Dossiê Nº. 11 - MACHADO DE ASSIS: PERSPECTIVAS CRÍTICAS PARA PENSAR O BRASIL

20-11-2024

Organizadores

Andrezza Alves Velloso, Doutoranda em História e Culturas Políticas (UFMG)

Isadora Scórcio Rafael, Mestranda em Literatura Brasileira (UFMG)

Júlia Calvo, Doutora em Ciências Sociais (PUC Minas)

Mateus Roque da Silva, Doutorando em Teoria e História Literária (UNICAMP)

Rafael Lucas Santos da Silva, Doutorando em Letras (UEM)

Wemerson Felipe Gomes, Doutorando em História e Culturas Políticas (UFMG)

 

A Revista História em Curso (PUC Minas) e o “Grupo de Estudos em História e Literatura” (GEHISLIT/ PUC Minas) tornam público o presente dossiê temático e convidam a comunidade científica a refletir sobre Machado de Assis como ponto de confluência para interpretações históricas, sociais e literárias. O objetivo é estimular pesquisas que investiguem as múltiplas contribuições, recepções e camadas da obra e da figura machadiana, considerando suas transformações e significações ao longo do tempo.

Desde que publicou os seus primeiros textos na imprensa carioca até o seu falecimento, em setembro de 1908, Machado de Assis exercitou a escrita em praticamente todos os gêneros literários. Esse foi, portanto, um longo percurso de esforço metódico e inteligente, para o qual, em nota de advertência da primeira edição do romance Ressurreição (1872), Machado de Assis usou a metáfora do “operário”, que configuraria uma espécie de artesão da técnica. O resultado desse domínio maturado durante anos, nas palavras do crítico Augusto Meyer (1958), é uma construção textual “sedutora que a todo momento solicita a colaboração direta do intérprete e parece coquetear com todos os leitores, para depois deixá-los, rendidos e logrados, do outro lado da porta”. Esse domínio técnico de “operário”, porém, nunca prescindiu de um olhar atento e interessado para as relações sociais violentas e desiguais da sociedade brasileira.

Nesse sentido, é com um olhar crítico para as maneiras pelas quais Machado de Assis e sua produção literária se tornaram objeto de análise, revisão e até de ressignificação em diversas disciplinas que este dossiê pretende abarcar abordagens que evidenciem tanto a complexidade da obra machadiana quanto seu impacto na construção de discursos sobre a formação da literatura e da sociedade brasileira. Afinal, por que, e de que modos, Machado de Assis ficcionalizou o cotidiano e os impasses históricos?

Convidamos, assim, estudos que pensem a percepção machadiana do Brasil, interrogando como sua obra dialoga com seu tempo, fazendo desse autor um interlocutor crítico de questões ainda contemporâneas. A partir de análises literárias, sociológicas e historiográficas, espera-se que os artigos explorem temas como a ironia, a crítica social, o realismo, a construção de personagens, a relação dialética entre forma e conteúdo e as ambivalências do projeto estético e da experiência afrodescendente de Machado de Assis, trazendo à tona o papel do autor na problematização de questões como classe, raça, gênero e subjetividade em uma sociedade marcada pela herança escravista e pelas desigualdades sociais. Pesquisas que articulem teorias, métodos e conceitos da História, da Teoria da História, da História da Historiografia, da Sociologia, da Crítica e da Teoria Literária são especialmente bem-vindas. As propostas podem incluir desde leituras mais convencionais até perspectivas que revisitem Machado de Assis de maneira inovadora. De modo geral, este dossiê pretende reunir reflexões que desvelem a obra e figura machadiana como um terreno fértil para questionamentos e interpretações acerca das dinâmicas culturais, sociais, literárias e políticas do Brasil e ampliem as possibilidades do diálogo interdisciplinar entre os campos da História e da Literatura.

 

  • Serão aceitos trabalhos de pesquisadores da graduação, da pós-graduação e professores. 
  • Os trabalhos deverão ser enviados no site da Revista História em Curso, no portal de periódicos da Pontifícia Universidade Católica de Minas gerais, até o dia 27 de Janeiro de 2025.
  • Previsão de publicação: Junho de 2025.