Manuela Margarido: uma poetisa lírica entre o cânone e a margem
Resumo
Considerada uma das pouquíssimas vozes femininas da literatura africana anticolonial, da poetisa Maria Manuela Margarido (n. Príncipe, 1925) normalmente se conhece poesia engagée, aquela que constitui parte do corpus fundacional do sistema literário são-tomense. É, portanto, como poetisa empenhada que Manuela Margarido é conhecida: a sua poesia é, de facto, comprometida com o ideário de luta anticolonial e com a crítica social, embora revele, simultaneamente, a dimensão particularizante da insula africana, através da evocação da sua fauna, da flora, da infância e dos usos e costumes. Porém, esta vertente mais lírica da sua poesia já se revelara em Alto como o silêncio, de 1957, seu primeiro e único livro. É essa dialética entre a emoção e a razão e a sobreposição de uma visão intimista da realidade que este ensaio pretende explorar, tendo em conta a prevalência da estética nacionalista no contexto de produção da autora.
Downloads
Referências
ACEI (Associação Casa dos Estudantes do Império), Antologias de Poesia da Casa do estudantes do Império (1951-1963): Angola – S. Tomé e Príncipe, I volume, Lisboa: Edição ACEI, 1994.
BOSI, Ecléa. Memória e Sociedade. Lembranças de Velhos. São Paulo: Companhia das Letras, 7. ed. 1999.
CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. 5. ed. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Editora da USP, 1975. 1º volume, p. 23-24.
DUARTE, Constância Lima. História Literária das mulheres: um caso a pensar. DUARTE, Constância Lima (Org.). Mulher e literatura no RN, Natal-RN, CCHLANEPAM, Col. Humanas Letras, 1994. p. 106-114.
FERREIRA, Manuel. No reino de Caliban II (Angola e S. Tomé e Príncipe). Lisboa: Plátano Editora, 2. ed. 1988 [1976].
GRÜNEWALD, José Lino. O grau zero do escreviver. São Paulo: Editora Perspectiva, 2000.
JÚDICE, Nuno. Apud João Barrento, “Um quarto de século de poesia portuguesa”. Revista Semear, n. 4, Cátedra Padre António Vieira de Estudos Portugueses, PUC-Rio (1998). Disponível em: <http://www.letras.pucrio.br/catedra/revista/4Sem_19.html>.
LABAN, Michel, S. Tomé e Príncipe: Encontro com Escritores, Porto, Fundação Eng. António Almeida, 2002.
MARGARIDO, Alfredo, “Prefácio” a Poetas de S. Tomé e Príncipe (Lisboa, Casa dos Estudantes do Império, 1963). In: Antologias de Poesia da Casa dos estudantes do Império (1951-1963): Angola – S. Tomé e Príncipe, I volume, Lisboa, Edição ACEI, 1994.
MARGARIDO, Maria Manuela. Alto como o silêncio. Lisboa, Publicações Europa-América, 1957.
MARGARIDO, Maria Manuela. Dois poemas quase religiosos. Colóquio, Lisboa Fundação Calouste Gulbenkian, 1977 (p. 58-59).
MATA, Inocência. Ernesto Lara Filho e o Romantismo brasileiro. Scripta – Literatura. Revista do programa de Pós-graduação em Letras e do Centro de Estudos Luso-Afro-Brasileiro da PUC Minas, v. 1, n. 1, 2º sem. de 1997.
MATA, Inocência. Inocência Mata, “Ernesto Lara Filho e o Romantismo brasileiro”. In: Literatura angolana – silêncios e falas de uma voz inquieta. Luanda: Kilombelombe, 2001.
MOISÉS, Massaud. A criação literária – poesia. 11. ed. São Paulo: Editora Cultrix, 1989.
O envio de qualquer colaboração implica, automaticamente, a cessão integral dos direitos autorais à PUC Minas. Solicita-se aos autores assegurarem:
- a inexistência de conflito de interesses (relações entre autores, empresas/instituições ou indivíduos com interesse no tema abordado pelo artigo), e
- órgãos ou instituições financiadoras da pesquisa que deu origem ao artigo.
- todos os trabalhos submetidos estarão automaticamente inscritos sob uma licença creative commons do tipo "by-nc-nd/4.0".