Leila Ferraz e a trama mitológica do feminino na cidade de São Paulo (1950-1960)

  • Reginaldo Sousa Chaves Universidade Estadual do Piauí
Palavras-chave: Neorromantismo, Surrealismo, Leila Ferraz

Resumo

Este artigo busca discutir como a artista surrealista Leila Ferraz realizou uma apropriação desviante das linguagens neorromânticas, gestadas na cidade de São Paulo da década de 1950. Um dos temas que recebeu abordagem enfática por parte dessas linguagens concentrava a atenção na figura da mulher. Para cumprir o objetivo proposto neste estudo, abordamos brevemente as condições históricas e o sistema intelectual do espaço metropolitano paulista de meados do século XX, contra os quais se opunham neorromânticos de diferentes gerações e campos, a exemplo de Vicente Ferreira da Silva, Wesley Duke Lee e Sérgio Lima. Na parte final deste trabalho, apontamos de que forma Leila Ferraz, considerando suas obras e trajetória intelectual situadas entre 1965 e 1968, produziu uma fissura na mitologia em torno do feminino criada pelos neorromânticos que a antecederam.

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Biografia do Autor

Reginaldo Sousa Chaves, Universidade Estadual do Piauí

Doutor em História Social (UFC) e Professor Adjunto I da Universidade Estadual do Piauí (UESPI).

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Publicado
22-06-2022