Pentecostalismos, racismo e Direitos Humanos
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Resumo
Os pentecostalismos significaram a ruptura com a antropologia protestante refém da epistemologia da Modernidade. Como explica Harvey Cox, esses movimentos americanos dos primeiros anos do século XX preencheram o déficit extático deixado pelos evangélicos, apontando em direção do sistema afetivo de conhecimento da realidade, uma epistemologia afetiva. Se por um lado a experiência pentecostal animou o deslocamento da margem para o centro da corporeidade, por outro, os corpos violentados e subjugados tornaram-se visíveis e empoderados, porque grupos marginalizados, excluídos pelo establishment protestante americano e brasileiro, foram e são protagonistas. Apresenta-se os movimentos pentecostais como presença no mundo e prática religiosa reveladora da defesa de direitos fundamentais, especialmente na militância da justiça racial, o que não significa uma defesa teórica, mas vivências comunitárias de corpos excluídos que ganham status pneumáticos. O ensaio discute a relação entre religião, Direitos Humanos e as questões raciais, apontando como os pentecostalismos representam intuições para uma sociedade mais fraterna e igualitária.
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