Divergências entre a construção passiva no português brasileiro e no inglês evidências de corpus oral

Palavras-chave: Construção passiva, Gramática de construções, Análise de Corpora.

Resumo

A visão transformacional na construção passiva não é esgota todas as suas possibilidades. Neste estudo, propomos uma visão construcional da construção, na qual ela é tomada como entidade teórica independente. Apesar de sintaticamente congruente no português brasileiro (PB) e no inglês, esta construção não pode ser tomada como equivalente uma vez que o PB apresenta uma opcionalidade para alcance de efeitos semântico-pragmáticos que são obtidos no inglês apenas através da construção passiva. Considerando-a como construção dentro da Gramática de Construções (GOLDBERG, 1995; 2006), foi feita uma análise de frequência da construção em corpora de fala do português brasileiro e do inglês, na qual foi atestada uma diferença distribucional. Conjectura-se, então, que a passiva recupere representações construcionais distintas no PB e no inglês. 

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Biografia do Autor

Mara Passos Guimarães, Universidade Federal de Minas Gerais

Doutorado em Estudos Linguísticos com ênfase em Processamento da Linguagem, Laboratório de Psicolinguística, UFMG (em andamento)

Mestrado em Estudos Linguísticos com ênfase em Processamento da Linguagem, Laboratório de Psicolinguística, UFMG (2016)

Bacharelado em Linguística de Língua Inglesa, UFMG (2012)

Ricardo Augusto Souza, Universidade Federal de Minas Gerais
Possui bacharelado em Psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (1993), assim como mestrado em Estudos Linguísticos (2000) e doutorado em Linguística Aplicada (2003), ambos pela Faculdade de Letras da mesma universidade. Durante o doutoramento, realizou estágio de um ano no Department of Linguistics and Applied Linguistics da University of Melbourne, na Austrália. Entre 1 março de 2011 e 29 de fevereiro de 2012, realizou pós-doutorado no Department of Linguistics and Communication Disorders do Queens College of the City University of New York, nos Estados Unidos, conduzindo pesquisa sobre o processamento sentencial bilíngue. Atualmente é Professor Associado de Língua Inglesa da Universidade Federal de Minas Gerais e docente do Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos da mesma instituição. Atua como pesquisador na área de Psicolinguística Experimental (processamento da linguagem por humanos), com foco principal na psicolinguística do bilinguismo. Atualmente, seu trabalho no ensino de graduação é centrado na descrição e análise linguística da fonologia, da morfologia e da morfossintaxe do inglês, e também no estudo psicolinguístico do bilinguismo e da aprendizagem de segunda língua. Sua atuação em pesquisa e no ensino de pós-graduação é centrada em torno dos seguintes temas: (1) arquitetura cognitiva do processamento linguístico bilíngue e mecanismos reguladores de interações entre representações da gramática de L1 e L2; (2) marcadores comportamentais, experienciais e neurofisiológicos de proficiência em L2; (3) métodos experimentais e quantitativos nos estudos linguísticos.

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Publicado
01-08-2016
Como Citar
GUIMARÃES, M. P.; SOUZA, R. A. Divergências entre a construção passiva no português brasileiro e no inglês evidências de corpus oral. Scripta, v. 20, n. 38, p. 262-286, 1 ago. 2016.
Seção
Dossiê - Estudos gramaticais: um tema, várias perspectivas teóricas