Das amarras do poder às entrelinhas do discurso: a pedagogia ambígua da favela em Capão Pecado, de Ferréz

Palavras-chave: Relações de poder, Literatura marginal, Ferréz, Capão Pecado

Resumo

Pretende-se, no presente trabalho, investigar como o narrador de Capão Pecado propõe um contraponto ao código de moral da marginalidade, assumindo um tom pedagógico ambíguo que, ao mesmo tempo, critica o “sistema” e valoriza as regras de moralidade por este pregoadas. Para tal análise, pretende-se relacionar a instância narrativa da obra em questão com os pressupostos teóricos de Michel Foucault sobre a dissolução das relações de poder, representada pela figura do panóptico. Verifica-se, com isso, que os valores morais da sociedade tradicional burguesa dissolvem-se nas mais diversas estruturas, diluindo, nesse processo, algumas fronteiras entre centro e margem para se estabelecer como norma até mesmo onde são questionados e subvertidos.

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Biografia do Autor

Juan Filipe Stacul, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Doutorando em Literaturas de Língua Portuguesa na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Bolsista CAPES.

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Publicado
22-12-2016
Como Citar
STACUL, J. F. Das amarras do poder às entrelinhas do discurso: a pedagogia ambígua da favela em Capão Pecado, de Ferréz. Scripta, v. 20, n. 39, p. 215-233, 22 dez. 2016.
Seção
Dossiê: realismos e mediações