Vozes que não se calaram. Heroização, ufanismo e guineidade

  • Moema Parente Augel
Palavras-chave: Poesia guineense, Pascoal D’Artagnan Aurigemma, Jorge Cabral, Ufanismo, Preito aos heróis e mártires.

Resumo

No contexto da literatura pós-independência da Guine-Bissau, destacam-se as vozes de dois autores já falecidos e pouco conhecidos, embora excelentes representantes da literatura guineense: Pascoal D’Artagnan Aurigemma (1938-1991) e Jorge Cabral (1952-1994). Em Djarama e outros poemas (1996), de Pascoal Aurigemma, a paixão pela terra natal soma-se a seu amor à pátria vitoriosa e a seus heróis, em versos louvando as belezas concretas de seu país e glorificando de forma idealizada a resistência ao opressor. Sagrado é o chão que fornece o alimento material, sagrado é o chão embebido do sangue dos mártires e heróis. A celebração dos heróis e mártires passa a constituir metonímia do momento mítico fundador da própria nação. Jorge Cabral é autor de um longo e pouco conhecido poema, “Um sonho – uma realidade”, de trezentos versos, onde a expressão crioula Cabral ka muri!(Cabral não morreu), presente no cotidiano guineense, está implícita no desenrolar das cenas que constituem uma verdadeira trama épicodramática em que o eu poético mescla a realidade do acontecimento histórico com elementos de sua imaginação poética.

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Antologia poética da Guiné-Bissau. Lisboa: Inquérito, 1990.

AURIGEMMA, Pascoal D’Artagnan. Amor e esperança. Brasília: Thesaurus, 1994. Coleção “Vozes d’África”.

AURIGEMMA, Pascoal D’Artagnan. Djarama e outros poemas. Bissau: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (INEP), 1996 (Série literária, Colecção Kebur, vol. 5).

AUGEL, Moema Parente. A nova literatura da Guiné-Bissau. Bissau: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (INEP), 1998 (Série literária, Colecção Kebur, vol. 8).

AUGEL, Moema Parente. O desafio do escombro. Nação, identidades, póscolonialismo na literatura da Guiné-Bissau. Rio de Janeiro: Garamond, 2007.

CABRAL, Amílcar. A prática revolucionária. Unidade e luta II. Lisboa: Seara Nova, 1977 (Obras escolhidas de Amílcar Cabral, coord. por Mário de Andrade, vol. 2).

CABRAL, Amílcar. A arma da teoria. Unidade e luta. 2. ed., Lisboa: Seara Nova, 1978 (Obras escolhidas de Amílcar Cabral, coord. por Mário de Andrade, vol. 1).

CABRAL, Rui Jorge Dias. Os marinheiros da solidão. Bissau: INEP, 1998 (Série literária, Colecção Kebur, vol. 7).

CASTANHEIRA José Pedro. Quem mandou matar Amílcar Cabral? Lisboa: Relógio d’Água, 1995.

COUTO, Hildo Honório do. Prefácio. In: AURIGEMMA, Pascoal D’Artagnan. Amor e esperança. Brasília: Thesaurus, 1994, p. 9-14.

GARCÍA, José A. Santiago. Las fronteras (étnicas) de la nación y los tropos del nacionalismo. Disponível em: www.unavarra.es/puresoc/ pdfs/c_tribuna/BPSantiago-1.pdf [ca. 1999]. Acesso em: 28 jan. 2004.

MAI, Ulrich. “Symbolische Aneignung und Ethnizität”. In: MAI, U. Masuren: Ein interdisziplinäres Forschungskonzept. Bielefeld: Universität Bielefeld, Fakultät für Soziologie. Working Paper n 222, 1995.

Mantenhas para quem luta! A nova poesia da Guiné-Bissau. Bissau: Conselho Nacional de Cultura, 1977. In 8º. Reprint Bissau: União Nacional de Artistas e Escritores, 1993.

MENDY, Peter. Colonialismo português em África: a tradição e a resistência na Guiné-Bissau. 1879-1959. Bissau: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (INEP), 1994.

Momentos primeiros da construção. Antologia dos jovens poetas. Bissau: Imprensa Nacional da Guiné-Bissau, 1978 (edição do Conselho Nacional de Cultura).

SODRÉ, Muniz. Claros e escuros. Identidade, povo e mídia no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1999.

TCHEKA, Tony. Noites de insónia na terra adormecida. Bissau: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (INEP), 1996 (Colecção Kebur, vol. 2).

Publicado
10-12-2010
Como Citar
PARENTE AUGEL, M. Vozes que não se calaram. Heroização, ufanismo e guineidade. Scripta, v. 14, n. 27, p. 13-27, 10 dez. 2010.
Seção
Dossiê: África - dinâmicas culturais e literárias