O que os pobres fazem para sobreviver. (Im)Polidez e classismo no Twitter brasileiro
Resumo
Pesquisas sobre (im)polidez (CULPEPER; HAUGH; KÁDÁR, 2017) substituíram amplamente o termo ‘cultura’ pelo conceito de ‘comunidade de prática’, ou pelo termo guarda-chuva ‘práticas interacionais’ (MILLS, 2015, p. 30; MILLS; KÁDÁR, 2011). Sob essa ótica, este estudo tem como objetivo examinar as hashtags relacionadas ao tema #O que os pobres fazem para sobreviver, que incluem #coisasquepobrefaz e três outras variantes, # #pobrezaéissoaí, #pobreza e #pobre. Para isso, foram coletados dados de postagens do Twitter, publicadas em português do Brasil, e listadas entre os trending topics em 2017 e em 2019. Depois de coletar as postagens e as hashtags que as acompanhavam, foi realizada uma análise qualitativa do corpus, com o objetivo de descrever e de categorizar as estratégias de impolidez observadas. Nessa fase da pesquisa, mais de 400 tweets contendo hashtags foram analisados. Os resultados mostraram que hashtags tinham como objetivo principal a troca de mensagens humorísticas, associadas à divisão de classes no Brasil. Ao mesmo tempo, nossos dados demonstraram que as hashtags também sinalizavam um comportamento verbal recorrente, compartilhado por uma comunidade de prática, reunida sob uma tag (BRUNS; BURGESS, 2011; STARBIRD; PALEN, 2011). Além disso, as hashtags tinham um propósito duplo: enquanto empregavam impolidez e sarcasmo para reforçar normas sociais válidas, também promoviam um debate jocoso sobre classismo e ideologia no Brasil.
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Referências
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