As “ianes” do porão: análise morfo-pragmática das atuais construções X-iane
Resumo
Este artigo trata de aspectos relacionados à constituição de novas formações do tipo X-iane no português do Brasil, como ocorre em “falsiane”, “gordiane” e “sinceriane”, de uso recorrente, na atualidade, principalmente, em situações comunicativas informais e em gêneros textuais típicos do ambiente eletrônico. Tais palavras apresentam marcante característica predicativa, podendo ser parafraseadas como “pessoa que é X”. Em virtude das particularidades identificadas nessas construções, fundamentamos, prioritariamente, sua descrição por meio de abordagens teóricas relativas: (a) ao processo de Cruzamento Vocabular (GONÇALVES, 2006; ANDRADE, 2013); (b) ao conceito de splinter (ADAMS, 1973; DANKS, 2003; BAUER, 2005) e (c) à definição de sufixo (BASILIO, 1987; GONÇALVES & ANDRADE, 2012) para, em seguida, propormos uma formalização do fenômeno nos moldes da Morfologia Construcional (BOOIJ, 2007, 2010), modelo que permite uma análise unificada da formação de palavras complexas, compostas ou derivadas, por meio do estabelecimento de esquemas construcionais, a partir dos quais é possível delimitar a estrutura de palavras já existentes e o modo como novas palavras podem ser formadas.
Downloads
Referências
ADAMS, Valerie. An introduction to modern English word formation. London: Longman, 1973.
ALGEO, John. Blends, a structural and systemic view. American speech 52, 1977, p. 47-64.
ANDRADE, Katia Emmerick. Proposta de um continuum composição-derivação para o Português do Brasil. Tese (Doutorado em Língua Portuguesa) – Faculdade de Letras. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2013.
ARAÚJO, Gabriel. Truncamento e reduplicação no português brasileiro, 2002.Disponível em: <http://www.relin.letras.ufmg.br/revista/upload/04-Gabriel-Araujo.pdf>. Acesso em: 10 out. 2012.
BASILIO, Margarida. O fator semântico na flutuação substantivo/adjetivo em português. In: HEYE, Jurgen (Org.). Flores verbais. Rio de Janeiro: Editora 34, 1995.
BASILIO, Margarida. Teoria lexical. São Paulo: Ática, 1987.
BAUER, Laurie. The borderline between derivation and compounding. In: DRESSLER, Wolfgang U. et al. (Eds.) Morphology and its demarcations. Amsterdam / Philadelphia: John Benjamins Publishing Company, 2005, p. 97-108.
BAUER, Laurie. Is there a class of neoclassical compounds, and if so is it productive? Linguistics 36, 1998, p. 403-422.
BAUER, Laurie. English word-formation. Cambridge: Cambridge University Press, 1983.
BOAS, Hans. C. Cognitive Construction Grammar. In: HOFFMANN, Thomas & TROUSDALE, Graeme (eds.), The Oxford Handbook of Construction Grammar. Oxford: Oxford University Press, 2013, p. 233-254.
BOOIJ, Geert. The Morphology of Dutch. Oxford: Oxford University Press, 2002.
BOOIJ, Geert. The grammar of words: an introduction to linguistic morphology. New York: Okford University Press, 2005.
BOOIJ, Geert. Compounding and derivation: evidence for Construction Morphology, 2007. Disponível em:
<http://www.hum2.leidenuniv.nl/booijge/pdf/Compounding%20and%20derivation.PDF>. Acesso em: 05 abr. 2013.
BOOIJ, Geert. Construction Morphology. Oxford: Oxford University Press, 2010.
BYBEE, Joan. Morphology: the relations between meaning and form. Amsterdan/Philadelphia: John Benjamins Publishing Co, 1985.
BYBEE, Joan. Phonology and Language Use. New York: Cambridge University Press, 2001. Disponível em: <http://catdir.loc.gov/catdir/samples/cam033/00045525.pdf>.Acesso em: 13 jul. 2013.
BYBEE, Joan. Language, Usage and Cognition. New York: Cambridge University Press, 2010.
CANNON, Garland. Blends in English word formation. Linguistics 24, 1986, p. 725-753.
DANKS, Debbie. Separating blends: a formal investigation of the blending process in English and its relationship to associated word formation processes. PhD Thesis. University of Liverpool, 2003. Disponível em:
<http://rdues.bcu.ac.uk/publ/Debbie_Danks_Thesis.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2012.
CROFT, William. Radical Construction Grammar. Oxford: Oxford University Press, 2001.
FILLMORE, Charles. The mechanisms of ‘Construction Grammar’. Berkeley Linguistics Society 14, 1988, p. 35-55.
GOLDBERG, Adele. Constructions: a construction grammar approach to argument structure. Chicago/London: The University of Chicago Press, 1995.
GOLDBERG, Adele. Constructions at work: the nature of generalization in language. Oxford: Oxford University Press, 2006.
GONÇALVES, Carlos Alexandre. Flexão e Derivação em Português. 1. ed., Rio de Janeiro: Fac. Letras/UFRJ, 2005.
GONÇALVES, Carlos Alexandre. A ambimorfemia de cruzamentos vocabulares em português: uma abordagem por ranking de restrições. Revista da Abralin, v. 5, 2006.
GONÇALVES, Carlos Alexandre. Composição e Derivação: Polos Prototípicos de um Continuum? Pequeno estudo de casos. Domínios da Lingu@gem, Uberlândia, 5, 2011.
GONÇALVES, Carlos Alexandre & ALMEIDA, Maria Lucia Leitão de. Morfologia construcional: principais ideias, aplicação ao português e extensões necessárias. Alfa. v. 58, n.1. São Paulo: ILCE/UNESP, 2014.
GONÇALVES, Carlos Alexandre & ANDRADE, Katia Emmerick. El status de los componentes morfológicos y el continuum composición–derivación en portugués. Linguística, 28 (2), 2012.
HOFFMANN, Thomas & TROUSDALE, Graeme. The Oxford Handbook of Construction Grammar. Oxford: Oxford University Press, 2013, p. 1-12.
KASTOVSKY, Dieter. Astronaut, astrology, astrophysics: about combining forms, classical compounds and affixoids. In McConchie, R. W. et alii (Eds.), Selected Proceedings of the 2008 Symposium on New Approaches in English Historical Lexis (HEL-LEX 2).
Somerville, MA: Cascadilla Proceedings Project, p. 1-13, 2009. Disponível em: <http://www.lingref.com>. Acesso em: 21 ago. 2012.
KATAMBA, Francis. Modern linguistic morphology. New York: Series, 1993.
KENESEI, Istvan. Semiwords and affixoids: the territory between word and affix. Budapest: Research Institute for Linguistics, 2007. Disponível em: <http://www.nytud.hu>. Acesso em: 25 nov. 2012.
LANGACKER, Ronald W. Foundations of cognitive grammar. California: Stanford University Press, 1987.
MARTELOTTA, Mário Eduardo. Mudança linguística. São Paulo: Cortez, 2011.
QUINION, Michael. Through the blender. 1996. Disponível em <http://www.worldwidewords.org/articles/blend.htm>. Acesso em: 25 ago. 2012.
RALLI, Angela. Compounding versus derivation. In: SCALISE, Sergio. & VOGEL, Irene (Eds.). The benjamins handbook of compounding. Philadelphia: Jonh Benjamins Publishing Company, 2010.
RONDININI, Roberto Botelho & GONÇALVES, Carlos Alexandre. Formações X-logo e X-grafo: um caso de deslocamento da composição para a derivação? In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE LINGUÍSTICA. XXII, Coimbra, 2006.
Textos selecionados do XXII encontro nacional da associação portuguesa de linguística (APL), Lisboa: Colibri, 2007, p. 533 – 546. Disponível em: <http://www.apl.org.pt/docs/22-textos-seleccionados/39-Rondinini_Goncalves.pdf>. Acesso em: 10 nov. 2007.
RONDININI, Roberto Botelho & ANDRADE, Katia Emmerick. Um “sufixodrasta”? Estudo das formações X-drasta(o) no Português do Brasil. In VILLALVA, Alina & SOUZA, Edson Rosa de (Orgs.) Estudos de morfologia: recortes e abordagens. São Paulo: Mercado de Letras, 2016. No prelo.
TRASK, Robert. L. Language change. London: Routledge, 1994.
VILLALVA, Alina. Formação de palavras: afixação. In: MIRA MATEUS et al. (Orgs.), Gramática da Língua portuguesa. Coimbra: Almedina, 2003, p. 941-967.
O envio de qualquer colaboração implica, automaticamente, a cessão integral dos direitos autorais à PUC Minas. Solicita-se aos autores assegurarem:
- a inexistência de conflito de interesses (relações entre autores, empresas/instituições ou indivíduos com interesse no tema abordado pelo artigo), e
- órgãos ou instituições financiadoras da pesquisa que deu origem ao artigo.
- todos os trabalhos submetidos estarão automaticamente inscritos sob uma licença creative commons do tipo "by-nc-nd/4.0".