL, Maria do Socorro Coelho. Caminhos do Gado: a conquista e ocupação do sul do Maranhão. 2. ed. São Luís: Edufma, 2008.
CÂNDIDO, Antônio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. Vol. 1, 2. 6. ed. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia, 2000.
CARVALHO, José Murilo de. A Formação das Almas: o imaginário da República no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
CERTEAU, Michel de. A escrita da história. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1982.
CHARTIER, Roger. História Cultural: entre práticas e representações. Algés: Difel, 2002.
DIAS, Gonçalves. Cantos. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
FALBEL, Nachman. Os fundamentos históricos do romantismo. In: GUINSBURG, Jacob (Org.). O Romantismo. 4. ed. São Paulo: Perspectiva, 2013. p. 23-50.
FRANCHETTI, Paulo. Estudos de literatura brasileira e portuguesa. São Paulo: Ateliê Editorial, 2007.
FREYRE, Gilberto. Vida social no Brasil nos meados do século XIX. 4. ed. São Paulo: Global, 2009.
GUIMARÃES. Bernardo. O elixir do Pajé. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraDownload.do?select_action=&co_obra=16583&co_midia=2. Acesso em: 3 fev. 2020.
IMPRENSA NACIONAL. Collecção das leis do Brazil. Rio de Janeiro: [s. n.], 1891. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/legislacao/colecao-anual-de-leis/copy_of_colecao1.html. Acesso em: 12 mar. 2019.
JOBIM, José Luís. Indianismo literário na cultura do romantismo. Revista de Letras UNESP. São Paulo, Vol. 46, n. 1, p. 191-208, jan./jun., 2006. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/letras/article/view/48/42. Acesso em: 12 jun. 2019.
MARANHÃO, Arquivo Público do Estado. Repertório de Documentos para a História Indígena no Maranhão. São Luís: SECMA, 1997.
MARTIUS, Karl Friedrich von. Como se deve escrever a história do Brasil. Revista de História de América. n. 42, p. 433-458, dez., 1956. Disponível em: https://www.academia.edu/16092043/Como_se_deve_escrever_a_Historia_do_Brasil_Author_s_Karl_Friedrich. Acesso em: 14 abr. 2019.
MÉTRAUX, Alfred. A religião dos Tupinambás: e suas relações com as demais tribos Tupi-guaranis. Tradução por Estevão Pinto. São Paulo: Comp. Editora nacional, 1950.
NUNES, Benedito. A visão romântica. In: GUINSBURG, Jacob (Org.). O Romantismo. 4. ed. São Paulo: Perspectiva, 2013. p. 51-74.
PEREIRA, Lúcia Miguel. A vida de Gonçalves Dias. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2018.
RIBEIRO, Luís Felipe. Mulheres de papel: um estudo do imaginário em José de Alencar e Machado de Assis. Ed. EDUF: Niterói, 1996.
RICARDO, Cassiano. Gonçalves Dias e o Indianismo. In: COUTINHO, Afrânio. A literatura no Brasil. 7. ed. São Paulo: Global, 2004. p. 70-138.
SAMPAIO, Patrícia Melo. Política indigenista no Brasil imperial. In: GRINBERG, Keila; SALLES, Ricardo. O Brasil Imperial. Vol. 1: 1808-18031. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011. p. 177-201.
SANTOS, Raimundo Lima dos. O sertão inventado: a percepção dos sertões maranhenses pelo olhar de Francisco de Paula Ribeiro. Revista de História Regional. Vol. 16, n. 1, p. 209-234, 8 abr. 2011. Disponível em: https://revistas2.uepg.br/index.php/rhr/article/view/2429. Acesso em: 23 ago. 2020.
VERÍSSIMO, José. História da literatura brasileira. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraDownload.do?select_action=&co_obra=2127&co_midia=2. Acesso em: 25 fev. 2019.
Copyright (c) 2021 Cadernos de História
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
O envio de qualquer colaboração implica, automaticamente, a cessão integral dos direitos autorais à PUC Minas. Solicita-se aos autores assegurarem:
A inexistência de conflito de interesses (relações entre autores, empresas/instituições ou indivíduos com interesse no tema abordado pelo artigo), órgãos ou instituições financiadoras da pesquisa que deu origem ao artigo.
Todos os trabalhos submetidos estarão automaticamente inscritos sob uma licença creative commons do tipo "by-nc-nd/4.0".