Extensão Rural, Agroecologia e a invenção dialógica da técnica
Resumo
O presente artigo resulta de uma tese de doutorado[1], cujo objetivo foi a investigação de uma prática extensionista em curso vinculada à agroecologia, descrevendo e analisando tal experiência a partir da concepção de ato técnico e de dialogicidade. Os principais alicerces teóricos foram erigidos a partir da leitura e estudo de Álvaro Vieira Pinto (2005) e Paulo Freire (1977, 1978, 1992, 2011). A Ecologia Política foi a base de conexão dos referenciais teóricos da pesquisa com as questões pertinentes à extensão rural e à agroecologia. A realização da pesquisa de campo se deu pela observação participante e entrevistas semi-estruturadas junto aos membros de um projeto que propõe a implantação de 4 Unidades de Pesquisa Participativa (UPPs) em municípios localizados no Espírito Santo. A experiência permitiu constatar que a agroecologia constitui um terreno fértil para o desenvolvimento de técnicas que se contrapõem ao modo hoje dominante de fazer agricultura. Durante a pesquisa, foi possível identificar e analisar momentos significativos desta vivência transdisciplinar que apontam para a radicalização da participação das famílias agricultoras alcançada por meio do diálogo entre pesquisa e extensão, bem como entre os diferentes sujeitos que participam do projeto.
[1] Citação omitida para assegurar avaliação pelos pares cega.
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