Do mito do senhor benevolente à mulatização: o negro no pensamento estético-político de Oswald de Andrade

  • Mário Fernandes Rodrigues Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
  • Roberto Alexandre do Carmo Said Universidade Federal de Minas Gerais
Palavras-chave: Oswald de Andrade, Modernismo, Democracia racial, Ambivalência

Resumo

Este trabalho busca problematizar o complexo pensamento desenvolvido por Oswald de Andrade sobre a questão negra. Para tanto, propõe a leitura crítica de um poema do livro Pau-Brasil (1925), de um discurso político proferido perante a Frente Negra Brasileira e de fragmentos selecionados de ensaios jornalísticos publicados nas décadas de 1930 e 1940. As leituras indicam que, ao construir uma visão triunfalista do passado colonial e escravocrata brasileiro após a Semana de Arte Moderna de 1922, o intelectual antecipou argumentos que seriam utilizados pelos defensores da democracia racial, falácia que viria a ser contestada pelas novas gerações de intelectuais descomprometidos com as estruturas tradicionais da nação.

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Biografia do Autor

Mário Fernandes Rodrigues, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Graduado em Letras (UEMG, 2009); Mestre em Teoria Literária e Crítica da Cultura (UFSJ, 2014) e Doutorando em Teoria da Literatura e Literatura Comparada (UFMG). Professor Assistente de Estudos Culturais da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8795-2028.

Roberto Alexandre do Carmo Said, Universidade Federal de Minas Gerais

Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Graduado em História (UFMG,1996); Mestre em Teoria da Literatura (UFMG, 2002) e Doutor em Literatura Comparada (UFMG, 2006). Professor Associado de Teoria da Literatura da Universidade Federal de Minas Gerais.

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Publicado
11-01-2022
Como Citar
RODRIGUES, M. F.; SAID, R. A. DO C. Do mito do senhor benevolente à mulatização: o negro no pensamento estético-político de Oswald de Andrade. Scripta, v. 25, n. 55, p. 92-121, 11 jan. 2022.