Memórias de “dois capoeiras aos pés do berimbau”: ocupando espaços e superando os desafios em Vitória da Conquista-BA (1980-2000)
Resumo
Este trabalho é fruto de pesquisas realizadas na dissertação do Programa de Pós-graduação em Memória: Linguagem e Sociedade, da UESB. Ao entender a Capoeira como uma construção realizada a partir das matrizes civilizatórias africanas, este artigo mostra os desafios gerados pelas tensões existentes em Vitória da Conquista-Ba, como resultados obtidos durante os estudos de mestrado. Existência de tensões ocasionadas pelos conflitos ao longo do processo de disseminação da Capoeira que ilustram as lutas enfrentadas atualmente pelo Mestre Acordeon e pelo Mestre Pantera, apontados na cidade como os principais disseminadores da Capoeira nas décadas de 1980 e 1990. Para isso, utilizamos como referencial teórico-metodológico os escritos de Nora (1993), Fentress e Wickham (1992), Portelli (1997) e Meihy (2010), pois as memórias destes conflitos possibilitaram investigar o processo de disseminação da Capoeira em Vitória da Conquista até os anos 2000. Os resultados apontaram conflitos e tensões relacionadas à busca de empregabilidade e sustentabilidade; desmoralização; resistência ao preconceito racial; enfrentamentos políticos; disputas de memórias; ocupação de espaço e autonomia; iniciativas que impulsionaram a disseminação da capoeira.
Downloads
Referências
ABIB, P. R. J. Capoeira Angola: cultura popular e o jogo dos saberes na roda. 2004. Tese (Doutorado em Educação). Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas-SP, 2004.
ALVES, P. P.; MONTAGNER, P.C. A esportivização da capoeira: reflexões teóricas introdutórias. Revista da Faculdade de Educação Física da UNICAMP, v.6, jul. ed. especial Campinas, p. 510-521, 2008.
ARAÚJO, B. C. L. C. A. capoeira na sociedade do capital: a docência como mercadoria-chave na transformação da capoeira no século XX. 2008 (Dissertação). Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências da Educação. Programa de Pós-Graduação em Educação. Mestrado em Educação, 2008. Disponível: https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/91592/258701.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso: 04 de dez 2019.
ARÓSTEGUI, J. A pesquisa histórica: teoria e método. Bauru: Edusc, 2006.
BATISTTA, I. A. T. Uso da imagem do negro para a promoção do turismo da Bahia. III Seminário Políticas para diversidade cultural, 2014. Disponível: https://diversidadeculturaldotorg1.files.wordpress.com/2014/07/spdc14_iury-abreu-tavares-batistta.pdf. Acesso em: 04 dez de 2019.
CALDAS, A. L. Oralidade, texto e história: Para ler a história oral. São Paulo: Loyola, 1999.
CAMPOS, Lima. A capoeira. Revista Kosmos, Rio Janeiro, ano 3, n. 62, mar. 1906. Disponível em: https://itanobe.com/2013/08/17/revista-kosmos-1906/. Acesso em: 10 dez de 2009
CORSARO, W. A. Sociologia da Infância. Porto Alegre: Artmed, 2011.
COUTO, A. A. (MESTRE ZOIÃO). Arte da Capoeira. História e Filosofia. Salvador: Gráfica Santa Helena, 1999.
FALCÃO, J. L. C. Fluxos e refluxos da capoeira: Brasil e Portugal gingando na roda. Análise Social, vol. XL (174), 2005, 111-133. Disponível: http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1218709063N7nVD0cp8Qb02OZ6.pdf. Acesso: 02 de dez de 2019.
FENTRESS, J.; CHRIS, W. Memória Social: novas perspectivas sobre o passado. Trad. Telma Costa. Lisboa: Teorema, 1992.
FERRAZ, A. E. Q. O urbano em construção: Vitória da Conquista, um retrato de duas décadas. Vitória da Conquista: UESB, 2001.
HALBWACHS, M. A memória coletiva. Trad. de Beatriz Sidou. São Paulo: Centauro, 2003.
MARTA, F. E. F. O caminho dos pés e das mãos: Taekwondo. Arte marcial, esporte e colônia coreana em São Paulo (1970 – 2000). 2004. Dissertação (Mestrado) - Programa de Estudos Pós-graduação em História da Puc/SP, São Paulo, 2004.
MEIHY, J. C. S. B. Manual de história oral. São Paulo: Loyola, 2002.
NORA, P. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Projeto História. Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em História e do Departamento de História da PUC-SP, n. 10. São Paulo, dez.-1993.
OLIVEIRA, E. Cosmovisão africana no Brasil: elementos para uma filosofia afrodescendente. Curitiba. Editora Gráfica Popular, 2006.
POLLAK, M. Memória, esquecimento, silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 2, n. 3, p. 3-15, 1989.
PORTELLI, A. A filosofia e os fatos: narração interpretação e significado nas memórias e nas fontes orais. Tempo. Rio de Janeiro, v 1, n.2, p. 59-72, 1997.
REIS, L. V. S. A capoeira: de doença moral à gymnástica nacional. Revista História, São Paulo, n. 129-131, p. 221-235, ago-dez. 1993 a ago.-dez. 1994.
RUFINO, P. G. Circularidade: Discutindo inclusão nas perspectivas da educação das relações étnico-raciais (erer) afro-brasileiras, 2013. Disponível: http://www.acordacultura.org.br/artigos/15102013/circularidade-discutindo-inclusao-nas-perspectivas-da-educacao-das-relacoes-etnicos-raciais-erer-afro-brasileiras. Acesso: 07 maio de 2020.
SILVA, J. M. F. da. A Linguagem do Corpo na capoeira. Rio de Janeiro: Sprint, 2003.
SILVA, S. C. Campo de saberes da capoeira cearense: um estudo sobre o Centro Cultural Capoeira Água de Beber (2002-2016). Tese (doutorado) – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação, Fortaleza, 2017.
SODRÉ, M. A verdade seduzida. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1983.
SOUZA, M. de M. e. África e Brasil africano. São Paulo. Ática, 2006.
TAVARES, J. C. de. Dança de guerra, arquivo e arma: elementos para uma teoria da capoeiragem e da comunicação corporal afro-brasileira. Belo Horizonte: Nandyala, 2012.
VIEIRA, L. R.. O Jogo da Capoeira. Rio de Janeiro – Srint. 2ª edição – 1998.
VIEIRA, L. R.; ASSUNÇÃO, M. R. Os desafios contemporâneos da capoeira. (Textos do Brasil, 14: Capoeira) Brasília: Ministério das Relações Exteriores, 2009.
Copyright (c) 2021 Cadernos de História

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
O envio de qualquer colaboração implica, automaticamente, a cessão integral dos direitos autorais à PUC Minas. Solicita-se aos autores assegurarem:
A inexistência de conflito de interesses (relações entre autores, empresas/instituições ou indivíduos com interesse no tema abordado pelo artigo), órgãos ou instituições financiadoras da pesquisa que deu origem ao artigo.
Todos os trabalhos submetidos estarão automaticamente inscritos sob uma licença creative commons do tipo "by-nc-nd/4.0".