Circuitos de comercialização da economia urbana da reciclagem fluminense

Palavras-chave: Catação, Reciclagem, Circuitos da economia urbana, Circuitos de comercialização

Resumo

Com o crescimento do capitalismo, que acaba gerando mais lixo em razão de seus produtos industrializados, também cresceram as pesquisas sobre os resíduos sólidos, inclusive da área da geografia, que abordam os variados aspectos da catação e da reciclagem. Portanto, devido à importância de se compreender os sujeitos sociais envolvidos nesse processo de reciclagem, este artigo busca fazer uma revisão bibliográfica que desvela os circuitos de comercialização da economia urbana, com o intuito de conhecer as diversas formas de análises teóricas envoltas no fenômeno da catação e da reciclagem. Também, discute o conceito contemporâneo de rede e como elas se articulam entre as organizações, fazendo um levantamento acerca da rede de produção da reciclagem do Estado do Rio Janeiro. Portanto, cabe ressaltar a importância do estudo desse conceito de circuito espacial na atualidade, já que permite identificar e conhecer a lógica dos territórios e das redes, onde são sempre renovados os modos de produção, circulação, e as interações entre os sujeitos que estão inseridos no contexto da reciclagem e do “Jogo do Lixo”.

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Biografia do Autor

Uilmer Rodrigues Xavier da Cruz, Universidade Federal de Minas Gerais/ Discente de doutorado em Geografia

Desde 2008, integro o Centro de Estudos Socioambientais – PANGEA, em Salvador - BA, como assessor de projetos, com trabalho voltado para a inclusão social e econômica de catadores de materiais recicláveis em situação de subalternidade no subúrbio ferroviário, que está localizado na região noroeste de Salvador, Bahia. Neste, tive a oportunidade de trabalhar na formação da Rede CATAbahia (2008). Tal projeto organizou cooperativas de catadores de materiais recicláveis em seis municípios do estado da Bahia, a saber: Salvador, Feira de Santana, Vitória da Conquista, Jequié, Itapetinga e Itororó.

            A partir das minhas vivências, desenvolvi[1] o CATAsig, um sistema de informações gerenciais de cooperativas de catadores - que abarca rotinas administrativas, contábil-financeira, logística, de recursos humanos e geotecnologias das cooperativas, com capacidade de controlar os caminhões das cooperativas em questões de percurso, rotas e pontos de coleta.

            Com este sistema, implementou-se o rastreamento integrado em diversos municípios da Bahia, possibilitando uma análise de dados remota da rede de comercialização. A rede comercialização possibilitava a venda em escala dos materiais recicláveis, por parte das cooperativas diretamente para a indústria recicladora. O projeto, que contou com o patrocínio da Petrobrás, atende hoje cerca de 500 famílias de catadores e auxilia no rompimento de uma rede histórica de exploração dos catadores por parte de um conjunto de atravessadores.  Posteriormente, o CATAsig se tornou um software comercializado nas cooperativas de catadores pelo Brasil, a partir da articulação política entre o PANGEA e o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis - MNCR.

A partir daí, ocupei o cargo de diretor de tecnologia da informação e geoprocessamento do PANGEA, pela qual participei, em diversas ocasiões, de reuniões para discutir a integração deste software com o sistema do governo federal Sistema Nacional de Informações Sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos - SINIR, palestras, mini cursos, rodas ambientais, expo catador e estive nos estados da Bahia, Sergipe, Minas Gerais, Paraná e Ceará participando de mostras de tecnologia social.

            Em 2013, no Rio de Janeiro, tive a oportunidade de trabalhar no fechamento do lixão de Gramacho e na construção do Polo Reciclador. Consequentemente, atuei no Projeto Catadores em Redes Solidárias voltado para a organização de redes de economia, em seis regiões do estado do Rio de Janeiro, envolvendo 41 municípios, em parceria com a Secretaria Estadual do Ambiente - SEA, Ministério do Trabalho e Emprego - MTE, Fundação Banco do Brasil e Secretaria Geral da Presidência da República.

            Nas olimpíadas RIO 2016, juntamente com Antonio Bunchaft, desenvolvi o Placar da Reciclagem, balança que registrava as pesagens de todas as áreas olímpicas e automaticamente atualizava os dados em tempo real. O sistema gerava gráficos de cada área coletada, quantidades em quilos, geoprocessamento e catadores que trabalhavam no projeto de reciclagem inclusiva: catadores nos jogos RIO2016. Tal sistema não só informava ao leitor os dados, como fazia toda a parte de pagamentos das diárias dos catadores, comprovante de entrega de equipamentos de proteção individual - EPIs, rotas dos caminhões nas áreas olímpicas.

 

[1] Também participei do desenvolvimento de uma lixeira que reconhece os recicláveis, avisa sua capacidade volumétrica. Em 2011, desenvolvi um sistema de troca de recicláveis por pontos que poderiam ser abatidos na conta de energia e bônus no celular. Produtos que passaram a ser comercializados pelo PANGEA / Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis - MNCR.

Publicado
05-10-2020