A consciência (re)sentida
Resumo
O presente artigo propõe uma reflexão sobre o problema da consciência à luz da fenomenologia. A abordagem fenomenológica parte da ideia de que a experiência subjetiva ocorre no momento em que sensações provenientes da interpretação de informações externas, advindas dos órgãos sensoriais e processadas pelo cérebro, geram sentimentos internos, ligados a estados afetivos. Assim eles são entendidos como experiências mentais de estados corporais e podem ser influenciados pelas memórias, experiências pessoais e crenças, fato que requer alguma redundância. Ao questionar se a consciência imanente contraria o princípio da parcimônia e porque isso ocorreria, o artigo avalia como se daria a manutenção da lucidez e de que forma alterações sensoperceptivas interferem no constructo da psicopatologia da consciência. Se a consciência precisa re-sentir para estar consciente de si mesma e do outro, o ressentimento, base da psicopatologia, figuraria como uma repetição de sentimentos baseada em operações mentais disfuncionais ou no desequilíbrio de processos internos e afetivos, sendo a redundância impeditiva do esquecimento e, com ele, do fluxo normal da vida.
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