Divergências entre a construção passiva no português brasileiro e no inglês evidências de corpus oral
Resumo
A visão transformacional na construção passiva não é esgota todas as suas possibilidades. Neste estudo, propomos uma visão construcional da construção, na qual ela é tomada como entidade teórica independente. Apesar de sintaticamente congruente no português brasileiro (PB) e no inglês, esta construção não pode ser tomada como equivalente uma vez que o PB apresenta uma opcionalidade para alcance de efeitos semântico-pragmáticos que são obtidos no inglês apenas através da construção passiva. Considerando-a como construção dentro da Gramática de Construções (GOLDBERG, 1995; 2006), foi feita uma análise de frequência da construção em corpora de fala do português brasileiro e do inglês, na qual foi atestada uma diferença distribucional. Conjectura-se, então, que a passiva recupere representações construcionais distintas no PB e no inglês.
Downloads
Referências
CHIERCHIA, G. A semantics for unaccusative and its syntactic consequences. In: ALEXIADOU, A.; ANAGNOSTOPOULOS, E.; EVERAERT, M. (orgs.). The Unaccusativity Puzzle – Explorations of the Lexicon-Syntax Interface. Oxford/New York: Oxford University Press, 2004.
CAMBRUSSI, M. F. Alternância Causativa de Verbos Inergativos no Português Brasileiro. Tese de Doutorado – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2009.
CYRINO, S. M. L. Construções com se e promoção de argumento no português brasileiro - uma investigação diacrônica. Revista da ABRALIN, v. 6, n.2, p. 85-116, 2007.
DAVISON, A. Peculiar passives. Language, v. 56, n. 1, p. 42-66, 1980.
DUARTE, Y. As passivas no português e no inglês: uma análise funcional. D.E.L.T.A., n. 6, v.2, p. 139-167, 1990.
DU BOIS, J. W.; CHAFE, W. L.; MEYER, C.; THOMPSON, S. A.; Englebretson, R.; Martey, N. Santa Barbara corpus of spoken American English, Parts 1-4. Philadelphia: Linguistic Data Consortium, 2000-2005.
ELLIS, N. C. Constructions, Chunking and Connectionism: The Emergence of Second Language Structure. In: DOWTY, C. J.; LONG, M. H. (Ed.). The Handbook of Second Language Acquisition. Malden, MA: Blackwell, p. 63-103, 2003.
GABRIEL, R. Mecanismos cognitivos envolvidos na aquisição e processamento de construções passivas. Caderno de Estudos Linguísticos, Campinas, n.45, p. 89-98, 2003.
GIVON, T. Syntax: A Functional-Typological Introduction, vol. II. Amsterdam: John Benjamins, 1990.
GOLDBERG, A. Constructions: A Construction Grammar Approach to Argument Structure. Chicago: University of Chicago Press, 1995.
GOLDBERG, A. Constructions at Work – The Nature of Generalizations in Language. Oxford/New York: Oxford University Press, 2006.
HAEGEMAN, L.; GUÉRON, J. English Grammar – A Generative Perspective. Malden, MA.: Blackwell, 1999.
HAWAD, H. F. A Voz Verbal e o Fluxo Informacional do Texto. D.E.L.T.A., n. 20, v.1, p. 97-121, 2004.
JUFFS, A. An overview of the second language acquisition of the links between verb semantics and morpho-syntax. In: ARCHIBALD, J. (Ed.). Second Language Acquisition and Linguistic Theory. Oxford: Blackwells, p. 187-227, 2000.
LEVIN, Beth. English Verb Classes and Alternations: A Preliminary Investigation. Chicago and London: The University of Chicago Press, 1993.
MAC-KAY, A.P.M.G. Atividade verbal: processo de diferença e integração entre fala e escrita. São Paulo: Plexus, 2000.
OLIVEIRA, C. S.; SOUZA, R. A. Uma exploração da aprendizibilidade da
construção resultativa do inglês por bilíngues do par linguístico português do Brasil e inglês. Confluência - Revista do Instituto de Língua Portuguesa, n. 43, p. 252-260, 2012.
RASO, T.; MELLO, H. C-Oral-Brasil I. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2012.
SAID ALI, M. O pronome “se”. In: SAID ALI, M. Dificuldades da Língua Portuguesa – 7ª ed. Rio de Janeiro: ABL, p. 101-119, 2008.
SANTOS, D. Podemos contar com as contas? In: ALUÍSIO, S.; TAGNIN, S. (eds.). New Language Technologies and Linguistic Research: A Two-way Road. Cambridge: Cambridge Scholars Publishing, p. 194-213, 2014.
SOUZA, R.; MELLO, H. Realização argumental na língua do aprendiz de línguas estrangeiras – possibilidades de exploração da interface entre semântica e sintaxe.Revista Virtual de Estudos da Linguagem – ReVEL, n. 5, 2007. ISSN 1678-8931 [www.revel.inf.br].
TSENG, J. English Prepositional Passive Constructions. In: MULLER, S. (Ed.). Proceedings of the 14th International Conference on Head-Driven Phrase Structure Grammar, Stanford Department of Linguistics and CSLI’s LinGO Lab. Stanford, CA: CSLI Publications, p. 271-286, 2007.
VAN RIEMSDIJK, H.; WILLIAMS, E. Introduction to the Theory of Grammar. Cambridge, MA.: The MIT Press, 1986
O envio de qualquer colaboração implica, automaticamente, a cessão integral dos direitos autorais à PUC Minas. Solicita-se aos autores assegurarem:
- a inexistência de conflito de interesses (relações entre autores, empresas/instituições ou indivíduos com interesse no tema abordado pelo artigo), e
- órgãos ou instituições financiadoras da pesquisa que deu origem ao artigo.
- todos os trabalhos submetidos estarão automaticamente inscritos sob uma licença creative commons do tipo "by-nc-nd/4.0".