Percepção de pausa em fronteira prosódica
Resumo
Este artigo trata da relação entre produção e percepção de pausas em fronteira de frase entoacional do Português Brasileiro a partir de resultados obtidos por meio de teste experimental de percepção auditiva de pausa e de variação de frequência fundamental. A percepção de fronteira de frase entoacional é relevante por esse constituinte linguístico exercer papel de importância primária no processamento de enunciados. Dentre os resultados obtidos, destacamos que tanto a combinação entre pausa e sequência tonal H+L* L% no contexto fonológico da fronteira de frase entoacional quanto a sequência tonal H+L* L% sem a produção de pausa na fronteira de frase entoacional leva à percepção de pausa. Com os resultados apresentados, este artigo apresenta subsídios para questionar o que seja a pausa do ponto de vista da percepção e defende que a identificação de pausa depende também da variação de frequência fundamental característica de frase entoacional.
Downloads
Referências
ANDRÉ, C.; GHIO, A.; CAVÉ, C.; TESTON, B. PERCEVAL: PERCeption
EVALuation Auditive & Visuelle (Versão 5.0.30) [Programa de computador]. Aix-en- Provence; 2009.
BECKMAN, M.; PIERREHUMBERT, J. Intonational Structure in Japanese and English. Phonology Yearbook, Cambridge, n. 3, p. 255-310, 1986.
BOGELS, S.; SCHRIEFERS, H. J.; VONK, W.; CHWILLA, D. Prosodic Breaks in Sentence Processing Investigated by Event Related Potentials. Language and Linguistics Compass, John Wiley & Sons, n. 5, p. 424-440, 2011.
CAGLIARI, L. C. Prosódia: algumas funções dos supra-segmentos. Caderno de Estudos Linguísticos, Campinas, n. 23, p. 137-151, 1992.
CHACON, L.; FRAGA, M. Pausas na interpretação teatral: delimitação de
constituintes prosódicos. Filologia e Linguística Portuguesa, São Paulo, v. 16, n. 1, p. 121-146, 2014.
CARLSON, K.; CLIFTON, C. Jr.; FRAZIER, L. Prosodic Boundaries in Adjunct Attachment. Journal of Memory and Language, Elsevier, n. 45, p. 58-81, 2001.
FANT, G. Auditory Patterns of Speech. In: WATHEN-DUNN, W. (Org.). Models for the Perception of Speech and Visual Form. Cambridge: M.I.T. Press, 1967, p. 111-125.
FERNANDES, F. R. Ordem, focalização e preenchimento em português:
sintaxe e prosódia, 2007. 452 f. Tese (Doutorado em Linguística). Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2007.
FRAZIER, L., CLIFTON, C. Jr.; CARLSON, K. Don’t Break, or Do: Prosodic
boundary preferences. Lingua. Elsevier, n. 114, p. 3-27, 2003.
FROTA, S. Prosody and Focus in European Portuguese. NewYork/London:
Garlang Publishing (Serie Outstanding Dissertations on Linguistics),1998.
FROTA, S.; VIGÁRIO, M. Aspectos de prosódia comparada: ritmo e entoação no PE e no PB. In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA
DE LINGUÍSTICA, XV, 2000, Coimbra. Actas do XV Encontro Nacional da
Associação Portuguesa de Linguística. Coimbra: Associação Portuguesa de
Linguística, 2000, p. 533-555.
HIRST, D.; DI CRISTO, A. (Eds.). Intonation Systems: a Survey for Twenty Languages. Cambridge: Cambridge University Press, 1998.
LADD, D. R. Intonational Phonology. Cambridge: Cambridge University Press, 1996.
MANNEL, C. FRIEDERICI, A. D. Neural Correlates of Prosodic Boundary
Perception in German Preschoolers: If Pause is Present, Pitch can go. Brain Research. Elsevier, n. 1632, p. 27-33, 2016.
MARTIN, J. G. On Judging Pauses in Spontaneous Speech. Journal of Verbal Learning and Verbal Behavior, Elsevier, n. 9, p. 75-78, 1970
MORAES, J. Nuclear and pre-nuclear contours in Brazilian Portuguese intonation. In: PHONETICS AND PHONOLOGY IN IBERIA, 2007, Braga. Phonetics and
phonology in Iberia
Workshop. Braga: University of Minho, 2007. Disponível em:
dlgr/SonseMelodias/PaPI2007ToBIworkshop.>. Acesso em 24 de novembro de 2016.
MORTON, J.; BROADBENT D. E. Passive Versus Active Recognition Models or Is Homunculus Really Necessary?. In: WATHEN-DUNN, W. (Org.). Models for the Perception of Speech and Visual Form. Cambridge: M.I.T. Press, 1967, p. 103-110.
NESPOR, M.; VOGEL, I. Prosodic Phonology. Dordrecht-Holland: Foris
Publications, 1986.
NESPOR, M.; VOGEL, I. Prosodic Phonology: with a new foreword. Berlin:
Walter de Gruyter, 2007.
PIERREHUMBERT, J. The Phonology and Phonetics of English Intonation.
Massachussetts: M.I.T. Press, 1980.
SCHWARTZ, J.-L.; BASIRAT, A. MÉNARD, L.; SATO, M. The Perception for
Action Control Theory (PACT): a perceptuo-motor theory of speech perception. Journal of Neurolinguistics, Élsevier, v. 5, n. 25, p. 336-354, 2012.
SELKIRK, E. Phonology and Syntax: The relation between sound and structure. Cambridge: M.I.T Press, 1984.
SERRA, C. R. Realização e percepção de fronteiras prosódicas no português do Brasil: fala espontânea e leitura. 2009. 241 f. Tese (Doutorado em Letras). Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.
SERRA, C; FROTA, S. Fraseamento prosódico no Português do Brasil: pistas para a percepção. In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE
LINGUÍSTICA, XXV, 2009, Lisboa. Apresentação no XXV Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística. Lisboa: Associação Portuguesa
de Linguística, 2009. Disponível em:
PaPI2007ToBIworkshop.>. Acesso em 26 de janeiro de 2017.
SONCIN, G. C. N. Língua, discurso e prosódia: investigar o uso da vírgula
é restrito? Vírgula!. 2014. 312 f. Tese (Doutorado em Linguística). Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, São José do Rio Preto, 2014.
SONCIN, G.; TENANI, L. Variações de F0 e configurações de frase entoacional: análise de estruturas contrastivas. Domínios de Lingu@gem, Uberlândia, v. 10, n. 2, p. 534-558, 2016.
SONCIN, G.; TENANI, L. E. Emprego de vírgulas e prosódia do Português
Brasileiro: aspectos teórico-analíticos e implicações didáticas. Filologia e
Linguística Portuguesa, São Paulo, v. 17, n. 2, p. 473-493, 2015.
STEINHAUER, K., ALTER, K., & FRIEDERICI, A. D. Brain potentials indicateimmediate use of prosodic cues in natural speech processing. Nature Neuroscience. Macmillan, n. 2, p. 191–196, 1999.
STEVENS, K. N. e BLUMSTEIN, S. E. Invariant Cues for Place of Articulation in Stop Consonants. Journal of the Acoustical Society of America, n. 64, p.1358- 1368, 1978.
TENANI, L. E. Domínios prosódicos no Português do Brasil: implicações
para a prosódia e para a aplicação de processos fonológicos. 2002. 331 f. Tese (Doutorado em Linguística). Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2002.

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
O envio de qualquer colaboração implica, automaticamente, a cessão integral dos direitos autorais à PUC Minas. Solicita-se aos autores assegurarem:
- a inexistência de conflito de interesses (relações entre autores, empresas/instituições ou indivíduos com interesse no tema abordado pelo artigo), e
- órgãos ou instituições financiadoras da pesquisa que deu origem ao artigo.
- todos os trabalhos submetidos estarão automaticamente inscritos sob uma licença creative commons do tipo "by-nc-nd/4.0".