Rodrigues, Bernardo Salgado; Hendler, Bruno Invesmento externo chinês na América Lana e no Sudeste Asiáco..
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préstimos preferenciais, 5 bilhões em um fundo de cooperação, todos
nos marcos da cooperação China-CELAC. (GALLAGHER, 2016, p.87).
Esta estratégia possui duas motivações:
A China acumulou uma enorme reserva de riqueza e poupança que busca diver-
sicar grandes investimentos em todo o mundo. Em segundo lugar, a China se
sente menosprezada pelo Ocidente por não ter recebido um papel maior nas ins-
tituições de Bretton Woods. […] Desde que a China não entrou nas instituições
existentes, começou a criar as suas próprias. Essas instituições agora têm à sua
disposição níveis de capital que rivalizam com os do banco de desenvolvimento
apoiado pelo Ocidente. O Banco Mundial possui pouco mais de US $ 200 bilhões
em capital e possui pouco mais de US $ 500 bilhões em ativos. O CDB detém US
$ 100 bilhões em capital e possui mais de US $ 1 trilhão em ativos. O CDB e o
CHEXIM fornecem agora mais empréstimos a governos latino-americanos do
que o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento - e mais
empréstimos para a Ásia do que o Banco Mundial e o Banco Asiático de Desen-
volvimento. (GALLAGHER, 2016, p.189, tradução nossa)
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Ainda, a crise de 2008, que afetou a demanda de PD’s por manufa-
turados chineses, acentuou a tendência de sosticação dos laços da China
com o mundo em desenvolvimento. O comércio bilateral com países do
SE Asiático e da América do Sul vem crescendo substancialmente, dada a
demanda chinesa por produtos primários para abastecer indústrias e mer-
cados domésticos. Ademais, ao se tornar um “duplo polo” na economia
global, a China substituiu os EUA como principal parceiro comercial de
uma parcela majoritária do mundo em desenvolvimento.
Seguindo a diretriz do “going global”, a China tornou-se não apenas
receptora, mas também grande “exportadora” de IED a partir de meados
dos anos 2000. “Between 2002 and 2013 China’s overseas foreign direct in-
vestment ows grew from $2.7 billion to $90 billion and are predicted to
out strip inward foreign investment in 2015.” (GALLAGHER, 2016, p.52)
O acúmulo de reservas estrangeiras a partir do superávit comercial das
décadas anteriores tem pressionado o governo chinês a incentivar a inter-
nacionalização de capitais (OFDI) para conter tendências inacionárias e
reciclar capitais em atividades produtivas. Além disso,
Inicialmente, a China bloqueou as operações no exterior de suas empresas, a m
de preservar as reservas cambiais e priorizar o desenvolvimento da China con-
tinental. Tudo isso mudou em 2001, quando o primeiro- ministro chinês Zhu
Rongji recomendou que a China embarcasse em uma estratégia de “saída” que
encorajasse suas principais rmas a investir no exterior e a fazer contratos glo-
bais como parte do décimo plano quinquenal de seu país. O primeiro- ministro
disse: precisamos implementar uma estratégia de “sair”, encorajando empresas
com vantagens comparativas a fazer investimentos no exterior, a estabelecer
operações de processamento, a explorar recursos externos com parceiros locais,
a contratar projetos de engenharia internacionais e aumentar a exportação do
trabalho. Precisamos fornecer uma estrutura de política de apoio para criar
condições favoráveis para que as empresas estabeleçam operações no exterior.
(GALLAGHER, 2016, p.50, tradução nossa)
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Porém, dado que parte signicativa desses uxos está ligada a em-
presas estatais, é preciso repensar o conceito de “relação estratégica de
longo prazo”. Logo, partimos da premissa de que, ainda que se enqua-
drem na categoria de IED, as operações de ETN’s privadas como a Apple
e de SOE’s chinesas, como Sinopec (petróleo), China Railway Engineering
(transportes) e Power Construction Corp. (energia) tendem a obedecer a ló-
gicas distintas. Assim, uma análise do IED chinês no SE Asiático e na
12. China has accumulated an enormous
store of wealth and savings that it seeks
to diversify by making big investments
across the world. Second, China feels
slighted by the West for not being given
a greater role in the Bretton Woods
institutions. […] Since China wasn’t let
into existing institutions, it has begun to
create its own. These institutions now
have levels of capital at their disposal
that rival that of the Western- backed
development bank. The World Bank hol-
ds just over $200 billion in capital and
has just over $500 billion in assets. The
CDB holds $100 billion in capital, and
has over $1 trillion in assets. The CDB
and CHEXIM now provide more loans
to Latin American governments than
the World Bank and the Inter- American
Development Bank— and more loans to
Asia than the World Bank and the Asian
Development Bank.
13. China initially blocked overseas
operations of its companies in order
to preserve foreign exchange reserves
and to prioritize the development of
mainland China. That all changed in
2001 when Chinese Premier Zhu Rongji
recommended that China embark on a
“going out” strategy that would encou-
rage its flagship firms to invest abroad
and bid for global contracts as part of
his country’s Tenth Five- Year Plan. The
premier said: we need to implement a
“going outside” strategy, encouraging
enterprises with comparative advan-
tages to make investments abroad,
to establish processing operations, to
exploit foreign resources with local
partners, to contract for international
engineering projects, and to increase
the export of labor. We need to provide
a supportive policy framework to create
favorable conditions for enterprises to
establish overseas operations.