Tem morna, tem coladera: as raízes cabo-verdianas da música universal de Cesária Évora
Resumo
O sucesso comercial de Cesária Évora rivaliza-se com o de qualquer outro intérprete africano da música universal e tomou-se sinônimo de Cabo Verde para seus inúmeros fãs initernacionais. Cantando principalmente no dialeto do norte ou barlavento crioulo de sua Mindelo nativa (quando não utiliza o português ou o espanhol), Cesária contempla toda a gama da cultura musical cabo-verdiana, incluindo a da ilha do sul ou de sotavento de Santiago. Seu trabalho desenvolve-se no contexto do contraste de longa data entre Mindelo, porto internacional de abastecimento e provisões relativamente cosmopolita durante o século XIX, e a ilha de Santiago, onde se localiza a capital, Praia, culturalmente muito mais "africana" e menos desenvolvida economicamente. Este estudo principia com os gêneros de música e dança a que Cesária se refere na estrofe bem conhecida da canção "Petic pays": "[...) Tem morna, tem coladera [...] Tem batuco, tem funanâ". Essa alusão às "raízes" da música de Cabo Verde não apenas desempenha um papel ideológico, colocando a cantora e sua música no amplo contexto do nacionalismo cultural de Cabo Verde, como também nos permite vislumbrar algumas dimensões da unidade cultural mais ampla do mundo atlântico lusófono, assim como formas de empréstimo e troca praticadas no metagênero da música universal.
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