“Filosofia de botequim”: síncopa, samba, a vida e o pensamento popular de Ataulfo Alves

  • Francisco Antonio Romanelli UNINCOR - Universidade do Vale do Rio Verde (Mestre) UNIVÁS - Universidade Vale do Sapucaí (Doutorando)
Palavras-chave: Linguística, Literatura brasileira

Resumo

A vida pobre do sambista original foi motivo de farta reflexão nas letras dos sambas. Desde Noel Rosa instaurou-se uma nova poética para as letras da canção popular, em que o questionamento sobre as vicissitudes dessa vida passou a ser um dos principais objetivos do sambista. Essa era uma forma de a cultura negra resistir à desculturação e à implantação de uma ideologia de inferioridade racial, impostas pela elite dominante, basicamente branca e de tradição europeia. As letras dos sambas eram questionadoras, polissêmicas e sarcásticas, gerando o que se denomina “pensamento sincopado”, baseado no uso da síncopa e motivador de certa forma de reflexão, a que se dá o nome de “filosofia de botequim”. No pensamento popular, sincopado, de Ataulfo Alves, expresso por suas canções, o presente texto vai buscar a “filosofia de botequim” em questionamentos sobre a vida, a sorte, a morte e a felicidade e seus diálogos com a poesia.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Francisco Antonio Romanelli, UNINCOR - Universidade do Vale do Rio Verde (Mestre) UNIVÁS - Universidade Vale do Sapucaí (Doutorando)

Mestre em Letras pela UNINCOR - Universidade Vale do Rio Verde.

Doutorando em Ciências da Linguagem - UNIVÁS - Universidade Vale do Sapucaí

Referências

AZEVEDO, Ricardo. Abençoado & danado do Samba: um estudo sobre o discurso popular. São Paulo: EDUSP, 2013.

BAKHTIN, Mikhail. Interação verbal. In: BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. Trad. Michel Lahud; Yara Vieira. 12. ed. São Paulo: Hucitec, 2006 (Cap. 6).

BAKHTIN, Mikhail. O discurso na poesia e o discurso no romance. In: BAKHTIN, Mikhail. Questões de literatura e de estética: a teoria do romance. Trad. Aurora Fornoni Bernadini et al. 5. ed. São Paulo: Hicitec: Annablume, 2002 (part. 2, cap. II).

BENJAMIN, Walter. A obra de arte na época de suas técnicas de reprodução. In: Os Pensadores vol. XLVIII. Trad.: José Lino Grünnewald. São Paulo: Abril, 1975.

BOSI, Alfredo. Sobre alguns modos de ler poesia: memórias e reflexões. In: BOSI, Alfredo (org.). Leitura de poesia. São Paulo: Ática, 2003.

BOURDIEU, Pierre. Espaço social e espaço simbólico. In Razões práticas: sobre a teoria da ação. Trad. Mariza Correa. 9. ed. Campinas: Papirus, 2008.

CARVALHO, Luiz Fernando Medeiros de. Ismael Silva: samba e resistência. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980.

COMPAGNON, Antoine. Literatura para quê? Trad. Laura Taddei Brandini. 1. reimp. Belo Horizonte: UFMG, 2012.

FRANCESCHI, Humberto M. Samba de sambar do Estácio: de 1928 a 1931. 1. reimp. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2014.

HECHT, Jennifer Michael. O mito da felicidade: por que o que achamos que é certo é errado. São Paulo: Larousse, 2009.

JASPERS, Karl. Introdução à Filosofia. 3. ed. Trad. Leonidas Hegenberg; Octanny Silveira da Mota. São Paulo: Cultrix, 1976.

JUNG, Emma. Animus e anima. Trad.: Dante Pignatari. São Paulo: Cultrix, 2006. (7.ª reimp., 2013)

LOPES, Nei. Enciclopédia Brasileira da Diáspora africana. 4. ed. São Paulo: Selo Negro, 2011.

LUZ, Marco Aurélio. Cultura negra e ideologia do recalque. 3. ed. Rio de Janeiro: EDUFBA; Pallas, 2010.

MACEDO, José Agostinho. Obras de Horácio traduzidas em verso Portuguez. Tomo 1. Lisboa: Impressão Régia, 1806.

MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepção. Trad. Carlos Alberto Ribeiro de Moura. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

NUNES, Renato. A filosofia e o filosofar. In PIOSEVAN, Américo et al (org.). Filosofia e ensino em debate. Ujuí: Unijuí, 2002.

PERRONE, Charles A. Letras e letras da Música Popular Brasileira. Trad. José Luiz Paulo Machado. Rio de Janeiro: Elo, 1988.

PROUST, Marcel. O tempo recuperado (vol. VII de Em busca do tempo perdido). Trad. Fernando Py. Rio de Janeiro: Ediouro, 1995.

ROMANELLI, Francisco Antonio. Rio de Janeiro: uma cidade dividida pelo samba. In BIANCHI, Leonor (Org.). Rio: 450 anos de histórias. Nova Friburgo: E-ditora, 2015.

ROMANELLI, Francisco Antonio. Roda de samba, roda da vida: filosofia de botequim em Noel, Paulinho e Chico. Varginha: Francisco Antonio Romanelli, 2015b.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil 1870-1930. 13 reimp. São Paulo: Cia. das Letras, 2015.

SELDOM, John Rose. Works of Virgil translated into English Prose. v. I. 4.ed. London (Britain): Library of Princeton University, 1794.

SODRÉ, Muniz. Samba, o dono do corpo. 2. ed. 2. Reimp. Rio de Janeiro: Mauad, 2007.

VIANNA, Hermano. O mistério do samba. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2012.

WILKINSON, L. P. The Georgics of Virgil: a critical survey. Cambridge (Britain): Cambridge University Press, 1978. Disponível em: <https://books.google.com.br>. Acesso em out. 2015.

WISNIK, José Miguel. Sem receita: ensaios e canções. São Paulo: Publifolha, 2004.

Publicado
15-06-2018
Como Citar
Romanelli, F. A. (2018). “Filosofia de botequim”: síncopa, samba, a vida e o pensamento popular de Ataulfo Alves. Scripta, 22(44), 115-128. https://doi.org/10.5752/P.2358-3428.2018v22n44p115
Seção
Literaturas