Poder no contexto de trabalho da estratégia de saúde da família: concepções dos profissionais assistencialistas

Bruno Neves da Silva; Cícera Renata Diniz Vieira Silva; Antunes Ferreira da Silva; Gerlane Cristinne Bertino Véras

Bruno Neves da Silva Mestrando em Enfermagem pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Cícera Renata Diniz Vieira Silva Universidade Federal de Campina Grande
Antunes Ferreira da Silva Universidade Federal de Campina Grande
Gerlane Cristinne Bertino Véras Universidade Federal de Campina Grande

Palavras-chave: Poder. Estratégia de saúde da família, Equipe de assistência ao paciente.

Resumo

Objetivou-se explicitar as percepções dos profissionais assistencialistas da Estratégia de Saúde da Família acerca da presença de poder no ambiente de trabalho. Trata-se de um estudo de natureza descritiva com abordagem qualitativa realizado junto a 20 trabalhadores assistencialistas da Estratégia de Saúde da Família do município de Nazarezinho, Paraíba. A coleta de dados foi realizada através de uma entrevista semiestruturada gravada, posteriormente transcrita e processada através do software IRaMuTeQ. A interpretação dos dados se deu através da utilização da Análise de Conteúdo. Foram constatadas concepções que perpassam pelas representações de conhecimento, tomada de decisão, convencimento e ajuda, e, segundo as percepções dos entrevistados, ocorre uma maior efetivação do exercício de poder pelos profissionais médicos e enfermeiros, fato que pode estar atrelado às divisões técnica e social do trabalho, e que permite verificar a existência de uma hierarquia na Estratégia de Saúde da Família que é naturalizada e que reproduz essas divisões. Faz-se necessário superar as micropolíticas do saber-poder e da hierarquização presentes no cenário da Estratégia de Saúde da Família, o que pode ser efetivado a partir do estabelecimento de relações pautadas na interdisciplinaridade e no trabalho em equipe.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Ministério da Saúde (BR). Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017. Brasília: Ministério da Saúde; 2017.

Oliveira HM, Pires TO, Parente RCP. As relações de poder na Estratégia de Saúde da Família sob o enfoque da teoria de Hannah Arendt. Sau. & Transf. Soc. 2011;1(2):17-26.

Villa EA, Aranha AVS, Silva LLT, Flôr CR. As relações de poder no trabalho da Estratégia Saúde da Família. Saúde debate. 2015; 39(107):1044-1052.

Soratto J, Witt RR, Pires DEP, Schoeller SD, Sipriano CAS. Percepções dos profissionais de saúde sobre a Estratégia de Saúde da Família: equidade, universalidade, trabalho em equipe e promoção da saúde/prevenção de doenças. Rev Bras Med Fam Comunidade. 2015; 10(34):01-07.

Oliveira HM, Moretti-Pires RO, Parente RCP. As relações de poder em equipe multiprofissional de Saúde da Família segundo um modelo teórico arendtiano. Interface- comunicação, saúde, educação. 2011; 15(37):539-50.

Ferreirinha IMN, Raitz TR. As relações de poder em Michel Foucault: reflexões teóricas. RAP. 2010; 44(2):367-383.

Maia AC. Sobre a analítica do poder de Foucault. Tempo Social. 1995; 7(1-2):83-103.

Santos PR. A concepção de poder em Michel Foucault. Especiaria - Cadernos de Ciências Humanas. 2016; 16(28):261-280.

Camargo BZ, Justo AM. Iramuteq: um software gratuito para análise de dados textuais. Temas em Psicologia. 2013; 21(2):513-518.

Bardin L. Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70; 2011.

Kami MTM, Larocca LM, Chaves MMN, Lowen IMV, Souza VMP, Goto DYN. Trabalho no consultório na rua: uso do software IRAMUTEQ no apoio à pesquisa qualitativa. Esc. Anna Nery. 2016;20(3):01-05.

Japiassú H, Marcondes D. Dicionário básico de filosofia. 4. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora; 2006.

Foucault M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal; 1979.

Mcewen M, Wills EM. Bases teóricas para enfermagem. 2. ed. Porto Alegre: Artmed; 2009.

Matumoto S, Fortuna CM, Mishima SM, Pereira MJB, Domingos NAM. Supervisão de equipes no Programa de Saúde da Família: reflexões acerca do desafio da produção de cuidados. Interface (Botucatu). 2005; 9(16):09-24.

Fortuna CM, Mishima SM, Matumoto S, Pereira MJB. O trabalho de equipe no programa de saúde da família: reflexões a partir de conceitos do processo grupal e de grupos operativos. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2005; 13(2):262-268.

Cardoso ACC. A organização do trabalho em equipe nos serviços de saúde - uma reflexão sobre as relações de hierarquia e poder entre profissionais. Revista Enfermagem Contemporânea. 2014; 3(2):98-103.

Uchimura KY, Bosi MLM. Habilidades e competências entre trabalhadores da Estratégia Saúde da Família. Interface - Comunic. Saúde, Educ. 2012; 16(40):149-60.

Bueno FMG, Queiroz MS. O enfermeiro e a construção da autonomia profissional no processo de cuidar. Rev Bras Enferm. 2006; 59(2):222-227.

Silva IS, Arantes CIS. Relações de poder na equipe de saúde da família: foco na enfermagem. Rev Bras Enferm. 2017; 70(3):607-615.

Foucault M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 35. ed. Petrópolis: Vozes; 2008.

Silva JCS. Foucault e as relações de poder: o cotidiano da sociedade disciplinar tomado como uma categoria histórica. Revista Aulas. 2007; 1(3):01-28.

SANTOS, D.S. et al. Processo de trabalho na Estratégia de Saúde da Família: potencialidades da subjetividade do cuidado para reconfiguração do modelo de atenção. Ciênc. saúde colet., v. 23, n.3, p. 861-870, 2018.

Ilha S, Dias MV, Backes DS, Backes MTS. Vínculo profissional-usuário em uma equipe da estratégia saúde da família. Cienc. Cuid. Saude. 2014; 13(3):556-562.

Cecílio LCO. Autonomia versus controle dos trabalhadores: a gestão do poder no hospital. Ciência & Saúde Coletiva. 1999; 4(2):315-329.

Marques ADB, Branco JGO, Cavalcante RC, Lima TR, Rolim KMC, Amorim RF. Os fatores de risco para infecção no domicílio estudados pela análise de similitude. Rev. Pre. Infec e Saúde. 2015; 1(2):20-27.

Jesus MS, Said FA. Autonomia e a prática assistencial do enfermeiro. Cogitare Enferm. 2008; 13(3):410-421.

Cavalcanti PB, Carvalho RF. A interdisciplinaridade no programa saúde da família: como articular os saberes num espaço de conflitos? Sociedade em Debate. 2010; 16(2):191-208.

SILVA, M.T.M. et al. Trabalho no consultório na rua: uso do software IRAMUTEQ no apoio à pesquisa qualitativa. Esc Anna Nery, v. 20, n. 3, 2016.