O entre-lugar da ex-apropriação: despossessão e propriedade nas escrituras falsas de Gloria Alzáldua e Édouard Glissant
Resumo
Este ensaio começa em um sinal; o hífen interposto por Jacques Derrida (2016) na grafia de ex-apropriação. Este quase-conceito opera demonstrando o paradoxo de propriedade existente no exercício da linguagem transcultural. Partindo da aporia que movimenta aquele ensaio, movimentamos nossa pesquisa à respeito de práticas de apropriação, cópia e imitação em textualidades contemporâneas. Neste texto, de caráter conceitual e exploratório, propomos um estudo da ex-apropriação como lógica dessas (re)escrituras. Na fulguração de seu hífen, buscamos entender a indecidibilidade deste lugar de fala transnacional também com a ideia entre-lugar, conforme elaborada por Silviano Santiago (2019). De forma a interrogar de modo localizado esta problemática, entendendo que ela só se dá na escritura, partimos a apresentar e debater duas experiências desse entre. Primeiro, o texto de Gloria Anzáldua em seu Borderlands/La frontera (1987), livro escrito em um inglês atravessado pelos dialetos da fronteira mexicana, discutindo a vivência do migrante. De modo semelhante, acionamos também as poéticas de Édouard Glissant (2005): seus estudos sobre como o regime econômico de escambos no Caribe cria uma cultura de trocas precárias, origem das línguas crioulas. Na leitura dos signos que emitem essas línguas bífidas, o ensaio vai concluir a produtividade de se enfocar o problema dos textos e trânsitos pós-nacionais pelo viés proprietário. Infere-se como as noções de ex-apropriação e entre-lugar suscitam esse aspecto, e permitem ler textos poéticos transculturais por tal chave – levando a uma compreensão da apropriação e da imitação como movimentos de um roubo que escancara a precária performance da posse.
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Referências
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