Ver-te em “AmarElo”: ocupação ressignificada de territórios.

  • Roberta Maria Ferreira Alves Universidade dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM)
Palavras-chave: Ocupação, Territórios, Hibridismo, Ressignificação Antropofágica, AmarElo

Resumo

Em fevereiro de 1922, nas instalações do Theatro Municipal de São Paulo, ocorreu a primeira manifestação coletiva pública na história cultural brasileira a favor de um espírito novo e moderno, em oposição à cultura e à arte de teor conservador. Noventa e sete anos depois, o mesmo palco, representante da elite artística paulistana, sofre uma ocupação ressignificada. Em noite histórica única, estabeleceram-se diálogos incomuns entre a Arte erudita e a Arte popular; entre o espaço da elite e a população da periferia. Em análise comparativa, estabelecemos aproximações e distanciamentos entre essas duas formas de apropriação de territórios. Aquela, pelos modernistas; essa, pelo rapper Emicida, com o lançamento do seu álbum “AmarElo”. Nesse mesmo espaço, viu-se uma São Paulo, normalmente excludente, representada por pessoas representantes da diversidade, produzindo e consumindo uma arte nacional híbrida. Para embasarmos nossas ponderações, utilizamos os seguintes conceitos: hibridismo, com base em reflexões de Canclini (1990,1997); antropofagia, conforme o olhar de Oswald de Andrade (1924, 1928), e reciclagem, em conformidade com estudos de Klucinskas e Moser (2017).

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Biografia do Autor

Roberta Maria Ferreira Alves, Universidade dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM)

Formada em Letras, Mestrado em Letras pela PUCMinas e Doutorado em Literaturas de língua Portuguesa. VInculada à UFVJM, campus DIamantina, no Instituto De Ciência e Tecnologia. Trabalho com a área de Humanidades no Bacharelado de Ciência e Tecnologia.

 

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Publicado
11-01-2022
Como Citar
ALVES, R. M. F. Ver-te em “AmarElo”: ocupação ressignificada de territórios. . Scripta, v. 25, n. 55, p. 28-53, 11 jan. 2022.