O trânsito para a melancolia na ficção angolana contemporânea
Resumo
Partindo da conceituação do tempo proposta por Santo Agostinho e da questão da reminiscência formulada por Walter Benjamin, o texto procura refletir de que modo a ficção de Boaventura Cardoso, tomada como um paradigma possível da angolana como um todo, reencena o passado, vendo-o ao mesmo tempo como elemento inseminador do presente, e possibilidade de que o futuro se possa realizar. O texto procura ainda discutir como tal espera muda de tom, passando de uma projeção eufórica, no tempo da descolonização, para uma outra, melancólica e soturna, no pós-indepêndencia, quando a edificação do projeto nacional sofre abalos e rupturas.
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Referências
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