Deficiência Visual, Interação e Desenvolvimento da Linguagem
Resumo
Este trabalho pretende refletir sobre a importância da interação de crianças cegas congênitas com os objetos de conhecimento, com o espaço e com o outro para a promoção da aprendizagem e para o desenvolvimento do pensamento e da linguagem do indivíduo com essa deficiência. Nesse estudo teórico, entende-se a relação intersubjetiva como constitutiva do eu, conforme postulados benvenistianos. Além disso, considerando a premissa de Leonhardt (1992) de que a visão é responsável por integrar e organizar a experiência proveniente dos outros sentidos, destaca-se que o cego, por não dispor da percepção visual, pode ter dificuldades de formar conceitos – segundo pressupostos de Vygotski. Diante disso, busca-se explicitar, com base em estudos de Autor, a complexidade inerente à configuração da relação enunciativa “eu-tu” no processo de formação de conceitos em crianças com cegueira congênita, destacando-se a necessidade da constante mediação do cuidador para a promoção do desenvolvimento da cognição e da linguagem. A partir deste estudo, foi possível perceber que há um processo sistêmico no desenvolvimento do cego congênito, ou seja, linguagem, pensamento, cognição e interação estão interligados e são indissociáveis.
Downloads
Referências
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. 4.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
AMIRALIAN, Maria Lúcia T. M. Compreendendo o cego: uma visão psicanalítica da cegueira por meio de desenhos-estória. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2006.
AROLDO¸ Rodrigues. Psicologia Social. Rio de Janeiro: Vozes, 1991.
BECKER, Fernando. A epistemologia do professor: o cotidiano da escola. 15. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.
BENVENISTE, Émile. Problemas de linguística geral II. Campinas, São Paulo: Pontes, 1984.
BENVENISTE, Émile. Problemas de linguística geral I. 5. ed. Campinas, SP: Pontes Editores, 2005.
BENVENISTE, Émile. Problemas de linguística geral II. 2. ed. Campinas, SP: Pontes Editores, 2006.
BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm> Acesso em: 29 de janeiro de 2017.
BRONCKART, Jean-Paul. Atividade de linguagem, discurso e desenvolvimento humano. Trad. Anna Raquel Machado e Maria de Lourdes Meirelles Matencio. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2006a.
BRONCKART, Jean Paul. Interacionismo Sócio-discursivo: uma entrevista com Jean Paul Bronckart. Trad. Cassiano Ricardo Haag e Gabriel de Ávila Othero. Revista Virtual de Estudos da Linguagem - ReVEL. Vol. 4, n. 6, março de 2006. Disponível em: . Acesso em: 13 nov. 2014b.
BRUNO, Marilda Moraes Garcia. O desenvolvimento integral do portador de deficiência visual: da intervenção precoce à integração escolar. São Paulo: Newswork, 1993.
CARVALHO, José Augusto. Por uma política do ensino da língua. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1988.
DENTZ, Volmir von; LAMAR, Adolfo Ramos. Giros epistemológicos na filosofia e a virada linguística na filosofia da educação. In: VII SEMINÁRIO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO DA REGIÃO SUL, 2008, Itajaí - SC. Banco de Papers. Itajaí - SC: UNIVALI, 2008. Disponível em: <http://www.portalanpedsul.com.br/admin/uploads/2008/Filosofia_e_educacao/Trabalho/12_31_54_Os_giros_epistemologicos_na_filosofia_e_a_virada_linguistica.pdf>. Acesso em: 24 jan 2017.
FRAIBERG, Selma. Niños ciegos: La deficiencia visual y el desarrollo inicial de la personalidad. Colección Rehabilitación. Ministerio de Asuntos Sociales. España: Madrid, 1981.
FRANCHI, Carlos. Mas o que é mesmo gramática? São Paulo: Parábola
Editorial, 2006.
KAODOINSKI, Fabiana. Concepções de gramática e de ciência no ensino de língua. 2015. 114 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade de Caxias do Sul, Programa de Mestrado em Educação, 2015.
LEONHARDT, M. El bebé ciego. Primera atención – Un enfoque psicopedagógico. Barcelona: Masson, 1992.
MATUI, Jiron. Construtivismo: teoria construtivista sócio-histórica aplicada ao ensino. São Paulo: Moderna, 1995.
MORAES, Maria Cândida. O paradigma educacional emergente. Campinas,
SP: Papirus, 1997.
MOREIRA, Marco Antonio. Teorias da aprendizagem. São Paulo: EPU, 1999.
NIQUE, Christian. Iniciação metódica à gramática gerativa. Tradução de
Edward Lopes. São Paulo: Editora Cultrix Ltda, 1974.
PAVIANI, Neires Maria Soldatelli. Estudos da linguagem na educação. Caxias do Sul, RS: EDUCS, 2012.
PAVIANI, Jayme. Filosofia, ética e educação: de Platão a Merleau-Ponty. Caxias do Sul, RS: EDUCS, 2010.
PLATÃO. A República. Tradução de Carlos Alberto Nunes. 3. ed. Belém:
EDUFPA, 2000.
POZO, Juan Ignácio. Aprendizes e mestres: a nova cultura da aprendizagem. Tradução de Ernani Rosa. Porto Alegre: Artes Médicas, 2002.
REVUELTA, Rosa Maria. Palmo a Palmo. Madrid: ONCE. Organización
Nacional de Ciegos Españoles. 1993.
RODRIGUES, Maria Rita Campello Rodrigues. Criança com Deficiência Visual e sua Família. In: SAMPAIO, M.W. et al. (Org.). Baixa visão e cegueira: os
caminhos para a reabilitação, a educação e a inclusão. Rio de Janeiro: Cultura Médica, Guanabara Koogan, 2010.
TONIAZZO, Fernanda Ribeiro. Educação e linguagem: a configuração da relação enunciativa eu-tu no processo de formação de conceitos em crianças com cegueira congênita. 2015. 65 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade de Caxias do Sul, Programa de Mestrado em Educação, 2015.
VYGOTSKY, Lev Semenovitch. A Formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes, 1984.
VYGOTSKY, Lev Semenovitch. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1987.
VYGOTSKY, Lev Semenovitch. A formação social da mente. Trad. José Cipolla Neto, Luis Silveira Menna Barreto e Solange Castro Afeche. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
VYGOTSKY, Lev Semenovitch. Pensamento e linguagem. Trad. Jefferson Luiz Camargo. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
VYGOTSKY, Lev Semenovitch. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2009.
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
O envio de qualquer colaboração implica, automaticamente, a cessão integral dos direitos autorais à PUC Minas. Solicita-se aos autores assegurarem:
- a inexistência de conflito de interesses (relações entre autores, empresas/instituições ou indivíduos com interesse no tema abordado pelo artigo), e
- órgãos ou instituições financiadoras da pesquisa que deu origem ao artigo.
- todos os trabalhos submetidos estarão automaticamente inscritos sob uma licença creative commons do tipo "by-nc-nd/4.0".