A utopia da cidade: Londrina em O trovador, de Rodrigo Garcia Lopes
Resumo
Assim como historiadores recorrem a diferentes ramos do conhecimento para abordar o passado, inclusive a crítica literária (KRAMER, 1992), o caminho inverso também ocorre: o entrelaçamento da literatura, por exemplo, com a história, a sociologia, a geografia, a psicologia, havendo a problematização entre o fictício e o real. Este artigo está centrado no romance O trovador, de extração histórica, escrito por Rodrigo Garcia Lopes (2014), que trata da colonização do norte do Paraná, com destaque para a cidade de Londrina. Partindo da problemática de como tornar palatável um livro de 403 páginas, que foca fatos históricos, objetiva-se verificar, por meio de pesquisa bibliográfica, além da relevância do espaço, na cidade e na obra, também outras questões pertinentes à construção da narrativa. Destacam-se, portanto, o diálogo intertextual com diferentes obras e o conceito de biblioteca, na linha do pensamento de Samoyault (2008); sua caracterização como novo romance histórico; a estratégia usada para atrair o leitor, tornando-o um investigador a descobrir pistas (história de detetives), inclusive procurando distinguir o que é realidade histórica e o que é ficção; a postura da companhia inglesa, dita colonizadora, frente à abertura de cidades-jardins.
Palavras-chave: O trovador. Rodrigo Garcia Lopes. Cidade. Espaço. Romance histórico.
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Referências
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