CANCRO DE RANILHA: UMA NOVA PERSPECTIVA TERAPÊUTICA - RELATO DE CASO

  • Letícia Lorraine Vilela de Oliveira PUC Minas
  • Ana Luisa Lara Vieira PUC Minas
  • João Gabriel Souza Carvalho
  • João Victor Carvalho Cunha e Sousa
  • Juliana Abreu Ribeiro
  • Mateus Cota Moreira
  • Cahuê Francisco Rosa Paz
Palavras-chave: Oxitetraciclina, Peróxido de benzoíla, Propanona

Resumo

INTRODUÇÃO: Popularmente conhecido como cancro da ranilha, esta é uma condição incomum nos cascos dos equinos, que afeta a ranilha e a sola. Acreditava-se que essa patologia era de origem cancerosa, no entanto, sabe-se que o cancro é uma infecção anaeróbica no epitélio superficial dos cascos. A bactéria causadora é desconhecida, mas estudos apontam que possuem origem similar ao que causa o “foot rot” em ovinos (Turner 1989). A pododermatite hipertrófica crônica é uma doença que se caracteriza por lesões de crescimento rápido e desordenado de aspecto papilífero, podendo ter coloração branca nas raízes e escura nas margens, com secreção de aspecto necrótico e odor fétido (Lacerda Neto, J. C. et al., 2001). O tratamento clássico passa por três etapas: limpeza do casco, remoção do tecido lesado e uso de antibióticos (Wilson, 1994). O objetivo deste trabalho é relatar uma nova abordagem terapêutica para o cancro de ranilha em equinos. MATERIAIS E MÉTODOS: A equipe Equine Orthopedic MG atendeu um equino, macho castrado, da raça Brasileiro de Hipismo. O paciente apresentava uma lesão hipertrófica na região da ranilha do membro pélvico direito, a pelo menos dois anos, que assemelhava-se morfologicamente com cancro de ranilha. De acordo com o proprietário, já haviam sido realizados outros tratamentos anteriormente, porém sem sucesso. Sendo assim a opção de tratamento escolhida consistiu no casqueamento do membro afetado para equilibrar o estojo córneo, retirando o tecido excessivo. Depois, foi aplicada propanona à 60%, por aspersão, na região da ranilha do casco e aguardou-se por cinco minutos. Em seguida, aplicou-se uma pomada comercial contendo peróxido de benzoíla 5% em associação a oxitetraciclina em pó 5%, a quantidade depositada foi a de acordo com a área afetada. Buscando-se cobrir totalmente a área lesionada, conforme a prerrogativa para tratamentos tópicos. Para fornecer suporte e pressão na área, foi utilizado um silicone de condensação. Durante 45 dias foram realizados curativos a cada 5 dias. Ao final do período, houve completa remissão da lesão e reconstrução da ranilha e região de sola. Foi realizado casqueamento contínuo por seis meses a cada 30 dias com objetivo de evitar a remissão da lesão. Esse protocolo foi eficaz na resolução do caso, podendo ser uma opção viável para casos semelhantes, conforme pode ser observado na Figura 1.

 

Figura 1 - Evolução da lesão ao longo do período de tratamento.

 

RESULTADOS e DISCUSSÃO: Essa forma de tratamento demonstrou ser mais econômica em relação ao resultados obtidos por O'Grady (2012), pois utilizou uma concentração duas vezes menor sem perda de eficácia. Utiliza também a propanona ao invés do ácido pícrico  5% para promover o ressecamento, reduzindo ainda mais os custos. Além disso, Lacerda Neto, J.C. et al. (2001) relatou a aplicação de ácido pícrico diariamente na fase inicial e a cada dois dias ao fim do tratamento. Com isso o número de aplicações de propanona também foi menor no presente relato, e o uso da mesma como agente de ressecamento também foi considerado mais econômico do que o uso de substâncias criogênicas. Os materiais mais empregados são o nitrogênio líquido e o fluido de refrigeração de circuito elétrico (O' Grady & Madison, 2004). Para evitar recidiva da lesão, o casqueamento preventivo do animal foi feito durante seis meses, e é considerado essencial. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Diante do relato apresentado, evidenciou-se a possibilidade de utilizar menores concentrações de peróxido de benzoíla, quando associada à propanona e oxitetraciclina em pó sem que ocorresse uma diminuição da eficácia, o que resultou em uma redução de custos durante o tratamento do cancro de ranilha em equinos. Além disso, casqueamentos preventivos foram associados, o que foi um diferencial para que fosse evitada a recidiva.

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Publicado
17-07-2023
Como Citar
Vilela de Oliveira, L. L., Lara Vieira, A. L., Souza Carvalho, J. G., Carvalho Cunha e Sousa, J. V., Abreu Ribeiro, J., Cota Moreira, M., & Rosa Paz, C. F. (2023). CANCRO DE RANILHA: UMA NOVA PERSPECTIVA TERAPÊUTICA - RELATO DE CASO. Sinapse Múltipla, 12(1), 28-31. Recuperado de https://periodicos.pucminas.br/index.php/sinapsemultipla/article/view/30607