Com um pé na região e outro no mundo: O dualismo crescente da política externa brasileira
Resumo
Este artigo mostra como o Brasil se tornou um caso atípico dentro de uma categoria atípica: é um estado bifronte, mas não está puxado entre duas regiões mas entre uma região (para mais, difusa) e o sistema global. Apesar de sua preeminência regional, o Brasil tem sido incapaz de traduzir os seus recursos estruturais e instrumentais em liderança eficaz. Seus potenciais seguidores não têm apoiado suas principais metas de política externa, e alguns de seus vizinhos questionam até mesmo a sua supremacia material. Ao jogar a carta regional para alcançar fins globais, o Brasil acabou em uma situação inesperada: enquanto sua liderança regional cresceu no discurso, tem sido enfraquecida na prática. Mesmo assim, ele conseguiu crescente importância global e hoje é amplamente reconhecido como um global player. Hoje, o país é grande demais para deixar que a região amarre suas mãos, mas ainda pequeno para saltar para o mundo sem se preocupar com o potencial de dano de sua vizinhança. Assim, instrumentalizar a sua bifrontalidade continuará a ser um elemento essencial da sua política externa dual, dividido como está entre as restrições impostas pela geografia e os desafios provenientes da suas aspirações globais.
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