A construção de um Brasil imaginado estética e ideologicamente
Resumo
Mário de Andrade relembra, vinte anos após a Semana de Arte Moderna, o caráter de fundação de um espírito nacional ser atribuído ao modernismo, sem o qual a consciência da nacionalidade brasileira não teria se desenvolvido. A partir do pensamento de Benedict Anderson a respeito do conceito de nação e de consciência nacional, revisitamos alguns pontos nodais da obra andradina de modo a problematizar criticamente sua convicção da questão nacional ser tributária ao modernismo. Outro autor igualmente importante dentre os modernistas de primeira hora é Oswald de Andrade, que contribui com a tentativa de formação identitária do Brasil. O teor vanguardista do movimento de 22 é também colocado em xeque com o confronto entre o futurismo de Marinetti e a absorção do mesmo por Oswald, evidenciando os paradoxos modernistas nas suas nuances vanguardistas e nacionais. Próximo da comemoração do centenário da Semana, levantamos questões críticas importantes acerca do modernismo, sem com isso pretender desmerecer a qualidade estético-literária do movimento.
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Referências
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