Conspiração, paranóia e interpretação: Teatro (1998) e O medo de Sade (2000) de Bernardo Carvalho
Resumo
Uma leitura em paralelo de dois textos de Bernardo Carvalho, Teatro e O medo de Sade, permite verificar, em ambos os casos, uma estrutura bipartida que constrói uma conspiração para sucessivamente a invalidar numa deslocação para o olhar que a criou. Proponho-me interrogar a representação da conspiração e da paranóia, nestes textos, como figurações de leitura, em que o movimento de desconstrução do sistema conspirativo através da posterior desestabilização da autoridade de quem o engendrou vem sublinhar, de forma insistente, o poder fundador da interpretação, propondo-se a literatura como um hermético jogo de espelhos de que a visão paranóica do mundo é um reflexo.
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Referências
CARVALHO, Bernardo. Teatro. Lisboa: Cotovia, 1999.
CARVALHO, Bernardo. O medo de Sade. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
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LAING, R. D. Knots. London: Penguin, 1972.
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