Percepção de pausa em fronteira prosódica

Palavras-chave: Linguística, Teoria e Análise Linguística,

Resumo

Este artigo trata da relação entre produção e percepção de pausas em fronteira de frase entoacional do Português Brasileiro a partir de resultados obtidos por meio de teste experimental de percepção auditiva de pausa e de variação de frequência fundamental. A percepção de fronteira de frase entoacional é relevante por esse constituinte linguístico exercer papel de importância primária no processamento de enunciados. Dentre os resultados obtidos, destacamos que tanto a combinação entre pausa e sequência tonal H+L* L% no contexto fonológico da fronteira de frase entoacional quanto a sequência tonal H+L* L% sem a produção de pausa na fronteira de frase entoacional leva à percepção de pausa. Com os resultados apresentados, este artigo apresenta subsídios para questionar o que seja a pausa do ponto de vista da percepção e defende que a identificação de pausa depende também da variação de frequência fundamental característica de frase entoacional.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Geovana Soncin, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquisa Filho"

Pesquisadora associada ao Departamento de Estudos Linguísticos e Literários (DELL) - UNESP, câmpus de São José do Rio Preto na área de Teoria e Análise Linguística. Ênfase nos estudos descritivos de Fonética e Fonologia do Português; de Aquisição da escrita; e de Fonologia Laboratorial que invstigam o funcionamento de fenômenos prosódicos do ponto de vista da produação e da percepção. 

Luciani Ester Tenani, UNESP
É professora associada na UNESP, onde ministra disciplinas para graduação (Licenciatura em Letras e Licenciatura em Pedagogia) e pós-graduação (Programa em Estudos Linguísticos). Fez mestrado (1996) e doutorado (2002) em Linguística na UNICAMP, pós-doutorado (2013) em Linguística Aplicada na USP e livre-docência na UNESP (2016). Foi chefe do Departamento de Estudos Linguísticos e Literários (2004-2006), IBILCE/UNESP, e é coordenadora, desde 2013, do Laboratório de Fonética, IBILCE/UNESP. É vice-líder do grupo de pesquisa ?Estudos sobre a linguagem? (CNPq/UNESP), membro do Grupo de Trabalho Fonética e Fonologia da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística (ANPOLL) e bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq desde 2010. Tem pesquisado, publicado e orientado dissertações e teses sobre os seguintes temas: prosódia do Português Brasileiro e processos segmentais variáveis, relação entre fonologia e ortografia, relação entre prosódia e pontuação. Email: luciani.tenani@unesp.br. ORCID iD: 0000-0002-8487-0825.
Larissa Berti, UNESP
Possui graduação em Fonoaudiologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1996), Mestrado em Educação pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2000), Doutorado pela Universidade Estadual de Campinas (2006) e Pós Doutorado em Speech Language Pathology na University of Toronto (2015). Atualmente é professora assistente doutora vinculada ao Departamento de Fonoaudiologia da Unesp - Campus de Marília, docente do corpo permanente do Programa de Pós Graduação em Fonoaudiologia UNESP - Marília (Conceito CAPES 3), docente do corpo permanente do Programa de Pós Graduação em Estudos Linguísticos UNESP - SJRP (Conceito 5). Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Estudos sobre a Lingugem - GPEL e do Grupo de Pesquisa Dinâmica Fônica - DINAFON. Tem experiência na área de Fonoaudiologia e Lingüística, atuando principalmente nas seguintes áreas: aquisição da linguagem oral, fonética e fonologia, análise acústica e análise ultrassonográfica. Bolsista PQ-2 (2016).

Referências

ANDRÉ, C.; GHIO, A.; CAVÉ, C.; TESTON, B. PERCEVAL: PERCeption

EVALuation Auditive & Visuelle (Versão 5.0.30) [Programa de computador]. Aix-en- Provence; 2009.

BECKMAN, M.; PIERREHUMBERT, J. Intonational Structure in Japanese and English. Phonology Yearbook, Cambridge, n. 3, p. 255-310, 1986.

BOGELS, S.; SCHRIEFERS, H. J.; VONK, W.; CHWILLA, D. Prosodic Breaks in Sentence Processing Investigated by Event Related Potentials. Language and Linguistics Compass, John Wiley & Sons, n. 5, p. 424-440, 2011.

CAGLIARI, L. C. Prosódia: algumas funções dos supra-segmentos. Caderno de Estudos Linguísticos, Campinas, n. 23, p. 137-151, 1992.

CHACON, L.; FRAGA, M. Pausas na interpretação teatral: delimitação de

constituintes prosódicos. Filologia e Linguística Portuguesa, São Paulo, v. 16, n. 1, p. 121-146, 2014.

CARLSON, K.; CLIFTON, C. Jr.; FRAZIER, L. Prosodic Boundaries in Adjunct Attachment. Journal of Memory and Language, Elsevier, n. 45, p. 58-81, 2001.

FANT, G. Auditory Patterns of Speech. In: WATHEN-DUNN, W. (Org.). Models for the Perception of Speech and Visual Form. Cambridge: M.I.T. Press, 1967, p. 111-125.

FERNANDES, F. R. Ordem, focalização e preenchimento em português:

sintaxe e prosódia, 2007. 452 f. Tese (Doutorado em Linguística). Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2007.

FRAZIER, L., CLIFTON, C. Jr.; CARLSON, K. Don’t Break, or Do: Prosodic

boundary preferences. Lingua. Elsevier, n. 114, p. 3-27, 2003.

FROTA, S. Prosody and Focus in European Portuguese. NewYork/London:

Garlang Publishing (Serie Outstanding Dissertations on Linguistics),1998.

FROTA, S.; VIGÁRIO, M. Aspectos de prosódia comparada: ritmo e entoação no PE e no PB. In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA

DE LINGUÍSTICA, XV, 2000, Coimbra. Actas do XV Encontro Nacional da

Associação Portuguesa de Linguística. Coimbra: Associação Portuguesa de

Linguística, 2000, p. 533-555.

HIRST, D.; DI CRISTO, A. (Eds.). Intonation Systems: a Survey for Twenty Languages. Cambridge: Cambridge University Press, 1998.

LADD, D. R. Intonational Phonology. Cambridge: Cambridge University Press, 1996.

MANNEL, C. FRIEDERICI, A. D. Neural Correlates of Prosodic Boundary

Perception in German Preschoolers: If Pause is Present, Pitch can go. Brain Research. Elsevier, n. 1632, p. 27-33, 2016.

MARTIN, J. G. On Judging Pauses in Spontaneous Speech. Journal of Verbal Learning and Verbal Behavior, Elsevier, n. 9, p. 75-78, 1970

MORAES, J. Nuclear and pre-nuclear contours in Brazilian Portuguese intonation. In: PHONETICS AND PHONOLOGY IN IBERIA, 2007, Braga. Phonetics and

phonology in Iberia

Workshop. Braga: University of Minho, 2007. Disponível em:

dlgr/SonseMelodias/PaPI2007ToBIworkshop.>. Acesso em 24 de novembro de 2016.

MORTON, J.; BROADBENT D. E. Passive Versus Active Recognition Models or Is Homunculus Really Necessary?. In: WATHEN-DUNN, W. (Org.). Models for the Perception of Speech and Visual Form. Cambridge: M.I.T. Press, 1967, p. 103-110.

NESPOR, M.; VOGEL, I. Prosodic Phonology. Dordrecht-Holland: Foris

Publications, 1986.

NESPOR, M.; VOGEL, I. Prosodic Phonology: with a new foreword. Berlin:

Walter de Gruyter, 2007.

PIERREHUMBERT, J. The Phonology and Phonetics of English Intonation.

Massachussetts: M.I.T. Press, 1980.

SCHWARTZ, J.-L.; BASIRAT, A. MÉNARD, L.; SATO, M. The Perception for

Action Control Theory (PACT): a perceptuo-motor theory of speech perception. Journal of Neurolinguistics, Élsevier, v. 5, n. 25, p. 336-354, 2012.

SELKIRK, E. Phonology and Syntax: The relation between sound and structure. Cambridge: M.I.T Press, 1984.

SERRA, C. R. Realização e percepção de fronteiras prosódicas no português do Brasil: fala espontânea e leitura. 2009. 241 f. Tese (Doutorado em Letras). Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.

SERRA, C; FROTA, S. Fraseamento prosódico no Português do Brasil: pistas para a percepção. In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE

LINGUÍSTICA, XXV, 2009, Lisboa. Apresentação no XXV Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística. Lisboa: Associação Portuguesa

de Linguística, 2009. Disponível em:

PaPI2007ToBIworkshop.>. Acesso em 26 de janeiro de 2017.

SONCIN, G. C. N. Língua, discurso e prosódia: investigar o uso da vírgula

é restrito? Vírgula!. 2014. 312 f. Tese (Doutorado em Linguística). Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, São José do Rio Preto, 2014.

SONCIN, G.; TENANI, L. Variações de F0 e configurações de frase entoacional: análise de estruturas contrastivas. Domínios de Lingu@gem, Uberlândia, v. 10, n. 2, p. 534-558, 2016.

SONCIN, G.; TENANI, L. E. Emprego de vírgulas e prosódia do Português

Brasileiro: aspectos teórico-analíticos e implicações didáticas. Filologia e

Linguística Portuguesa, São Paulo, v. 17, n. 2, p. 473-493, 2015.

STEINHAUER, K., ALTER, K., & FRIEDERICI, A. D. Brain potentials indicateimmediate use of prosodic cues in natural speech processing. Nature Neuroscience. Macmillan, n. 2, p. 191–196, 1999.

STEVENS, K. N. e BLUMSTEIN, S. E. Invariant Cues for Place of Articulation in Stop Consonants. Journal of the Acoustical Society of America, n. 64, p.1358- 1368, 1978.

TENANI, L. E. Domínios prosódicos no Português do Brasil: implicações

para a prosódia e para a aplicação de processos fonológicos. 2002. 331 f. Tese (Doutorado em Linguística). Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2002.

Publicado
30-06-2017
Como Citar
Soncin, G., Tenani, L. E., & Berti, L. (2017). Percepção de pausa em fronteira prosódica. Scripta, 21(41), 143-164. https://doi.org/10.5752/P.2358-3428.2017v21n41p143
Seção
Dossiê: Sistemas Perceptivos e Linguagens