Pentecostalismos, racismo e Direitos Humanos

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David Mesquiati de Oliveira
Kenner Roger Cazotto Terra

Resumo

Os pentecostalismos significaram a ruptura com a antropologia protestante refém da epistemologia da Modernidade. Como explica Harvey Cox, esses movimentos americanos dos primeiros anos do século XX preencheram o déficit extático deixado pelos evangélicos, apontando em direção do sistema afetivo de conhecimento da realidade, uma epistemologia afetiva. Se por um lado a experiência pentecostal animou o deslocamento da margem para o centro da corporeidade, por outro, os corpos violentados e subjugados tornaram-se visíveis e empoderados, porque grupos marginalizados, excluídos pelo establishment protestante americano e brasileiro, foram e são protagonistas. Apresenta-se os movimentos pentecostais como presença no mundo e prática religiosa reveladora da defesa de direitos fundamentais, especialmente na militância da justiça racial, o que não significa uma defesa teórica, mas vivências comunitárias de corpos excluídos que ganham status pneumáticos. O ensaio discute a relação entre religião, Direitos Humanos e as questões raciais, apontando como os pentecostalismos representam intuições para uma sociedade mais fraterna e igualitária.

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Como Citar
OLIVEIRA, D. M. DE; TERRA, K. R. C. Pentecostalismos, racismo e Direitos Humanos. HORIZONTE - Revista de Estudos de Teologia e Ciências da Religião, v. 19, n. 58, p. 98, 30 abr. 2021.
Seção
Artigos/Articles: Dossiê/Dossier
Biografia do Autor

David Mesquiati de Oliveira, Faculdade Unida de Vitória (UNIDA)

Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências das Religiões (Mestrado Profissional) e da Graduação em Teologia da Faculdade Unida de Vitória.

Kenner Roger Cazotto Terra, Faculdade Unida de Vitória

Doutor em Ciências da Religião pela UMESP. Professor da Faculdade Unida de Vitória. País de origem: Brasil. E-mail: kenner@faculdadeunida.com.br.

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