A língua em estado gasoso

  • E. M de Melo e Castro USP
Palavras-chave: Guimarães Rosa, ciência, língua, teoria cinética da língua

Resumo

Guimarães Rosa, numa carta a João Condé publicada no Jornal de Letras e Artes de 21 de Julho de 1946 deixou esta sugestão: "Mas, ainda haveria mais, se possível (sonhar é fácil, João Condé, realizar é que são elas ...): além dos estados líquidos e sólidos, porque não tentar trabalhar a língua em estado gasoso?!"

Nesta comunicação tratarei de averiguar o que possa ser o estado gasoso da língua quer sob o ponto de vista físico quer sob o ponto de vista metafórico.

Sob o ponto de vista físico devem ser considerados dois momentos: o da ciência geralmente divulgada na época em que Guimarães Rosa fez essa sugestão, e o da atual ciência do Caos, tendo em consideração os movimentos brownianos das moléculas descritos na teoria cinética dos gases. Sob o ponto de vista metafórico, o uso de uma terminologia interdisciplinar, à luz dos referidos conceitos da ciência, pode contribuir para delinearuma possível concepção linguística que esteja de acordo com a prática e o uso criativo diferenciados da língua portuguesa, não só no Brasil e em Portugal, mas também nos países africanos de língua portuguesa, configurando-se assim uma possível teoria cinética da língua.

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Referências

ESCOBAR, Alberto e outros. Política lingüística na América Latina. Campinas: Pontes Editores, 1988.

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MANDELBROT, Benoit. Los objetos fractales. Barcelona: Tusquets, 1996.

ROSA, Vilma Guimarães. Relembramentos: João Guimarães Rosa, meu pai. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983.

Publicado
14-10-1998
Como Citar
Melo e Castro, E. M. de. (1998). A língua em estado gasoso. Scripta, 2(3), 100-107. Recuperado de https://periodicos.pucminas.br/index.php/scripta/article/view/10223
Seção
Especial Guimarães Rosa

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