A proteção jurídica dos territórios quilombolas no Plano Diretor do Município do Serro

  • Matheus de Mendonça Gonçalves Leite Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
  • Márcia Cristina Gama Zanon Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
  • Eugênia Chilombo Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
  • Julia Guimarães
  • Tairine Grazziella Machado Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
  • André Tourinho Ribeiro Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
Palavras-chave: Comunidades Quilombolas e Territórios. Proteção Jurídica dos Territórios Quilombolas. Plano Diretor Municipal.

Resumo

Este artigo tem o objetivo de expor a ampla mobilização e participação popular das lideranças quilombolas, no processo de Revisão do Plano Diretor do Município do Serro (PDM). O PDM que está atualmente em vigor não reconhece a existência dos territórios quilombolas e, o que é pior, autoriza a implantação no interior destes territórios de empreendimentos econômicos incompatíveis com a preservação das formas de vida quilombolas. O projeto de extensão “A luta pelo reconhecimento dos direitos fundamentais das comunidades remanescentes de quilombo” atuou, então,  para promover a tomada de consciência das lideranças quilombolas sobre as relações de opressão proporcionadas pelo PDM, mobilizando as comunidades quilombolas tradicionais do Serro para exigir a revisão deste documento, no sentido de se lhes reconhecer os direitos étnicos e territoriais. Utilizando-se da metodologia da pesquisa-ação, o projeto de extensão construiu, de modo dialógico com as lideranças quilombolas, um discurso jurídico para justificar o reconhecimento dos territórios quilombolas e a destinação destes territórios ao uso exclusivo das comunidades quilombolas. E, em virtude da ampla mobilização das lideranças quilombolas, foi aprovada, em audiência pública realizada no dia 26 de setembro de 2017, uma minuta de Projeto de Lei de Revisão do Plano Diretor, com o reconhecimento dos direitos étnicos e territoriais reivindicados pelas comunidades quilombolas. Espera-se, agora, a aprovação  do Projeto de Lei de Revisão do Plano Diretor pela Câmara dos Vereadores do Município de Serro, de modo a se reconhecer, de modo formal e explícito, os direitos étnicos e territoriais das comunidades quilombolas nas leis municipais. A conclusão do trabalho é que as classes e grupos subalternizados precisam promover uma ampla mobilização e participação popular, na luta pelo reconhecimento de direitos que permitam a superação das relações de exploração e opressão a que estão submetidos tais classes e grupos sociais.

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Biografia do Autor

Matheus de Mendonça Gonçalves Leite, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Doutor em Teoria do Direito (2014) e Mestre em Direito Público (2008) pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Graduado em Direito pela Faculdade de Direito Milton Campos. Atualmente é Professor Adjunto IV da Pontifícia Universidade de Minas Gerais, lecionando as seguintes disciplinas: Introdução ao Estudo do Direito, Filosofia do Direito, Direito Constitucional e Direito Previdenciário. Membro do Colegiado do Curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, campus Serro. Coordenador de Extensão do Curso de Direito, da PUC-Minas, Betim. Coordenador do Projeto de Extensão "A luta por reconhecimento dos direitos fundamentais das comunidades remanescentes de quilombo". Idealizador e Colaborador do Projeto de Extensão "A inserção dos agricultores familiares do Estado de Minas Gerais na rede de proteção social do Regime Geral de Previdência Social". Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Filosofia do Direito, Sociologia Jurídica e Direito Público, atuando principalmente nos seguintes temas: antropologia jurídica, filosofia do direito, sociologia jurídica, direito constitucional e direito previdenciário.
Márcia Cristina Gama Zanon, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
Graduanda do Curso de Direito da PUC/Minas/ Praça da Liberdade. Extensionista do Projeto de Extensão “A luta pelo reconhecimento dos direitos fundamentais das comunidades remanescentes de quilombo”. E-mail: marciacgz@gmail.com
Eugênia Chilombo, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
Graduanda do Curso de Direito da PUC/Minas / Praça da Liberdade. Extensionista do Projeto de Extensão “A luta pelo reconhecimento dos direitos fundamentais das comunidades remanescentes de quilombo”. E-mail:chiza10@yahoo.com.br.
Julia Guimarães
Graduanda do Curso de Direito da PUC/Minas / Praça da Liberdade. Extensionista do Projeto de Extensão “A luta pelo reconhecimento dos direitos fundamentais das comunidades remanescentes de quilombo”. E-mail:juliaguimaraes13@hotmail.com
Tairine Grazziella Machado, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Graduanda do Curso de Direito da PUC/Minas / Praça da Liberdade. Extensionista do Projeto de Extensão “A luta pelo reconhecimento dos direitos fundamentais das comunidades remanescentes de quilombo”. E-mail: tairinemachadog@gmail.com.

André Tourinho Ribeiro, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
Graduando do Curso de Direito da PUC/Minas / Praça da Liberdade. Extensionista do Projeto de Extensão “A luta pelo reconhecimento dos direitos fundamentais das comunidades remanescentes de quilombo”. E-mail: andretribeiro@hotmail.com.

Referências

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Publicado
27-06-2018