A construção de um Brasil imaginado estética e ideologicamente

  • Bruno Lima Universidade Federal do Rio de Janeiro
Palavras-chave: Modernismo, Vanguarda, Nação, Consciência Nacional, Literatura Brasileira

Resumo

Mário de Andrade relembra, vinte anos após a Semana de Arte Moderna, o caráter de fundação de um espírito nacional ser atribuído ao modernismo, sem o qual a consciência da nacionalidade brasileira não teria se desenvolvido. A partir do pensamento de Benedict Anderson a respeito do conceito de nação e de consciência nacional, revisitamos alguns pontos nodais da obra andradina de modo a problematizar criticamente sua convicção da questão nacional ser tributária ao modernismo. Outro autor igualmente importante dentre os modernistas de primeira hora é Oswald de Andrade, que contribui com a tentativa de formação identitária do Brasil. O teor vanguardista do movimento de 22 é também colocado em xeque com o confronto entre o futurismo de Marinetti e a absorção do mesmo por Oswald, evidenciando os paradoxos modernistas nas suas nuances vanguardistas e nacionais. Próximo da comemoração do centenário da Semana, levantamos questões críticas importantes acerca do modernismo, sem com isso pretender desmerecer a qualidade estético-literária do movimento.

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Biografia do Autor

Bruno Lima, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Programa de Pós-Graduação da Faculdade Unyleya. Doutor em Estudos Literários (UERJ). Desenvolve pesquisas sobre o cânone, Machado de Assis e literatura contemporânea; publicou, dentre outros, os livros Bruxaria do início ao fim: o projeto filosófico-(meta)-ficcional de Machado de Assis (EDUERJ, 2021) e Eu: itinerário para a autoficção (7Letras, 2015). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9464-4293.

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Publicado
11-01-2022
Como Citar
LIMA, B. A construção de um Brasil imaginado estética e ideologicamente. Scripta, v. 25, n. 55, p. 183-211, 11 jan. 2022.