FUSÃO RENAL CONGÊNITA EM PACIENTE FELINO: RELATO DE CASO

  • Juliana Masiero Universidade Federal de Minas Gerais
  • Felipe Gaia de Sousa Universidade Federal de Minas Gerais
  • Fabiana Queiroz Universidade Federal de Minas Gerais
  • Suzane Beier Universidade Federal de Minas Gerais
  • Júlio Cambraia Veado Universidade Federal de Minas Gerais
Palavras-chave: Achado incidental, Alteração congênita, Fusão renal

Resumo

INTRODUÇÃO: Alterações congênitas são condições presentes ao nascimento, associadas a modificações estruturais e/ou funcionais, capazes de promover quadros clínicos variados, indo desde ausência de sinais a perdas funcionais. Dentre as alterações congênitas renais, a fusão dos rins é uma condição que pode ocorrer, caracterizada pela união dos rins de diversas formas, sendo a forma em ferradura a mais observada (GRECO, 2001). O objetivo deste trabalho é relatar a detecção incidental da fusão dos rins em um paciente felino. MATERIAL E MÉTODOS: Felino de 11 anos, macho, 5 kg, sem raça definida, FIV/FelV negativo, foi encaminhado para avaliação clínica com histórico de presença de tártaro, emagrecimento e dificuldade para alimentar. RESULTADOS e DISCUSSÃO: Após exame físico, constatou-se que o animal apresentava desidratação de 8%, perda de peso, escore corporal 4, muscular 2, frequência cardíaca de 128 bpm, respiratória 32 mpm, temperatura 38,6ºC. Presença de inflamação grave na gengiva e mucosa oral, com hiperemia e úlceras em estágios variados. O animal foi reidratado e posteriormente coletado amostras de sangue para exame de hemograma e bioquímica sérica. Observou-se creatinina de 1,4 mg/dL e demais parâmetros laboratoriais sem alterações. Mediantes os resultados de foi solicitado a realização de ultrassonografia abdominal. Na descrição do laudo o rim esquerdo não foi encontrado. Em topografia de rim direito visibiliza-se uma estrutura renal apresentando duas pelves, duas regiões corticais e medulares, fundidos em região medial, dois ureteres. Essa estrutura mediu cerca de 5,78cm em eixo longitudinal, apresentando manutenção da relação e definição das regiões córtico-medulares, margens regulares, ecogenicidade de cortical discretamente aumentada e ecotextura preservada; ausência de hidronefrose e litíase (Figura 1).

Figura 1: Imagem ultrassonográfica da fusão renal pela sua região cortical na borda cranial. Exame realizado na DUE Diagnóstico por Imagem.

De acordo com a imagem na ultrassonografia foi dado o diagnóstico de fusão entre o rim direito com o esquerdo. Após a identificação do complexo de gengivite-estomatite felina foi feito manejo terapêutico e observou-se melhora com retorno a valores dentro da faixa de normalidade. Esse animal foi avaliado por 3 vezes a intervalo de 6 meses entre cada avaliação, não observando até então nenhum sinal de evolução do quadro. A fusão renal é uma condição que pode passar desapercebida, sendo muitas sem sinais clínicos (FULGÊNCIO et al., 2019). O rim em formato de ferradura é uma alteração pouco relatada em animais, embora possa ser subdiagnosticada (GRECO, 2001). Para Fulgêncio et al. (2019), alterações congênitas podem ser diagnosticadas de forma incidental. Observa-se neste relato, que o problema só foi diagnosticado, por acaso, quando o animal estava com 11 anos de idade. A mesma situação foi observada por Fulgêncio et al. (2019), mediante ultrassonografia após cirurgia eletiva de ovariohisterectomia. Desta forma, reforça o comentário de que muitos problemas que neste caso não tão grave podem existir sem que haja comprometimento a saúde (FULGÊNCIO et al., 2019). O exame de imagem foi fundamental para identificação do problema e o monitoramento, bem como pelos exames de laboratório, os quais são importantes para monitoramento da evolução do quadro, assim como descrito por Fulgêncio et al. (2019) e Seo et al. (2017). CONSIDERAÇÕES FINAIS: Diante do exposto, observa-se que alterações congênitas como a fusão renal podem ser achados incidentais e estarem presentes nos animais durante anos sem indícios de manifestações de alterações clínicas. As fusões podem ocorrer de forma variável, promovendo diferentes formatos na união dos rins. No presente relato, os rins estavam unidos pela sua região cortical na borda cranial, apresentação incomum dessa alteração congênita (rins em ferradura).

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Biografia do Autor

Juliana Masiero, Universidade Federal de Minas Gerais

Universidade Federal de Minas Gerais

Felipe Gaia de Sousa, Universidade Federal de Minas Gerais

Universidade Federal de Minas Gerais

Fabiana Queiroz, Universidade Federal de Minas Gerais

Universidade Federal de Minas Gerais

Suzane Beier, Universidade Federal de Minas Gerais

Universidade Federal de Minas Gerais

Júlio Cambraia Veado, Universidade Federal de Minas Gerais

Universidade Federal de Minas Gerais

Publicado
17-07-2023
Como Citar
Masiero, J., de Sousa, F. G., Queiroz, F., Beier, S., & Cambraia Veado, J. (2023). FUSÃO RENAL CONGÊNITA EM PACIENTE FELINO: RELATO DE CASO. Sinapse Múltipla, 12(1), 91-94. Recuperado de https://periodicos.pucminas.br/index.php/sinapsemultipla/article/view/30648